Por vezes, discorrer em algumas linhas o que nos vai na alma sobre um determinado trabalho tem muito que se lhe diga devido ao facto de podermos estar perante uma grande surpresa, ser mais do mesmo sem momentos que nos cativem, sem mostras de originalidade ou de reinvenção/mistura das fórmulas de trabalho ou, por último, depararmo-nos perante algo que nos desilude ou que não gostamos.
E este segundo álbum dos ingleses The Wounded Kings pode ser um bocadinho disso tudo para as diversas pessoas que se depararem com "The Shadow Over Atlantis", ou seja, para quem não conhece, certamente, não ficará desiludido, porque aqui pode verificar mais uma extensão do legado sabbathiano, com algumas nuances funeral doom e psicadélia (?), e terá mais um filão para explorar; para a maioria que já contactou com "Embrace Of The Narrow House", não existirão grandes surpresas, vão gostar e achar que é a primeira "bomba" de 2010 e apontarão aqui e ali elementos de destaque. Finalmente, também teremos os que irão dizer raios e coriscos, encontrando em todos os minutos deste registo motivos para apontar o dedo e lançar o vitupério.
Pois bem, este duo de Dartmoor parece que não deve ter ligado muito a uma possível reflexão deste género e o facto é que nos arremessam com mais 40 minutos de doom poderoso e cru, sem grandes contemplações, dividido por 6 temas (de entre os quais 2 pequenos instrumentais) que reforçam as linhas denunciadas no registo de estreia, de 2008, e dotam as suas músicas de uma carga ambiental cativante, conferindo-lhes uma dimensão extra que em muito abona o álbum. Os melhores exemplos para isso serão, talvez, os dois primeiros temas, "The Swirling Mist" e "Baptism Of Atlantis".
Neste novo ano/década que inicia, muita coisa se vai augurando, no que ao metal diz respeito, após um decénio extremamente variado e rico em produções musicais, mas o facto é que este "The Shadow Over Atlantis" acaba por ser a primeira grande referência no espectro do doom metal deste ano. (15/20)
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