sábado, 29 de maio de 2010

Why Angels Fall - The Unveiling (2010)

De tempos a tempos, somos confrontados com álbuns que ultrapassam essa simples esfera do registo musical e revelam-se autênticas experiências sensoriais, que nos deixam aturdidos e a remoer, durante vários dias no nosso íntimo, a forma de os poder abordar.
E este primeiro longa-duração dos portugueses Why Angels Fall encaixa, perfeitamente, nesse restrito grupo de trabalhos.
Dividido em dois longos temas, repartido, cada um, em três partes, "The Unveiling", desde os primeiros segundos, carrega uma aura e um poder completamente arrebatadores, engolindo-nos para o centro de um choque de emoções e, após o término do officium, nos atira violentamente ao chão ainda mal refeitos da vertigem que dura mais de 77 minutos.
Aqui, parece que nada foi deixado ao acaso; desde a estruturação dos temas, à mensagem, passando pelo artwork, tudo está interligado e só funciona assim, não sobrevive de partes isoladas.
Focalizando, agora, no que aqui nos traz, a música, "The Unveiling" e "Neo Genesis" são dois temas colossais, tanto pela sua duração e, sobretudo, pela qualidade que patenteiam. Foram sete anos de trabalho para erigir esta montanha, composta por partes que nos fazem lembrar uns Anathema (da fase "Serenades"/"The Silent Enigma"), como minutos depois nos fazem andar de mão dada com uns Dead Can Dance até que ressoam nas colunas linhas de pensamento baseados em passagens bíblicas do Antigo e Novo Testamento, bem como outros não bíblicos, sob uma banda sonora que nos agarra e transporta para um Apocalipse de luz.
Guitarras fortíssimas, ambientes comiseravelmente belos, contemplativos, vozes para todos os gostos e estados de espírito e, destaque para uma bateria que, de forma omnipresente mas discreta qb, segura toda esta estrutura tal, como o Atlas que às costas carrega a Terra. Tudo isto, a base para uma brutal introspecção.
Apesar de ser um registo de difícil digestão pelas razões aludidas e outras que nos escapam, talvez devido ao repetido estado ébrio em que estes temas nos colocam, "The Unveiling" é um trabalho de destaque, uma obra maior do Doom Metal nos últimos anos e que urge dar conhecimento porque, em Portugal, também se encontram diamantes. 
"Word that is, word that becomes" (19/20)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Solitude Productions - Novos lançamentos

No seguimento da parceria de divulgação estabelecida com a Solitude Productions, anunciamos aqui os novos lançamentos desta editora e as novidades que sairão nos próximos dias/semanas.



As Light Dies "Ars Subtilior From Within The Cage"
(release date 25.05.2010)


The second full-length album from Spanish band. The band fuses death metal, dark metal, folk and gothic metal in their music combining growl with clean male and female vocals and adorning it with enchanting violin solos. The result would become a discovery for fans of heavy and beautiful music. Mixed and mastered during the spring of 2009 by Dan Swano in Unisound studios (Edge of Sanity, Novembre, Opeth, Katatonia, Theatre Of Tragedy)!
http://www.myspace.com/aslightdies


Fading Waves / Starchitect "Split CD"
(release date 25.05.2010)


 The first release of post rock/metal label Slow Burn Records is a split of two young bands Fading Waves and Starchitect. This CD demonstrates to a listener two side of post-metal genre: airiness and reverie by Russian band Fading Waves on the one hand and  on the other hand, - hardness and severity mixed with refinement by Ukranian band Starchitect. This CD will become a gem in every collection: the booklet is embossed with gold, and the CD has pit-art and is gold-plated.
http://www.myspace.com/fadingwavesband
http://www.myspace.com/starchitect


The Howling Void "Shadows Over The Cosmos"
(release date 01.06.2010)


The second album of project of the talented musician Ryan reveals new masterpiece of symphonic funeral doom metal!
"Shadows Over The Cosmos" has a potential to become a master form of the genre along with best pieces of such bands as Colosseum and Ea: five endless tracks of majestic funeral doom filled with cold enigma and infinity of Cosmos. This sincere music will capture the listener until the very last second opening the beauty of Creation before him. Additional sense is brought by a picture called “Thaw” by a Russian painter of 19th century Feodor Vasilyev used in the artwork:. The CD is printed with pit-art and gold plated.
http://www.myspace.com/thehowlingvoid


Ophis "Withered Shades"
(release date 01.06.2010)


