quarta-feira, 19 de março de 2014

Ostium apertum...

Os portões estiveram cerrados. O silêncio foi voto. Uma clausura necessária, embora não poucas vezes indesejada... momentos de maior indefinição, outros de nítida clarividência; meses a fio, a marinar uma decisão: encerrar definitivamente os portões ou reabri-los para um novo fôlego. Não foi necessário fumo branco, nem encíclica ou bula para estarmos aqui, hoje, a anunciar continuidade. Um continuum calmo e paulatino, tal como a regra assim exige.
Voltamos às lides; antigas rúbricas, algumas novidades, mas acima de tudo, dar voz às negras melodias que desde 2009 povoam este espaço.

De veris rerum... ostium apertum.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Contempty - Gaping Deception In Guiltless Eyes

De Minas Gerais, Brasil, chegam-nos os debutantes Contempty com o seu EP 'Gaping Deception In Guiltless Eyes'. Ao longo dos três temas que compõem este registo, verificamos que a banda explora os terrenos do death e doom metal, ora lembrando os Asphyx em 'The Harpist' ou uns Saturnus nas passagens mais lentas e atmosféricas.
Apesar de não serem portadores de uma sonoridade original, entregam-se com afinco ao longo destes 17 minutos onde podemos encontrar bons momentos a par de outros que ainda necessitam de maior evolução. Para trabalho de estreia, está bem acima da média, o que poderá ser um bom sinal. Assim o esperamos.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Entrevista: Pombagira e o novo álbum 'Maleficia Lamiah'





Oriundos de Londres, os Pombagira chegam a 2013 com um novo álbum que marcará, certamente, o caminho que têm vindo a calcorrear desde 2006. Apostados em marcar a diferença no seio dum estilo com algumas limitações como é o Stoner/Doom Metal e com uma nova abordagem à sua sonoridade, estivemos à conversa com Pete Giles, uma das forças criativas da banda.


TODM- O início de 2013 vê chegar um novo álbum. Qual o sentimento relativo a este trabalho e quais as expectativas da banda?
As nossas espectativas são altas relativamente à forma como o álbum tem sido aceite. Somos os primeiros a admitir que não vai ser fácil ouvi-lo devido a ser um álbum longo, com hipnotizantes movimentos psicadélicos, vibrantes que catapultam a mente para lugares que a maior parte da música moderna/actual é incapaz de o fazer.
Em suma e resumindo, a nossa aspiração com este álbum é ir para além dos limites celestes, com a introdução deste novo conceito, de expansão musical, onde outros ainda não conseguiram chegar.

TODM - Desde 2008, altura em que surgiu 'Crooked Path', os Pombagira não pararam, mantendo um bom ritmo de lançamento de discos. Onde se inspiram para manterem este ritmo criativo?
O propósito da nossa criatividade é continuarmos conectados com outros seres ligados pela mesma opinião/gosto musical, de uma forma física e ao nível metafísico também. ‘Maleficia Lamiah’ marca, definitivamente, o longo período entre lançamentos. Mas precisávamos de tempo, de meditar, para aperfeiçoar o caminho a percorrer futuramente, fazendo um esforço conjunto para não repetir o que já tínhamos feito anteriormente.

TODM - 'Maleficia Limiah' é um pouco diferente do que tem sido hábito na vossa música. Esta opção foi pensada, delineada ou encaram este como o passo natural que queriam dar?
Sim, é absolutamente intencional. Crescemos a ouvir isto e estamos cansados de ouvir sempre os mesmos riffs tocados por  milhentas bandas de Doom, ou bandas que tentam recuperar o passado, sem fazerem a menor ideia de como conseguir fazê-lo. Havia também uma infinidade de bandas de Drone que, confinadas ao seu minimalismo, recusaram-se a olhar para além do seu espaço. Temos de perceber o ‘Iconoclast Dream’ e libertarmo-nos, procurando recuperar momentos que marcaram uma época em que ouvíamos um álbum de Roy Harper ou dos Hawkind, fumando um charro, procurando bons momentos para depois apenas voltar para casa. Esses dias estão, naturalmente, muito longe, tal como a boa erva, mas deixou uma marca que eu pensei que tinha perdido.Maleficia Lamiah’ é o nosso regresso a esses dias de glória. Consequentemente, podemos dizer, que gostamos de pensar em nós, tendo como referência de visão moderna bandas como Amon Düül II e outras ligadas ao movimento Krautrock ou, então, Pink Floyd. Deste modo, podes perguntar-nos:  “Vocês estão a tentar copiar/imitar essas bandas?”É claro que não!”, seria a nossa resposta. Essas referências não são nada mais do que pontos de ancoragem para o público em geral, eu não acho que o nosso som seja igual ao de qualquer uma delas, porque para nós, pelo menos, não há outra banda como Pombagira. E, no entanto, continuam consecutivamente a atirar-nos com esses rótulos e... isso é o que as pessoas fazem, tentam encaixar-te num estilo e está feito . Bem, nós não nos revemos da forma como nos rotulam, estamos apenas a ser nós mesmos e a música é uma expressão disso mesmo, “estamo-nos nas tintas” para aqueles que tentam definir, de forma muito simples, a nossa sonoridade.

