sábado, 31 de dezembro de 2011

Hanged Ghost - Knowledge Of The Occult (2011)

Cruento e obscuro, são os adjectivos que mais vezes nos passam pela cabeça durante este primeiro longa-duração dos portugueses Hanged Ghost. Lançamento efectuado através da Bubonic Productions e da Universal Tongue, composto por três temas e um pequeno epílogo, que sucede a duas maquetas em cassete, onde este duo de almas penadas nos mostrava bem as linhas com que se queria coser, com a sua música em balada num doom frio, bafiento, negro, sem grandes requintes ao nível da produção e da gravação, conferindo a este som um ar ainda mais mórbido/cativante (riscar o que não interessar), num estilo muito underground.
Ao longo deste 48 minutos, nunca saímos deste espectro de trevas, com uma banda-sonora apostada em descargas de riffs monolíticos, por vezes algo gélidos, que nos conduzem lentamente para um buraco negro onde a morte, a dor e o desespero que nos imiscuem e envolvem, num vagaroso e sufocante enleio.
'Knowledge Of The Occult' acaba por não ser muito diferente do que é possível ouvir nos registos anteriores e a falta de alguns momentos que marquem algumas 'rupturas' durante os temas, limita-os, ficando a sensação que estes carecem de mais algum dinamismo.  De qualquer forma, aqui fica mais uma proposta meritosa e que tão bem pode acompanhar as mentes mais negras durante estes frios e cinzentos dias de Inverno. (13.4/20)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

The Gardnerz - The System Of Nature (2011)

À primeira vista, esta banda engana. Olhando para o seu nome, ninguém ousaria dizer que estamos perante um colectivo que pratica doom/death metal com os anos 90 como pano de fundo. Em segundo lugar, o nome do álbum também não é nada comum no que concerne aos domínios do Metal. Mas, para além disso tudo está o que realmente importa: a música! 'The System Of Nature' revela uma dúzia de temas que vão buscar à derradeira década do século passado o que de melhor tinha para oferecer o doom/death de então, dando-lhe uma roupagem mais actualizada, mostrando-nos um conjunto de temas bem coesos e fortes como são exemplos 'The Art Of Suffering', o tema de abertura, ou então 'Flaw In The Axiom'; no entanto, esta estreia vale pelo seu todo, conseguindo manter as coisas sempre num nível bastante interessante, sem momentos a puxar o bocejo, embora por aqui não hajam grandes novidades ou originalidade. Antes, e como já referimos, uma renovação de uma sonoridade que marcou e teve o seu highlight há 15/20 anos.
Ao longo desta hora musical, destacamos um trabalho muito interessante de guitarra (acústica também), onde em bastantes momentos as melodias limpas, que fazem lembrar uns Ghost Brigade, cruzam-se com os riffs mais death e onde os solos, apesar de nada espampanantes, encaixam e soam muito bem.
Esta, acaba por ser uma estreia bastante auspiciosa, merecendo amplo destaque no segmento em que se movem, restando-nos aguardar por novos lançamentos que comprovem e melhorem o som desta banda. (15.2/20)

English:

At first sight, this band deceives. Looking at the name of the band, nobody would dare to say that we are before a collective that practices doom/death metal with the 90s like backdrop. Second, the name of the album is, also, not common at all if you look in the main album titles of the Heavy Metal world. But, besides everything what really matters is the music! 'The System Of Nature' reveals a dozen of songs that go back to the last decade of last century and grab what it had better to offer from the doom/death scene, giving now a more up-to-date clothing, showing us a set of quite cohesive and strong tracks as they are examples 'The Art Of Suffering', the opening theme song, or then 'Flaw In The Axiom'; however, this debut album is worth as a whole, always managing to maintain the things in a quite interesting level, without moments to pull the yawn, though this way there are no great news or originality. First of all, as we told already, a renovation of a sonority that marked and had its highlight 15/20 years ago.
Along this musical hour, we point out a very interesting work of guitar (acoustic, also), where in several moments the clean melodies, which remember sometimes Ghost Brigade, that cross with riffs more in the line of death metal and where the solos, nothing astonishing but very sober, fit and sound very well.
This one, it is a quite auspicious debut release, deserving spacious distinction in the segment in which they are moving, remaining for us to wait for new songs that prove and improve the sound of this band. (15.2/20)

Link: http://www.myspace.com/thegardnerz
         http://www.reverbnation.com/thegardnerz

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Votação Melhor Álbum Doom Metal 2011

Mais um ano que se aproxima do seu ocaso e é altura de fazer balanços sobre a colheita doomesca. Para isso, a vossa participação é indispensável.
Já se encontra disponível, para votação, a nossa listagem referente ao Melhor Álbum de Doom Metal de 2011!! Contamos com a vossa participação!! Votem, comentem, exponham as vossas opiniões e sugestões!!
Visitem-nos em:
http://www.facebook.com/templedoommetalonline

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ab Reo Dicere - Hanged Ghost / Lord Of The Abyss / Bosque-Lord Of The Abyss (Split)


Hanged Ghost - Remebrance Pt. II (2011)

Envoltos numa espessa neblina, eis que surgem dois seres entoando hinos de dor. A base é o doom/death metal, muito simples, sem grandes arranjos ou estruturas musicais muito complexas, obscuro, frio e deveras depressivo. Aqui, ao longo dos 11 minutos de 'Cursed, this Spirit Diseased', dá-se primazia a um som cru, uma produção sem qualquer requinte, reforçando esse lado bem negro da música e ao mesmo tempo das duas almas penadas que se exorcizam ao longo desta segunda demo do projecto. Soa a algo de primitivo, onde a voz é quase imperceptível, não dispensando uma leitura atenta do 'livreto' que acompanha a cassete (sim, parece que estamos perante um revivalismo da audição de temas em fita magnética!).
Esperam-se novos desenvolvimentos, dado que este momento iniciático deixou-nos com sabor a pouco. (11.6/20)