The second full-length album of German band. New material, even more harsh and gloomy is professionally produced and ready both to bring joy to old fans of traditional doom-death metal and to attract interest of those who just has started to get familiar with the genre. "Withered Shades" accumulated heavy riffs and acoustic passages, combined dynamic parts and atmospheric interludes.
The new album of Ophis is a new precious book in the world library of doom.
http://www.myspace.com/ophisdoom


The Sullen Route "Madness Of My Own Design"
(release date 06.06.2010)


The debut album of young Russian band from Volgograd continues traditions of death/doom metal and represents the band as talented professional musicians. String material created without keyboards and other trend features will suit the tastes of fans of uncompromising death/doom in the vein of Mourning Beloveth, Process Of Guilt and Ataraxie.
http://www.myspace.com/thesullenroute


Mournful Gust "She’s My Grief… Decade"
(release date 06.06.2010)


Re-issue of the legendary album of Ukrainian gothic doom death metal band! The album material is fully remastered and is supplemented with a bonus CD containing demo of 2006 "The Frankness Eve", cover versions of Mournful Gust songs by invited musicians and "With Every Suffering" video from the actual album. Enforced by new power "She's My Grief" album proves to be still state-of-the-art piece of music.
http://www.myspace.com/mournfulgustband

http://www.solitude-prod.com/
http://www.myspace.com/solitudeprod
http://www.myspace.com/badmoodman
http://solitudestore.com/en/

Mais informações acerca destes lançamentos, brevemente.

sábado, 22 de maio de 2010

Doom10+ - Maio 2010

Após alguns meses de interregno, eis que regressa a rubrica Doom10+ a este espaço.
Para este mês, contactámos o administrador do blog The Bronze Age, João Bronze, que acedeu ao nosso convite e confidenciou-nos por quais trabalhos o seu coração mais bate.
Já agora, para se manterem bem informados relativamente às novidades no mundo do Metal, visitem: http://www.thebr11age.com/



1. CANDLEMASS "Nightfall" (1987)

Caso tivesse de me desfazer de toda a colecção ficando apenas com um exemplar, este seria o disco escolhido. É certo que "Epicus Doomicus Metallicus" e os dois álbuns que se seguiram estão repletos de excelentes passagens mas foi em "Nightfall" que a banda sueca atingiu o patamar da excelência, resultando de uma profunda remodelação efectuada no line-up, num conjunto onde a complementaridade entre todos os seus elementos se revelou a chave para atingir, de forma épica e majestosa, um resultado que perdurará no tempo como um dos mais brilhantes registos do Doom Metal.
Leif Edling comanda uma sessão rítmica avassaladora, enquanto a dupla Lars Johansson e Mats Björkman nos oferece um desempenho fascinante, uma descarga de riffs bem na linha mais clássica, com passagens tão melódicas quanto poderosas. Mas é a voz e a presença de Messiah Marcolin que lhes trás o carisma que os outros vocalistas nunca possuíram. Até se pode discordar relativamente à qualidade de cada um mas nunca alguém ousou sequer se aproximar dos registos operáticos do Monge.
E se o primeiro álbum possuía temas como o fabuloso "Solitude", esta saga oferece-nos hinos fantásticos como "The Well of Souls", "At the Gallows End", "Bewitched" e o sublime "Samarithan"... só para não mencionar o disco na integra.



2. BLACK SABBATH "Black Sabbath" (1970)

Se dissermos que bandas como Polka Tulk ou Earth percorreram o circuito de bares de Birmingham nos finais dos anos 60, destilando enérgicas misturas de Rock’n’Blues, muitos poderão não perceber qual a importância histórica de tal facto. Mas, se esses 4 amigos de escola se chamarem Tony Iommi, Bill Ward, Geezer Butler e Ozzy Osbourne e adoptarem a partir daí o nome Black Sabbath, suportando torrentes de misticismo e tendências para as causas sobrenaturais, estão desde logo fica justificada a razão desta referência como um dos discos obrigatórios em qualquer tabela que se preze?
Gravado em 1969, o álbum homónimo alcança o Top 10 britânico evidenciando-se quer pelo som pesado quer pelas temáticas mais obscuras, vindo a tornar-se num dos trabalhos mais influentes e inovadores da história da música extrema. Para a posteridade ficarão as exímias, inigualáveis e hipnóticas linhas de guitarra debitadas por Iommi, a característica e diabólica voz de Ozzy e uma compassada e arrastada sessão rítmica, de fazer cortar a respiração e impor um estilo muito próprio.

"What is this that stands before me?
Figure in black which points at me
Turn 'round quick, and start to run
Find out I'm the chosen one
Oh no!

