quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Katabatic - Heavy Water


Quem dá de caras - ou de ouvidos - com o primeiro álbum dos portugueses Katabatic, nem se apercebe que a banda votou-se ao silêncio nestes últimos anos, após o lançamento do EP 'Vago', dada a entrada em media-res com 'Wonder-Room', um tema pujante, com uma grande cadência rítmica e apostado em segurar o ouvinte durante os 45 minutos seguintes, administrando-lhe uma bela dose de post-rock, bem na veia de uns Explosions In The Sky que se encontram no mesmo estúdio com os Mono e os Isis e decidem fazer umas jams.
Pois bem, o quarteto lisboeta explora todas estas vertentes e mescla-as de forma bem interessante e dá-lhe um cunho pessoal, que pode bem vir a ser o ponto diferenciador no futuro entre os seus trabalhos e os de variadíssimas bandas medianas que pululam por esse mundo fora.
O nível do álbum mantém-se bastante constante, interessante, sem temas que ganhem muito destaque e sem fillers, dando a impressão de existir uma inter-ligação, um fio condutor comum a todos os temas, o que acaba por ser uma característica dos registos deste tipo.
'Heavy Water' aposta um pouco mais em temas fortes, com guitarras mais 'à frente', apoiadas numa secção rítmica segura e que responde à exigência destas composições. Estes momentos são contrabalançados por passagens mais calmas, onde pontificam as guitarras limpas, capazes de nos transportar em pequenas viagens através das suas notas delicadas, de crescendos, de alguns efeitos que aqui e ali polvilham esta trama; e nela nos deixamos enredar até que 'Abandónica' chega ao fim e nos pousa no chão ao mesmo tempo que nos convida para a «urgência» de 'Wonder-Room'.
Válido, muito válido e para degustar durante longo tempo. (14.8/20)

Tracklist:

01. Wonder-Room
02. Light Hexagons
03. Morsa
04. Anova
05. Heavy Water
06. Girlaxia
07. Abandónica




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Evoken - Atra Mors

Longa se tornava a espera. Longa, no sentido temporal. Longa, na expectativa do passo seguinte a 'A Caress Of The Void'. Longa, pela ausência de um dos pilares do movimento funeral doom.
A espera chegou ao fim. Resultado: oito temas. Oito temas? Não. Oito momentos nos deixam de queixo caído logo à primeira audição, mostrando uns Evoken de volta à excelente forma - a enorme qualidade dos seus álbuns nunca se discutiu, embora 'A Caress Of The Void' não tenha conseguido na plenitude o fulgor de 'Quietus' ou 'Antithesis Of Light' -, levando-nos, desde já, a admitir que este quinto longa-duração entrará directamente para o grupo de clássicos da banda e de todo o movimento musical no qual se inserem. Para que as dúvidas se dissipem - ou certezas se confirmem -, escutem 'Grim Eloquence' e, a fechar, 'Into Aphotic Devastation' e poderão verificar que a coesão, qualidade de composição e sentido de melodia continuam imaculadas, sem perder uma ponta da agrura e aspereza presente em registos anteriores, sem comprometer um milímetro que seja a identidade do quinteto de Nova Jérsia. E não ficam por terrenos conhecidos; nunca foi esse o seu apanágio. Aqui, regista-se mais um passo em frente, com as teclas a ganharem mais força, contribuindo em grande parte para aquele ambiente melancólico e, ao mesmo tempo, extremamente depressivo e pútrido que a banda tão bem consegue concretizar. Os temas continuam a encaixar muito bem com a voz de John Paradizo, nos seus diferentes registos, que mais uma vez faz-se acompanhar por um punhado de textos bem negros, onde a vida rasteja no mais vil caminho lamacento.
Em suma, quem já sabe 'do que a casa gasta', ficará muito feliz com Atra Mors e para quem este é o primeiro contacto com os Evoken acreditamos que andará azoado das ideias bastante tempo. Por aqui, um dos lugares do pódio já deve estar atribuído.
Ah!..., e a Profound Lore não poderia ter melhor álbum para comemorar o seu 100º lançamento. (18.4/20)


Tracklist:

01. Atra Mors
02. Descent Into Chaotic Dream
03. A Tenebrous Vision
04. Grim Eloquence
05. An Extrinsic Divide
06. Requies Aeterna
07. The Unechoing Dread
08. Into Aphotic Devastation






Link: http://www.facebook.com/pages/Evoken-Official/91505789372?ref=ts

Fatum Elisum - Homo Nihilis (2011)


