terça-feira, 29 de setembro de 2009

Armaga - In The Ruins (2009)

Noite, passos, uma porta a ranger, o relógio que toca... esta intro, "Time Has Come", fez-me temer o pior. Estava dado o mote para um álbum de gothic/doom, com todos os clichés presentes.
Ora bem, estes Armaga chegam-nos de Moscovo e em pouco mais de meia-hora despacham os 10 temas que compõem o seu trabalho de estreia. A toada geral é bastante compassada e chegam a ser criados alguns bons ambientes, mas nota-se uma falta de homogeneidade na composição/apresentação dos temas.
A coisa só anima um pouco ao 4º tema, "The Left Manor", coincidência ou não, um pouco mais lento mas onde a banda parece obter melhores resultados, tal como em "Human Plant" e "Black River".
Este parece ser um álbum em torno de um conceito: pequenos episódios/histórias numa casa abandonada, visitada por alguém e os antigos inquilinos ainda lá se encontram... tal qual como numa série de filmes que já todos vimos no cinema ou na televisão e que sabemos de cor o final. Por infelicidade, o conceito também é cliché.
Mesmo sendo uma estreia, pedia-se um pouco mais principalmente ao nível da composição, onde os temas parecem sempre saber a pouco. (10/20)


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

The Gates Of Slumber - Hymns Of Blood And Thunder (2009)

Traditional Doom Metal de muito boa qualidade. Esta review poderia bem ficar por aqui, porque o essencial já estava escrito; mas acrescentarei mais algumas ideias sobre este quarto longa-duração destes norte-americanos. E começo logo pelo princípio: "Chaos Calling" é uma grande malha, que dá o mote para os 50 minutos seguintes, e que deverá colocar muito boa gente a fazer headbanging ao fim de poucos segundos. Neste e em mais alguns temas, explora-se ou expõe-se a costela mais heavy-metal deste projecto, resultando na perfeição (por vezes, sentimos um pouco de Iron Maiden e Judas Priest no ar até) que, em junção à toada mais doomesca de temas como "Beneath The Eyes Of Mars" ou "The Doom Of Aceldama", conseguem manter-nos presos até ao final e depois levar-nos a carregar novamente no play.
Apesar do lançamento anterior, "Conqueror", do ano passado, ter revelado uns The Gates Of Slumber em boa forma, é com este trabalho que, com toda a certeza, farão o assalto à primeira divisão do doom ou não fosse este álbum o melhor da sua carreira, na minha opinião.
Num género em que se torna um pouco complicado trazer constantemente inovação como este, com "Hymns Of Blood..." a frescura dos temas mantém-se elevada através da estratégia acima indicada e que só poderá trazer frutos ao trio de Indiana. Num ano que tem vindo a ser recheado de muitos e bons lançamentos, este trabalho candidata-se a um lugar de topo. (16/20)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fucho - Fucho EP (2009)

A cena japonesa tem exportado, ao longo dos últimos anos, algumas boas referências tais como os Mono, Church Of Misery ou Boris. E a julgar pela estreia deste Fucho, com o seu EP homónimo, poderemos estar perante mais um emigrante da terra do sol nascente. Não é que os três temas incluídos neste trabalho sejam  uma next big thing, mas o despretensionismo com que este trio de Osaka ataca umas valentes malhas onde impera o sludge e lhe acrescentam uma boa dose de psicadélia e algum groove, faz com que se passe uma boa meia hora na companhia destes nipónicos.
No fundo, acaba por ser uma bom cartão de apresentação e que dá para perceber quais os espectros em que os Fucho se movimentam.
Esperamos por mais. (14/20)

Paradise Lost - Faith Divides Us, Death Unites Us (2009)