TODM - Olhando para os lançamentos anteriores, conclui-se que houve sempre uma intenção de não se repetirem. 'Crooked Path' foi um álbum-duplo, 'Baron Citadel' foi muito forte, com temas «orelhudos»; depois, 'Iconoclast Dream' teve somente um tema de 40 minutos. E, agora, 'Maleficia Lamiah'. Que têm a dizer sobre isto?
(risos) Sempre disseram exactamente isso sobre nós, que somos repetitivos, mas também que somos uns segundos Electric Wizard ou uns Sleep, mas não tão bons. Nunca vimos essa repetição no que fizemos. Tentamos sempre evocar uma viagem, trilhar um caminho para as pessoas percorrerem, um mundo onde todos estão convidados a perderem-se. Cinco anos após o primeiro álbum, finalmente, acho que as pessoas começam a entender, mas não tenho a certeza. Eu ainda desespero quando vejo bandas actuais, ditas “da moda”, dentro daquilo que nós também fazemos e é por isso queMaleficia Lamiah’ é tão diferente. As guitarras soam diferentes, mais barulhentas, espaçadas, reverberando com um tom que nunca tínhamos conseguido antes. Para nós, pelo menos, este é um passo absoluto acima de todos os esforços anteriores.

TODM - Quais as principais influências, digamos, para a construção deste álbum?
O princípio subjacente na construção das músicas foi baseado, todo ele, em volta do querer formar um ambiente de uma viagem ou um caminho a percorrer. Isto é baseado simplesmente na retrospecção porque até termos completado os temas todos, não temos ainda uma ideia clara de como as músicas se vão alinhar e interligar umas com as outras. Como nós costumamos dizer muitas vezes, acreditamos que as músicas têm a sua vida própria e o que nós fazemos é evocar esse espírito, fora do processo criativo. Penso que é um convite para habitar num turbilhão abrasador, na profundidade, no abismo das nossas composições. Estas são as nossas influências fazer sobressair ao máximo o melhor de cada composição sem nos restringirmos pelo tempo ou ao espaço.

TODM – Nota-se, igualmente, um espaço cada vez maior para a «experimentação», com novos e ambientes e texturas principalmente nos lançamentos mais recentes. É uma aposta para o futuro e uma forma de alargarem horizontes, fugindo ao rótulo Stoner/Doom a que estavam a ficar confinados?
Eu realmente espero que a música experimental tenha cada vez mais o seu espaço. O principal problema, o calcanhar de Aquiles de géneros musicais como o Doom ou o Stoner é que são incrivelmente limitados. Qualquer indicação de diversidade foi perdida quando as bandas resolveram seguir esta ou aquela direcção, a afinação mais grave foi absorvida pelo Stoner ou a tentativa de chegar ao som dos Black Sabbath ou outras bandas importantes do género, de há muito tempo atrás.
Não estou muito convencido que haja por aí alguma experimentação, daquela onde a banda realmente tenta puxar o barco para fora do seu porto de abrigo. Infelizmente para nós é tudo tão obsoleto, repetido, sem imaginação, com regurgitações lineares que, portanto, não têm verdadeira expressão.
Para onde foi a surpresa ou a notabilidade da música? Com algumas excepções, o processo criativo e expressivo parece ter-se afogado. Quando foi a última vez que ouviste algo em que disseste, “Nunca ouvi nada como isto antes?” Para mim isso já foi há muito tempo e tenho a certeza que para ti também!