Big black shape with eyes of fire
Telling people their desire
Satan's sitting there, he's smiling
Watch those flames get higher and higher
Oh no, no, please God help me!

Is it the end, my friend?
Satan's coming 'round the bend ?
people running 'cause they're scared ?
Yes people better go and beware! ?
No, no, please, no!??"

Ainda hoje, quase todos não passam de clones banais.



3. CATHEDRAL "Forest Of Equilibrium" (1991)

Recuando cerca de 2 décadas e pegando em algo que escrevi nessa altura, parece-me ser esta a melhor forma de expressar o que senti ao pegar nesta jóia em 1991. Aí vai, portanto, algo bem naïf e desconexo, apenas com umas pequenas correcções pontuais:
"Uma intro e um outro separam as 5 longuíssimas e arrastadas faixas deste disco de estreia da banda britânica formada por Lee Dorian, um ex-elemento dos Napalm Death.
Qualquer semelhança entre as duas bandas é pura coincidência uma vez que sendo uns actualmente um dos grupos mais acelerados do mundo, ironicamente os Cathedral assumem-se como um dos mais vagarosos, abafados e Doom de que há memória.
Desenvolvendo os seus temas à volta de um baixo marcante e compassado, apresentam-nos um registo Doom/Death bastante original e excêntrico, o qual não deixa de ser pesado, esmagando os ouvintes menos habituados contra o solo. Influências de temas antigos dos Black Sabbath com o psicadelismo dos anos 70'como que somos confrontados por um grupo de zombies com 4 séculos de existência."

4. MY DYING BRIDE "The Angel And The Dark River" 1995
5. SAINT VITUS "Born Too Late" 1986
6. SOLITUDE AETURNUS "Beyond The Crimson Horizon" 1992
7. PENTAGRAM "Be Forewarned" 1994
8. TROUBLE "Psalm 9" 1984
9. ANATHEMA "Serenades" 1993
10. PARADISE LOST "Gothic" 1991

segunda-feira, 17 de maio de 2010

sábado, 15 de maio de 2010

Ea - Au Elial (2010)

Há cerca de três anos e meio esta entidade que se revela pelo nome de Ea surgiu de forma enigmática, não só pela sua abordagem minimal do mercado restringida somente ao plano musical, mas igualmente por todo o conceito que abraçou, baseado, segundo as informações disponibilizadas, em textos sagrados de antigas civilizações e usando uma linguagem reconstruída a partir de estudos arqueológicos e paleográficos.
De facto, a estreia criou o seu frissom na cena e obteve boas críticas, de forma generalizada. No ano passado, foi lançado o segundo registo e, agora, chega-nos o derradeiro volume desta trilogia, toda ela lançada via Solitude Productions.
O que podemos depreender depois de ouvir estes 52 minutos de Funeral Doom/Ambient, é que este registo se aproxima de cenários menos negros e claustrofóbicos que os seus predecessores - se bem que em "II", já se notassem algumas diferenças -, buscando refúgio em momentos ambientais, contemplativos - ou serão antes catatónicos? -, onde as teclas passam a ter um papel mais importante, servindo de base às composições sobre as quais se explanam as linhas de guitarras, sempre lancinantes, e um registo vocal profundo, gutural e doloroso. "Taela Mu" revela isso mesmo, uma fuga dos cenários mais áridos e agrestes de "Ea Taesse" e o encontro, ou a procura, de algo mais cândido; será que das paisagens bem negras da estreia, estaremos a chegar a composições evocativas de luz e de vida? A própria capa do trabalho não será uma alegoria a isso mesmo? Bem, parece que o enigma vai continuar; e que prossiga com os níveis de qualidade  a que nos vem habituando. (13/20)

The Foreshadowing - Oionos (2010)

