Comatose Vigil - Fuimus, Non Sumus... (2011)
Após um longo silêncio de quase cinco anos, os russos Comatose Vigil decidiram dar um assomo de vida - apesar de, neste momento, já não se encontrarem no activo, com a separação da banda em Março deste ano - repartido em três longuíssimos fôlegos. Se 'Not A Gleam Of Hope' os tinha colocado na mira de muito boa gente, muito por culpa de um funeral doom com larga carga atmosférica devastadora, este 'Fuimus, Non Sumus...' irá tão somente confirmar o trio moscovita como uma proposta acima da média no segmento em que se movimentam e uma referência no mar de bandas que nos chegam amiúde dessas frias paragens.
Apesar da tracklist constar de três temas - em que a média de duração ronda os 25 minutos -, este é um trabalho imenso, profundo e doloroso. Com uma enorme capacidade de envolver o ouvinte nesta fria viagem, onde os teclados têm uma primordial importância, este segundo longa-duração mostra uma banda mais refinada, com uma maior apetência para os pormenores dos temas, não se limitando a libertar descargas monolíticas de som lento e ultra-pesado. 'Autophobia' será, talvez, o melhor exemplo desse trabalho mais meticuloso, uma peça burilada até ao mais ínfimo pormenor onde todas as suas partes se vão encaixando de forma quase perfeita. 'Fuimus...' é mais extremo que 'Not A Gleam...', disso não parece haver dúvidas e só temos que nos congratular por podermos ouvir temas deste calibre. Até 'The Day Heaven Wept' ganha uma aura diferente, entoada em russo. (16/20)
Os Heavy Lord chegam-nos da Holanda e este é já o seu terceiro álbum, todos eles com o carimbo da Solitude Productions. 'Balls To All' é um exercício que junta o stoner, o sludge e o doom metal em doses que não trazem grandes novidades em termos de originalidade. Por aqui, vamos descortinando alguns bons riffs ('Kick Teeth' e 'Fear The Beard'), alguns refrões mais orelhudos, mas pouco mais. A fazer ganhar alguns pontos está o bom som, cheio e coeso, muito à custa de um bom trabalho de estúdio, mas que mesmo assim não chega para suplantar 'Chained To The World' e muito menos 'From Cosmos To Chaos'.
O ponto mais fraco estará nas vocalizações limpas, que não conseguem estar ao nível do som poderoso que o quarteto vai destilando ao longo das oito faixas (a excepção será quase no final de 'Dieselweed', onde Layne Stayley nos vem ao pensamento, no meio de uma bateria descontraída e uma guitarra preguiçosa), mas que acaba por pecar por excesso dada a preponderância que este tipo de voz tem ao longo dos 45 minutos desta rodela.
Longe de ser imprescindível, este trabalho dos Heavy Lord vale por alguns momentos, espalhados de forma um pouco esparsa. Caso contrário, estaríamos perante algo perfeitamente dispensável. (10.5/20)
Enth - Enth (2011)
Os Enth consistem num duo polaco que, neste trabalho de estreia, vagueiam entre o death/doom e o funeral doom metal. O primeiro dos dois temas que compõem este trabalho (edição limitada em LP) inicia melancólico, cortesia de um simples mais interessante trabalho de guitarra acústica e teclados lacónicos, conduz-nos para uma dúzia de minutos onde o riff de guitarra se repete até à exaustão e o ritmo não sofre qualquer tipo de variação, acabando por tornar-se monótona a sua audição. Por sua vez, 'Godzina Której Nie Ma' apesar de correr na mesma dolência e sem a capacidade de nos fazer erguer o sobrolho num sinónimo de agradável surpresa, é um pouco mais dinâmico, mostrando um pouco mais a capacidade de abordar, mesmo ao de leve, outros campos, mas sem arriscar na dose certa, acabando por cair na dormência que havíamos registado em 'Matryca'.
Longe de surpreender, os Enth entram em campo de forma discreta e, se o cenário não mudar nos próximos lançamentos, arriscam-se a sair de cena «de fininho». (9.8/20)
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