TODM - Planos para o futuro? Promoção do álbum? Concertos, digressões?
Os nossos planos são fazer uma tour novamente pela Europa lá para o outono, por isso esperamos visitar muitos países europeus no final de setembro e outubro de 2013. Para já não temos nada marcado nem planeado aqui no Reino Unido ou em outro lugar. Levamos connosco um grande backline que produz entre 110 - 125 decibéis e consequentemente temos dificuldade em encontrar espaços adequados para tocarmos ao vivo. Em todo o cas estamos sempre abertos a propostas…




English:


TODM- The beginning of 2013 starts with a new album. What is the feeling looking to this album and what are your expectations?
Our expectations are high on how this album is received. We are the first to admit that it isn’t going to be the easiest to listen to it because the length and mesmerising swinging psychedelic vibe catapults the mind to places that most modern music is incapable of doing. In short, our aspiration for this album is to reach to the very limit of the sky and beyond, by introducing a new form of mind expanding music that others can really dig.

TODM - Since 2008, when 'Crooked Path' was released, Pombagira never stopped, keeping a good rhythm of releases. Your inspirations come from where to keep this creativity so high?
The purpose of our creativity is to continue to connect with other like-minded spirits out there, whether physical or metaphysical. ‘Maleficia Lamiah’ has definitely marked the longest period between releases.  But then we needed time, we needed to meditate on its formation, perfecting the crooked route while making a concerted effort to not repeat what we had already released.

TODM - 'Maleficia Limiah' is a little different from what you have done in musical terms. This option was thought, outlined or you face this album as the natural step that you wanted to give?
Yes, it was absolutely intentional. We had grown so tired of hearing the same riffs played by a million so called doom bands, or bands trying to recapture the past without having any idea on how to achieve that, then of course there were the plethora of drone bands who by the very constraint of minimalism refused to look beyond their confined space. We needed to realise the 'Iconoclast Dream' and break free and head for the hills to sit in meadows and regain contact with those moments we once held so dear. Moments that defined a time when we were listening to an album, smoking a joint, looking for good “red leb” (hash), only to return home, having scored, to listen to Roy Harper or Hawkwind. Those days are of course long gone as is the good hash but it left an imprint that I thought we had lost. ‘Maleficia Lamiah’ is our return to those heady days.  Consequently we may say, for reference purposes that we like to think of ourselves as having a modern take on bands like Amon Duul II and the Krautrock movement, or Pink Floyd. So you can ask are we trying to copy these bands? Of course we aren’t, would be our response! These references are nothing more than anchor points for the general public, I don’t think we really sound like any of those bands because for us at least there is no other band like Pombagira. And yet that doesn’t stop people continuing to throw us in with those genres mentioned above, and hey… that’s what people do, they try and fit you into an already defined box. Well we don’t fit whatever anyone says, we’re just being ourselves and the music is an expression of that as well as  being a massive fuck off to those who would try and define what we do in simple terms.

TODM - Looking at the previous releases, we can conclude that there was always an intention to avoid repetition. 'Crooked Path' was a double-album, 'Baron Citadel' was very strong, with some catchy tunes and then 'Iconoclast Dream' was mammoth-song of 40 minutes. And now, 'Maleficia Lamiah'. What do you have to say about this?
Ahhh you see you say we were trying to avoid repetition but our critics have always said exactly that about us, whether it was that we are a second rate Electric Wizard or a Sleep “want to be” band but never being as good. For us we never saw the repetition that others saw in what we did. We have always tried to evoke a journey, a trail for people to walk, a world into which all are invited to lose themselves. Maybe five years down the line finally people are starting to get it, but I’m not sure. I still despair when I see what the current “in” bands are within the scenes we mingle with and that’s why ‘Maleficia Lamiah’ is so different. The guitars sound different, noisier, spaced out, reverberating with a tone we have never captured before. For us at least this is an absolute step up from all previous efforts. 

TODM - What are the main influences for the construction of this album?
The principle construction of the songs has been based around wanting to form an environment wherein a journey or trail can take place. But even this is based on retrospect because we never have a clear idea on how the songs are going to come together until we have completed them. As we often said before we believe the songs have a life of their own, and what we do is try to evoke that spirit out of the creative process. I suppose it is an invitation to indwell amongst the swirling and searing heights and depths of our compositions.  So in the end those are our influences to bring out the most in every composition without being confined by time or space.