Três anos após "Days Of Nothing", os italianos The Foreshadowing estão de regresso aos lançamentos discográficos. São onze temas de Doom Metal bem melódico, ainda com algumas piscadelas de olho a elementos goth, bem ao estilo do que já nos tinham apresentado na estreia, mas que neste registo encontram-se bem mais trabalhadas e desenvolvidas.
A voz de Marco Benevento está mais grave e sentida e as estruturas musicais são mais ecléticas e, ao mesmo tempo, parecem-nos mais desenvoltas, acabando por tornar este álbum bem mais apetecível que o anterior.
Girando em torno do conceito primordial  do Apocalipse, "Oionos", resulta como a banda sonora perfeita para o relato dramático, lúgubre e atormentado de campos desolados pela morte e devastação, pintados em cenários cinzentos com o céu a desabar sobre a última réstia de vida terrestre. Coincidência ou não, vemos uns The Foreshadowing mais pesados, densos e obscuros, fechando-se sobre o registo quase unidimensional de Benevento, perfeito profeta da desgraça, mas sempre com a preocupação de conjugar nas doses apropriadas a melodia e o peso nas suas composições. Apesar de "The Dawning" ser um bom tema inicial, é com "Outsiders" que nos apercebemos da nítida evolução que a banda sofreu e que culmina nas sequentes "Fallen Reign", "Lost Humanity" e, na genial, "Survivors Sleep", onde somente com a presença da voz e do piano se obteve um resultado bem negro em comparação com as restantes músicas.
A cover de "Russians", não vem acrescentar nada a este trabalho, sendo até dispensável, num trabalho que quase não sofre mácula e esperamos que a mensagem de Apocalipse 3, 11 se cumpra, porque este deixou-nos com água na boca. (17/20)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Doomdogs - Doomdogs (2010)

Gotemburgo. Possivelmente, algumas pessoas ao lerem este nome começarão, imediatamente, a salivar de entusiasmo devido ao incrível número de bandas com muita qualidade que, com a passagem dos anos, criaram uma cena de características próprias enquadradas no Melodic Death Metal.
Apesar disso, não é só de melo-death que vive esta metrópole sueca e a prova disso mesmo são estes Doomdogs. Álbum de estreia, com seis temas de Doom/Stoner carregadinhos de groove, directos, sem grandes contemplações. Grandes malhas de guitarra, bem puxadas à frente, que nos deixam impressionados, dispersas pelos 45 minutos de duração deste registo e refrões orelhudos e cativantes que nos ficam a ribombar na cabeça durante muito tempo ("Fight The Greed" e "Dogs Of Doom", são temas portentosos do início ao fim), fazendo-nos ouvir incessantemente este trabalho que, apesar de não trazer grandes novidades, soube condensar - se é que se pode utilizar este termo para músicas de oito minutos -, tudo o que de bom se poderia pedir num disco deste género. A voz de Tomas Eriksson, encaixa-se na perfeição no meio desta torrente de peso e groove, onde mandam as guitarras, mas onde também podemos ouvir um baixo bem pulsante e uma bateria sólida como aço.
Não poderíamos deixar de referir que o artwork que acompanha a rodela é, igualmente, de muito bom gosto.
Agora, resta esperar que alguém os consiga trazer aqui ao burgo para podermos testemunhar, in loco, do poder destas composições, porque se assim for, onde pararem, vai haver muito rock e muita cerveja a rolar. (16/20)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Garden Of Worm - Garden Of Worm (2010)


Ao fim de sete anos de existência, os finlandeses Garden Of Worm chegam ao tão almejado disco de estreia, homónimo, embora tenham já lançado duas demos, dois EPs e um split ao longo da sua curta carreira.
E o que este trio nos traz é um punhado de temas que tresandam a Reverend Bizarre por todos os poros, tanto ao nível da melodia como igualmente no timbre vocal de SJ. Harju, mas os Witchcraft também pairam no ar. Ora bem, levanta-se, então, a questão: estamos perante uma cópia descarada? Se tivermos em linha de conta somente os dados apresentados, seria possível "rotulá-los" como cópia. No entanto, apesar de não terem vergonha nenhuma de assumirem as suas influências, marcam este trabalho com alguns traços de personalidade própria, imprimindo aos temas uma vertente de cariz progressiva como se pode ouvir, a espaços, em "The Black Clouds" e "Psychic Wolves", bem como algumas incursões mais melódicas, que lhes pode augurar algo mais e almejarem um lugar nos anais da história do Metal.
Um senão que se regista é ao nível da estrutura do alinhamento das músicas; "The Ceremony" termina de forma bastante abrupta e é seguida, no terceiro tema, por um acústico instrumental, "Rays From Heaven". Estas duas situações logo no início do álbum quebram ritmos e se o alinhamento fosse um pouco diferente, atirando o referido instrumental para a sua segunda parte, encaixaria melhor. (13/20)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ab Reo Dicere (04-05-2010)


Duskburn - Duskburn EP (2010)