Ao entrarem na terceira década de carreira, os Paradise Lost continuam a ser donos e senhores dos seus destinos. Depois de um conjunto de álbuns magistrais lançados durante a primeira metade da década de 90, efectuaram uma série de incursões em áreas mais electrónicas e ambientais. A partir de 2005, com o seu trabalho homónimo, vêmo-los a trilhar caminho rumo ao passado. Lentas, progressivas, mas seguras estas alterações na sonoridade da banda de Yorkshire.
No entanto, nesta novidade pouco resta da sonoridade doom/death que os individualizou. 
É certo que estamos perante um conjunto de temas mais pesado e mais homogéneo e convincente que o apresentado em "In Requiem"; as melodias tão características de Greg Mackintosh estão bem mais vincadas (basta ouvir "Universal Dream", que nos remeterá para uma "Embers Fire", por exemplo), a novidade A. Erlandsson não deixa os seus créditos por mãos alheias, colocando toda a sua experiência à disposição dos ingleses, em bora o pé raramente possa carregar no acelerador/pedal (excepção registada em "Frailty"); a voz de Nick Holmes encontra-se entre um "Icon" e um "Draconian Times". Mas, apesar deste aspectos majorativos que se podem apreciar neste trabalho, sente-se que falta ali algo que torne alguns temas memoráveis (As Horizons End, talvez escape), que entrem automaticamente para o seu setlist e coloquem as multidões a entoá-los nos concertos e a figurar na lista de clássicos que a banda detém.
Não havendo dúvidas, da nossa parte, que "Faith Divides Us..." é o melhor registo dos Paradise Lost desta década, resta-nos saudar esse mesmo caminho que têm vindo a desbravar e que parece estar novamente a congregar os fãs de uma das bandas mais influentes das últimas décadas do universo metálico. (14/20)



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Temple Of Doom Metal e-mail

A partir de hoje, o blog passa também a ter mais um contacto. Quem quiser enviar algum tipo de mensagem, de sugestão, de indicação, de comentário que não queira deixar no blog pode enviá-la para: templeofdoometal@gmail.com

Todas as mensagens serão respondidas (e não com mensagens automáticas).

Este contacto serve, igualmente, para as bandas que queiram enviar os seus sons ou outro tipo de divulgação.

Temple Of Doom Metal

domingo, 20 de setembro de 2009

Tales Of Dark... - Perdition Calls (2009)

Os sérvios Tales Of Dark... lançaram durante este Verão este seu segundo opus, de seu nome "Perdition Calls", mas quando os primeiros sons começaram a brotar das colunas colocou-se a interrogação se não haveria engano e estaríamos perante um álbum dos My Dying Bride. Mas não. No entanto, este septeto deve ter consumido em doses industriais os trabalhos da banda de Aaron Stainthorpe, visto que o seu som se aproxima demasiado ao dos ingleses e, inclusive, os tons mais melódicos da voz de Arpad Takac por vezes levam-nos a pensar que pediu emprestada a Aaron.
Apesar de serem bem evidentes as influências, os Tales Of Dark... não são uma reles cópia dos senhores de Halifax, bem pelo contrário. Ao longo dos 9 temas que compõem este trabalho, temos presentes todos os ingredientes que podem fazer um bom álbum de doom/gothic metal: andamentos lentos, guitarras fortes e lancinantes, um bom "duelo" entre a voz e feminina e a masculina - com esta a incluir uns bons guturais - teclados que não estão ali para encher, mas sim para dar ambiência aos temas no meio de tanta dor e desespero. Apesar destes elementos serem aplicados em doses equilibradas, por vezes tornam-se um pouco monótonos, devido às poucas variações rítmicas, essencialmente; as excepções conferem-se em "Wretched Fate For All", tema de abertura e em "The Crown Of Venomous Silence" onde alguma rapidez é imposta. (13/20)


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Culted - Below The Thunders Of The Upper Deep (2009)

Ao juntarmos Daniel Jansson e 3 dos elementos dos Of Human Bondage (Michael Klassen, Matthew Friesen e Kevin Stevenson), estaríamos à espera de algo dentro do espectro black metal, assim à primeira vista. No entanto, o universo metálico tem sido profícuo em trazer-nos surpresas (e neste caso, boas). Este quarteto, que se divide pela Suécia e Canadá, respectivamente, apresenta-nos como cartão de visita um trabalho de blackened doom, obscuro q.b., por vezes minimal, que nos transporta para um qualquer sítio que nos causa um enorme sentimento de claustrofobia; desconforto do primeiro ao último minuto deste "Below The Thunders Of The Upper Deep", onde a voz de Daniel transporta aquele sentimento negro em cada palavra que exorta, parecendo sair de uma estrutura subterrânea, envolta em fumo, convidando a uma investida por domínios do desconhecido/sub-mundo/Inferno (riscar o que não interessar), aliada a uma composição, também ela carregada de negros tons.
Não se destacando nenhum tema em particular, este "Below..." resulta no seu todo, apresentando coesão entre os temas que viajaram entre o Canadá e a Suécia via e-mail, sem a realização de um ensaio sequer em que estivessem presentes os quatro elementos.
Se as maravilhas das novas tecnologias já permitiam uma série de inovações no que concerne ao domínio da música, este terá sido, certamente, mais um momento de inovação. E que se quer repetido, no futuro. (15/20)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Laudanum - The Coronation (2009)