TODM – There is, also, a growing space for 'experimentation' with new atmospheres and textures, especially in newer releases. It is a bet for the future and a way to broaden horizons, keep an open mind, fleeing the label Stoner / Doom that you were to be confined?
I really hope the signs of experimentation are really taking place. The main problem, the Achilles heel, to Doom or Stoner music is that it is so incredibly limited. Any indication of diversity has really been lost as bands head in one of two directions, the down tuned deep south rock as encapsulated by Stoner or wanting to sound like Black Sabbath or a host of other key players from a time long gone. So I am not really convinced there is any experimentation out there, not where the band really try and push the boat out from its safe moorings. Unfortunately for us it is all so stale, rehashed, unimaginative linear regurgitations which therefore lack true expression. Where has the surprise gone or the remarkability of music? With few exceptions the creative expressive process seems dead in the water. When was the last time you heard something where you said I have never heard anything like this before?  For me it’s been a long time as I am sure it has for you!


TODM - Plans for the near future? Promotion of the album? Concerts, tours?
We have plans to come and tour Europe again in the autumn, so expect Pombagira to be hitting a lot of European countries at the end of Sept early Oct 2013. Currently we have no concerts planned here in the UK or elsewhere. But we do come with a large backline that produces 110 to 125 decibels and consequently we find it difficult to locate suitable venues for us. Saying that we are always open to offers…
 

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ab Reo Dicere: Aut Mori + My Indifference To Silence + Astral Sleep

Aut Mori - Pervaja Sleza Oseni

Em 2009, os Auto-de-Fé viram uma boa parte dos seus elementos em debandada e a darem origem a projectos como estes Aut Mori ou reforçando os Sea of Despair. Se estes têm já uma série de lançamentos, aqueles apresentam-se às hordes com este álbum moldado em oito segmentos onde reinam o doom e o gótico, naquela (e)terna dualidade bela vs monstro, onde as guitarras soam chorosas e as teclas marcam os temas com as suas texturas e ambientes. Pois bem, está visto que o ouvinte não irá encontrar, aqui, grandes, ou mesmo nenhumas, novidades. Este, foi um filão largamente explorado desde há alguns anos e já teve o seu devido hype, já consagrou algumas bandas (e, também, algumas carinhas larocas), tem os seus álbuns de referência e, no entretanto porque isto é mesmo assim, começou a entrar na sua curva descendente. Portanto, estes russos entram neste barco já na fase em que o velame está já muito poído pela acção dos ventos, a mastreação range demasiado e o casco já conheceu melhores dias. Isto não quer dizer que estamos perante um mau trabalho; muito pelo contrário. Temas coesos, com uma matriz definidora do princípio ao fim quanto à abordagem musical pretendida, sem grandes divagações e perdas de tempo desnecessárias, criando um todo bastante homogéneo, ao qual Jerry Torstensson, dono do banquinho da bateria dos Draconian e Olof Göthlin que também participou no último álbum da banda sueca, não serão alheios. No entanto, a segunda metade deste opus torna-se um pouco monótona - onde a excepção é mesmo 'Jelegija Bezmjatezhnosti', uma das melhores malhas de todo o álbum a par de 'Nebo' -, perdendo um bocado a capacidade de captar a nossa total atenção.
'Pervaja Sleza Oseni', ou melhor 'First Tear of Autumn', não irá trazer nada de novo ao movimento gothic/doom, mas mostra-se um registo sólido ao qual faltam dois ou três momentos que nos deixem de queixo caído e permitam ao colectivo ganhar o seu espaço e reconhecimento. Os ventos poderão mudar, mas isso também passa pelos Aut Mori. (11.8/20)

Tracklist:
01. Pervaja Sleza Oseni
02. Moja Pesnja – Tishina
03. Nebo
04. Prowaj
05. Moj Vechnyj Dozhd’
06. Zhdi
07. Jelegija Bezmjatezhnosti
08. Na Scene Osen’



Link: https://www.facebook.com/autmoriband
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My Indifference To Silence - Horizon Of My Heaven