Dois anos após a promissora demo que mostrou os Fatum Elisum ao mundo, eis que a banda de Rouen lança o seu primeiro disco, através da britânica Aesthetic Death.
Ao longo destes 5 temas, ou melhor um intro e quatro longos temas, o que ressalta à primeira vista é a inclusão de algumas mudanças do ponto de vista musical, fugindo da toada funérea, extremamente densa e claustrofóbica, com Ende a deixar a sua marca, num registo a roçar o desespero. Neste trabalho, as vocalizações são um pouco mais diversas, mas sobressaem os registos limpos, quase declamatórios, removendo para segundo plano essa agonizante libertação de palavras e urros selváticos, esparsamente presentes em ‘The Twilight Prophet’, por exemplo.
Em ‘Homo Nihilis’, apesar do ambiente não se encontrar menos desanuviado, a abordagem dos temas vira-se para uma toada mais doom/death, bastante cadenciada, marcada por linhas de guitarra simples e um ritmo forte de bateria, servindo de base para as longas declamações de Ende, entre o inglês e o francês, com esporádicas passagens pelo latim e grego, que nas vocalizações limpas conta com os préstimos de Asgeirr, que também acumula funções no baixo. No meio destas alterações, no nevoeiro dos temas, afloram reminiscências de Paradise Lost e My Dying Bride, principalmente ao nível da voz, e dos Reverend Bizarre na vertente sonora, sem esquecer os Evoken ou os Mourning Beloveth (nos seus trabalhos mais recentes).
Com excepção de 'Pulvis Et Umbra Sumus', uma curta introdução de um minuto, muito similar à presente na demo de estreia 'Fatum Elisum', todos os temas andam acima dos quinze minutos de duração, mas a simplicidade empregue nas composições mantêm estes exercícios interessantes do princípio ao fim, muito por culpa de um trabalho mais apurado entre guitarras acústicas e eléctricas, atingindo em alguns momentos algo de épico.
A produção é simples mas eficaz, dando coesão a um disco que, perante um trabalho menor, seria de muito mais difícil audição e qualquer receio inicial sobre o representante desaparece dentro de alguns minutos da primeira pista. 'Homo Nihilis' é um trabalho competente e consegue ter momentos pungentes, mas ainda falta algo que demonstre que o investimento total aqui mereceu inteiramente o seu resultado. (14.2/20)


English:


Two years after their promising demo that showed Fatum Elisum to the world, behold the band of Rouen releases his first album by Aesthetic Death, a British label.
Throughout these five tracks, or rather an intro and four themes, which highlights at first glance is the inclusion of some changes in terms of musical, fleeing the funereal tune, extremely dense and claustrophobic, with Ende to make his mark in a register to skim despair. In this work, the vocals are a bit more diverse, but excel records clean, almost declamatory, doing almost forget this agonizing release of words and savage yells, sparsely present in 'The Twilight Prophet', for example.
In Homo Nihilis', although the ambient is not less unclouded, dealing with the topic turns to a tune more doom/death, very rhythmic, marked by simple guitar lines and a strong rhythm of drums, providing the basis for the long declamations of Ende, between English and French and occasional passages in Latin and Greek, which features clean vocals on the services of Asgeirr, which also accumulates the bass functions. In the centre of these changes, in the fog of topics, flourish reminiscent of Paradise Lost and My Dying Bride, mainly in terms of voice, and the sound looks like Reverend Bizarre in part, without forgetting Evoken or Mourning Beloveth (in their more recent work).
With the exception of 'Pulvis Umbra Et Sumus', a short introduction of a minute, very similar to the demo debut 'Fatum Elisum', all songs walking up the fifteen minutes long, but the simplicity employed in the compositions hold these exercises interesting from beginning to end, by the fault of a much finer work between acoustic and electric guitars, at times reaching something epic.
The production is simple but effective, giving cohesion to a disc, before a work of lesser quality would be much harder to be heard and any initial fear about the representative disappears within a few minutes of the first track. Homo Nihilis' is a competent job and manages to have emotional moments, but still lack something that shows that total investment here fully deserved their result. (14.2/20)


Tracklist:

01. Pulvis Et Umbra
02. The Pursuit Of Sadness
03. The Twilight Prophet
04. Homo Nihilis
05. East Of Eden



Temple Of Doom Metal - III Anos de Degredoom




Volvido mais um ano, cá estamos para assinalar esta nefasta data. Ao longo destes três anos muita coisa aconteceu, boa e menos positiva, crescemos, às vezes um pouco mais do que estávamos à espera, decidimos refrear um pouco esse mesmo crescimento e medir a ambição. Mas sempre nos esforçamos por tentar manter as coisas frescas, ou pouco podres - conforme os gostos - e, acima de tudo, tentar dar um pouco mais de visibilidade a este género musical com especial enfoque nos projectos nacionais emergentes e afirmados no panorama metálico.
Perídos houve de letargia, torpor, indefinição e quase ausência, mas houve sempre algo que nos impeliu para continuar este longo rosário, dando sentido ao templo.
Por isso mesmo, aqui estamos hoje, com renovados votos e esperanças, mas acima de tudo para expressar que as portas do Temple Of Doom Metal continuarão a estar abertas, porque este lento doom ainda tem muito para vos oferecer.
E por que os últimos são sempre os primeiros, não poderíamos deixar este dia passar sem endereçarmos uma palavra a quem nos apoia, ajuda, lê, critica e ignora: muito obrigado por estarem aí! Este projecto ainda tem pernas para andar e crescer.
A todos os que têm participado, através das variadíssimas formas na construção deste espaço e ao grupo que tem sido a alma do templo ao longo destes três anos de actividade, o nosso sincero muito obrigado.

Temple Of Doom Metal
Arrasta-te, lúgubre; a desilusão invade-te...