Hanged Ghost - Remebrance Pt. II (2011)
Envoltos numa espessa neblina, eis que surgem dois seres entoando hinos de dor. A base é o doom/death metal, muito simples, sem grandes arranjos ou estruturas musicais muito complexas, obscuro, frio e deveras depressivo. Aqui, ao longo dos 11 minutos de 'Cursed, this Spirit Diseased', dá-se primazia a um som cru, uma produção sem qualquer requinte, reforçando esse lado bem negro da música e ao mesmo tempo das duas almas penadas que se exorcizam ao longo desta segunda demo do projecto. Soa a algo de primitivo, onde a voz é quase imperceptível, não dispensando uma leitura atenta do 'livreto' que acompanha a cassete (sim, parece que estamos perante um revivalismo da audição de temas em fita magnética!).
Esperam-se novos desenvolvimentos, dado que este momento iniciático deixou-nos com sabor a pouco. (11.6/20)
Lord Of The Abyss - Lord Of The Abyss (2011)
A Bubonic Productions tem o condão de ir às catacumbas mais profundas e trazer à luz do dia (mas sempre em dias cinzentos e tristes) alguns dos projectos mais underground que Portugal conhece. O caso destes Lord Of The Abyss (para nós, um dos melhores nomes dos últimos tempos) é mais uma prova disso. Dois longos temas, que no total rondam os 40 minutos, com base no drone/doom com características minimalistas, algo experimentais, onde uma bruta muralha sonora avança ao ritmo ultra-lento, esmagando que se atravesse no caminho. Som duro e áspero, custoso de ouvir e interiorizar, proporcionado pela quase inexistente produção, causando alguma indefinição no som, prejudicando a percepção e a dimensão destes mesmos temas que, pelo conteúdo das letras mais parecem duas preces a Satanás, sendo que 'Behold the Carrion...' atinge uma dimensão mais atroz e metafísica que a terrena e purulenta 'Whore... You Shall Be the Slave of macabre Deeds'.
Obscuro culto, segredo guardado no mais recôndito e fétido local do underground. (11.4/20)
Bosque/Lord Of The Abyss - Split (2011)
Enquanto não é lançado o sucessor de 'Passage', os Bosque vão nos entretendo com alguns temas que prenunciam algo de diferente, embora sem existirem mudanças significativas na sonoridade do projecto vilacondense. Aqui continuamos a estar perante momentos de doom funéreo, minimalista, abrasivo qb, mas um pouco mais "estruturado" e passagens bem mais definidas. E é aqui que reside essa diferença, tornando 'Stalactites Pt. I e II' mais fáceis de digerir e onde até se consegue vislumbrar alguma beleza, embora a voz de DM continue a soar como um longínquo eco se tratasse, sombra de si mesmo, lamento embalado nas guitarras sofridas e nos ritmos empoeirados. Catarse em pequena dose. (12.5/20)
Do outro lado da fita, encontra-se 'Enki... Our Eternal Dark God', mais uma grotesca invocação do Diabo, resultando muito bem naquele ambiente claustrofóbico que tão bem sabe gerar onde pontificam os berros que parecem rasgar o que resta da alma de quem se purga no meio de uma parafernália sonora, quase roçando a cacofonia, levando-nos a pensar que estamos perante um mero exercício de improviso. Ainda estão à procura, certamente, da melhor equação para o seu som, dadas as alterações que se podem confirmar entre este e os seus anteriores registos. (10.9/20)