O que é que têm em comum On The Edge Of The NetherRealm e os My Indifference To Silence? Vladimir Andreev. Ou melhor, são duas abordagens musicais de Vladimir Andreev. Simplificando: On The Edge Of The NetherRealm é agora My Indifference Oo Silence. Mas tudo continua como antes, uma one man band.
E sim, há substanciais diferenças entre os dois. Se num havia lugar para a melancolia com os seus pianos que depois desembocavam em paredes de som fortes e vozes limpas cohabitavam com esparsos guturais, no outro entramos em terrenos mais agrestes, mais frios e obscuros. Larga-se a toada de pendor atmosférico e abraça-se o doom/death de tendências um pouco mais funéreas, à boa moda do que temos vindo a acompanhar nos sons que nos chegam da Rússia e países fronteiriços.
'Horizon of My Heaven' despe-se daquela aura mais emocional que se encontra em 'Different Realms' e resulta num álbum mais directo e mais unidimensional, ou seja, é sempre breu do princípio ao fim - embora ali pelo meio em 'Around You' e 'Your Easy Death' a coisa se torne um pouco mais ligeira, em abono da verdade.
'Decline of Your Consciousness' abre-nos as portas para a escuridão e aquele intermezzo acústico, chamemos-lhe assim, deixa-nos respirar após o forte embate antes de nos atirarmos de cabeça para o que falta desta malha inicial e prepara-nos para os 50 minutos restantes. Aqui, não há espaço para vozes doces, à excepção de breves trechos ao estilo spoken word, e a maior pecha vai mesmo para a falta dos temas respirarem e crescerem um pouco mais, podendo conferir uma maior dimensão a estes temas, uma boa amostra de como se pode criar bom doom/death sem estar sempre a olhar para a cartilha do costume.
Sem ser sublime e longe da perfeição, 'Horizon of My Heaven' cumpre, inapelavelmente, apresentando um leque de temas que não soam iguais entre si, com variações melódicas interessantes, mantendo a fasquia sempre num nível alto, tornando este álbum num momento bem agradável. (15/20)

Tracklist:
01. Decline Of Your Consciousness
02. For You
03. Scream Of Despair
04. Around You
05. Your Easy Death
06. Horizon Of My Heaven
07. Falling Stars
08. I Lost Myself
09. We’re All On The Other Side




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Astral Sleep - Visions

A parada está alta? Após dois EPs e um álbum que pouco mais roçaram do que a mediania, os finlandeses Astral Sleep regressaram em 2012 com um trabalho que, certamente, irá agradar a muita boa gente.
'The Towers' abre o disco e contém uma daquelas malhas que nos deixa esmagado. A voz sensaborona do passado dá lugar a um rugido simpático e, de repente, damos por nós a pensar que a dieta deste quarteto passou pelos melhores trabalhos dos Evoken e Mournful Congregation. Apesar de tudo, nota-se que o nível de intensidade vai baixando à medida que caminhamos para 'Channel Sleep'; outros tipos de voz são utilizados, nem sempre resultando com a mesma eficácia, mas o impacto dos primeiros minutos é por demais positivo.
'Channel Sleep' podia muito bem fazer parte de 'Unknowing', mas seria uma ilha. Aqui, apesar das diferenças para os restantes temas, encaixa e evidencia que a banda alargou horizontes e evoluiu nos terrenos mais melódicos em que se sente mais confortável. Parece um tema de «altos e baixos», mas está aí espelhada muita da criatividade do quarteto. O único senão vai para o piano inicial, desconcertante.
'Visions' vem na linha musical do tema anterior, mas revela-se o passo menos entusiasmante do álbum, ainda que contenha apontamentos interessantes, mas esparsos.
A fechar, '…They All Await Me When I Break The Shackles Of Flesh', tenta fazer a súmula, mas parece perder-se um pouco e, mais uma vez, a utilização de vários registos vocais não abona em favor do tema.
Com este segundo álbum, os Astral Sleep dão um salto qualitativo substancial relativamente a tudo o que fizeram no passado. A paleta de influências ainda está bem presente e a tentativa de encaixar muitas ideias num só tema também não resulta sempre bem, faltando ali um crivo que seleccione as ideias que se coadunem a um determinado tema, acabando por criar alguns momentos algo enfadonhos. Contudo, o saldo é bem positivo ao qual não podemos negligenciar uma produção mais efectiva. Bons indícios para trabalhos futuros. (14/20)

Tracklist:
01. The Towers
02. Channel Sleep
03. Visions
04. …They All Await Me When I Break The Shackles Of Flesh




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