Os Pyramids, lançaram no ano transacto o seu álbum homónimo que, por algumas opiniões expostas, para uns passou completamente ao lado enquanto que para outros esse trabalho roçou laivos de genialidade, ao combinar texturas de experimentalismo e ambient, criando autênticas paisagens soturnas, onde a viagem adquire sempre um tom acinzentado.
Para o caso destes Laudanum, a situação poderá revelar-se com algumas semelhanças. E porquê? Com as contínuas audições começa a tornar-se difícil perceber se este é um registo doom com incursões noise/ambient/experimental ou se o contrário. Dos 7 temas que compõem "The Coronation", cerca de metade do que se ouve ao longo destes quase 50 minutos recai sobre exercícios de experimentalismo/ambient (como são os casos de "Procession", "In Obscura", "Autumn Ghosts" e parte do tema final "Apotheosis"), que desembocam em descargas monolíticas, abrasivas, tal qual um rio de lava que engole tudo por onde por passa. A reforçar esta imagem, temos as vozes áridas, que dão um toque «sujo» aos temas, mas que acentuam a dicotomia presente neste trabalho.
Certamente, não será de fácil audição e interiorização este "The Coronation" e a referência aos Pyramids (como poderia ser aos Lustmord, por exemplo) surge exactamente neste contexto; estar perante um corpo estranho, incómodo até, mas que nos vai revelando uma aura de beleza e originalidade a pouco e pouco. (16/20)


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Forest Stream - The Crown Of Winter (2009)

Quem olhar despretensiosamente para a discografia destes russos, verificará que este é o seu segundo álbum, seis anos depois de "Tears Of Mortal Solitude". No entanto, o lançamento de 2003 não é mais do que a regravação de oito temas das suas duas maquetas: "Snowfall" de 1999 e "Last Season Purity" de 2001; apenas um tema se reveste de novidade, "Winter Solstice".
A sua base assenta num doom/death com alguns trejeitos gothic mas que, com esta novidade, alarga os seus domínios ao black metal (bem patente em "Bless You To Die", onde somos presenteados com blastbeats e em "The Seventh Symphony Of Satan" é possível registar a voz mais rasgada típica desta sonoridade) e ao prog, com composições estruturalmente complexas ao longo dos seus longos temas que rondam os nove minutos de duração, em média.
Mas, no final das contas, após escutarmos este álbum (debut?), o que ressalta à vista são mesmo as variações a um estilo que não tem muito por onde esticar, ou seja, a presença das vertentes já mencionadas, evitando que este "The Crown Of Winter" não se torne demasiado monótono e sensaborão. Arriscamos, mesmo, dizer que o melhor momento acaba por ser "Bless You To Die", dada a frescura que a nova abordagem transporta para um Inverno que antes de gelado se arriscava a tornar emsimesmado.
Ah, e não demorem mais seis anos, porque já bateram o recorde dos Tool... (14/20)




sábado, 5 de setembro de 2009

Lord Of The Grave - Raunacht (2009)

"Raunacht", é o debut deste trio suíço formado em 2006. E o que este trio nos oferece nesta estreia são 5 monólitos de doom metal que, a espaços, revelam as suas vertentes mais stoner e psicadélica (esta última mais evidente nos solos que vão surgindo), remetendo para uns Sleep imediatamente.
No entanto, o principal destaque vai para o tema-título, que surge a fechar o álbum, um longo opus instrumental que ultrapassa os 17 minutos, onde a banda parece soltar-se de algo que a prendeu anteriormente, não se intimidando em cruzar os estilos acima mencionados, deixando, desta feita, água na boca para futuras edições.
Para os fãs de doom, estes 50 minutos não serão dados como mal empregues, mas aos Lord Of The Grave ainda parece faltar aquela centelha que os projectará para um patamar mais elevado. No entanto, continua a ser uma estreia auspiciosa. (13/20)