Estes croatas ainda parece que andam há procura do estilo em que melhor se encaixam. Com um início de carreira (?) vinculado ao Death Metal, vemo-los nestes últimos tempos numa abordagem ao Sludge, onde os nomes dos Crowbar e Neurosis saltam logo para a primeira linha de influências deste quarteto.
Com uma intro que nos remete para longitudes orientais, e que deixava-nos com algumas boas expectativas face a este registo, somos depois confrontados com três temas que em nada se ligam ao inicial, ou seja, sludge puro, duro e lento, com boas malhas, mas que acabam por soar a datado. No final, temos, igualmente, um longo tema escondido, que mostra mais uma vez a inconstância estilística da banda, para além de ser bem dispensável.
Quem quiser conferir, pode fazer o download no myspace da banda. (8/20)



Black Shape Of Nexus/Kodiak - Split (2010)

Já desde 2008 que não tínhamos novidades dos Black Shape Of Nexus, ou seja, desde "Microbarome Meetings", o segundo álbum deste projecto. No entanto, o tema incluído neste split não vai defraudar as expectativas de ninguém, porque o Drone/Doom destes alemães continua de boa saúde e a recomendar-se. Os 22 minutos de "VIIIe", contém todos os ingredientes que nos habituaram, sem acrescentarem grandes novidades. Para ouvir e degustar. (12/20)


Por sua vez, os Kodiak, que ainda nos presentearam, recentemente, com um split em conjunto com os Nadja, e ainda meios atordoados pela bomba que foi "MCCCXLIX The Risisng End", conduzem-nos, novamente, para a fustigação mental com mais dois exercícios de Drone/Doom extremo que nos levam a crer que a banda de Gelsenkirchen está num óptimo momento de inspiração e de trabalho. O tema aqui apresentado, "Town Of Machine", dividido em dois momentos, é bem esse reflexo, elevando este power trio a um assinalável estatuto dentro destes abalos musicais. (14/20)



Mookerdam - Impenitence EP (2010)

Este foi o primeiro contacto com o som desta banda californiana e, diga-se, que o impacto foi forte, ou melhor, não é possível ficar indiferente a este Sludge/Doom de características extremas. De facto, antes deste EP já tinham lançado em 2008 o álbum "Shadows Of Mokerdam".
Ao longo destes quatro temas, temos muito peso, muita brutalidade, com alguns segundos de ligeira acalmia, de vez em quando, um som muito cru, verdadeiramente undeground. "A False Prophet" e "The Black Freighter" serão um excelente espelho da incrível máquina de trituração, em lento movimento, que são estes Mookerdam, mas que mesmo assim conseguem fazer com que as suas composições tenham alguma qualidade e dinâmica, podendo criar algum frenesim nas hostes mais underground do movimento. (11/20)

sábado, 1 de maio de 2010

Black Sun Aeon - Routa (2010)

Segundo álbum deste projecto de Tuomas Saukkonen (Before The Dawn, entre outros), desta feita dividido em duas parte:s o primeiro, designado de "Talviaamu", oferece claras semelhanças com a estreia do ano passado, "Darkness Walks Beside Me", embora exista uma filtragem nítida na busca de melhorar e expôr as mais-valias aí registadas, às quais foi acrescentada uma envolvência de cariz mais gótico, onde se destaca uma maior profusão e aprimoramento do uso das teclas.
Ao longo destes sete temas, paira a melancolia (quando é possível, leia-se!), resultando num fiel prolongamento da obra já apresentada, sem grandes inovações ou riscos a serem tomados ao nível da composição (quanto às estruturas dos temas, Tuomas sempre fugiu ao modelo "convencional"), mas que soam bastante bem.
A segunda rodela, "Talviyö", evidencia já uma certa clivagem relativamente ao seu irmão de lançamento, embora busque ainda algumas nuances da estreia. Aqui, os temas estão muito mais virados para as guitarras, onde os riffs se apresentam com mais visibilidade e cadência, tornando-se mais áspero, esquecendo a candura e a melancolia, rodando mais em torno da esfera do death mais melódico e explorando um pouco mais a costela black ("River" talvez seja o melhor exemplo disso mesmo).
A terminar, somos brindados com um ponto de interrogação, "Apocalyptic Reveries", de seu nome, que acaba por juntar tudo o que se ouviu, primeiro com a dureza das guitarras e depois voltar à melancolia e alguma contemplação de "Talviaamu", com a sua simplicidade acústica, tornando este final inesperado e a dar-nos algumas voltas à cabeça.
"Routa" pode ser lido como o desenvolvimento das fórmulas de "Death Walks Beside Me", mas também poderá sugerir a busca de novos territórios musicais, em "Talviyö", onde se regista um afastamento da vertente doom. Será necessário esperar para ouvir as próximas propostas, mas até lá há muito neste trabalho que pode ser apreciado enquanto especulamos sobre o futuro deste projecto. (14/20)