Lord Of The Abyss - Lord Of The Abyss (2011)

A Bubonic Productions tem o condão de ir às catacumbas mais profundas e trazer à luz do dia (mas sempre em dias cinzentos e tristes) alguns dos projectos mais underground que Portugal conhece. O caso destes Lord Of The Abyss (para nós, um dos melhores nomes dos últimos tempos) é mais uma prova disso. Dois longos temas, que no total rondam os 40 minutos, com base no drone/doom com características minimalistas, algo experimentais, onde uma bruta muralha sonora avança ao ritmo ultra-lento, esmagando que se atravesse no caminho. Som duro e áspero, custoso de ouvir e interiorizar, proporcionado pela quase inexistente produção, causando alguma indefinição no som, prejudicando a percepção e a dimensão destes mesmos temas que, pelo conteúdo das letras mais parecem duas preces a Satanás, sendo que 'Behold the Carrion...' atinge uma dimensão mais atroz e metafísica que a terrena e purulenta 'Whore... You Shall Be the Slave of macabre Deeds'.
Obscuro culto, segredo guardado no mais recôndito e fétido local do underground. (11.4/20)



Bosque/Lord Of The Abyss - Split (2011)

Enquanto não é lançado o sucessor de 'Passage', os Bosque vão nos entretendo com alguns temas que prenunciam algo de diferente, embora sem existirem mudanças significativas na sonoridade do projecto vilacondense. Aqui continuamos a estar perante momentos de doom funéreo, minimalista, abrasivo qb, mas um pouco mais "estruturado" e passagens bem mais definidas. E é aqui que reside essa diferença, tornando 'Stalactites Pt. I e II' mais fáceis de digerir e onde até se consegue vislumbrar alguma beleza, embora a voz de DM continue a soar como um longínquo eco se tratasse, sombra de si mesmo, lamento embalado nas guitarras sofridas e nos ritmos empoeirados. Catarse em pequena dose. (12.5/20)
Do outro lado da fita, encontra-se 'Enki... Our Eternal Dark God', mais uma grotesca invocação do Diabo, resultando muito bem naquele ambiente claustrofóbico que tão bem sabe gerar onde pontificam os berros que parecem rasgar o que resta da alma de quem se purga no meio de uma parafernália sonora, quase roçando a cacofonia, levando-nos a pensar que estamos perante um mero exercício de improviso. Ainda estão à procura, certamente, da melhor equação para o seu som, dadas as alterações que se podem confirmar entre este e os seus anteriores registos. (10.9/20)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ACHERON: Doom Metal na Nemesis Radio!

 



Playlist para mais duas horas de Doom Metal na Nemesis Radio:

(Echo) - Intro/Summoning The Crimson Soul
Fatum Elisum - Pursuit Of Sadness
Huldra - Ashen Lips
Lurk - Fire The Blood Sky
My Dying Bride - The Barghest O'Whitby
Pantheist - Sloth
Rituals Of The Oak - Here
YOB - Burning The Altar

Quarta-feira, entre as 22 e as 24 horas, em www.nemesistv.com

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Parceria Temple Of Doom Metal / Nemesis Radio - Divulgação do programa 'Acheron' (Doom Metal)

No seguimento da parceria estabelecida com a Nemesis Radio, iniciamos a divulgação de um dos programas que consta da sua grelha de programação. Trata-se de 'Acheron', que vai para o ar todas as quartas-feiras, entre as 22 e as 24 horas, onde ao longo de duas horas é dada voz aos sons do Doom Metal e sub-géneros relacionados.

Fica aqui a playlist para o próximo programa:



Ataraxie - From Agony To Eternity
Cathedral - Ebony Tears
Cathedral - Sabbadaius Sabbatum
Dead Existence - Down The Crooked Path
Demonic Death Judge - Churchburner
Krux - The Hades Assembly
Lord Vicar - Child Witness
Mythological Cold Towers - The Shrines Of Ibez
Of Spire & Throne - Loss Ritual
Paradise Lost - Forever Failure
The Drowning - Beneath A Crown So Weary

Quarta-feira, entre as 22 e as 24 horas, em www.nemesistv.com

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dopethrone - Dark Foil (2011)

Imaginem o que aconteceria se os Sleep se juntassem a Blaine Cartwright, dos Nashville Pussy, na mesma sala de ensaio, após a elevada ingestão de álcool e outras substâncias: exacto! Possivelmente, estaríamos bem próximos do que podemos ouvir em ‘Dark Foil’, o segundo longa-duração dos canadianos Dopethrone. O trio de Montreal regressa, dois anos após ‘Demonsmoke’, com mais seis descargas de sludge/doom imbuídas de muito podredo e javardice, misturado com alguns samples de filmes de horror, erva e booze a rodos, reforçando uma certa afinidade com o NOLA sound.
Tal como o seu antecessor, ‘Dark Foil’ é lançado em edição de autor, sintoma de uma saudável teimosia e consciência do material que têm entre mãos, conhecedores do seu potencial, sem grandes compromissos ou respostas com ou quem quer que seja.
Riffs lentos e pesadões, com um pouco de groove é o que nos espera, aqui e ali com um ligeiro travo a southern (lá está, afinidades!), sentindo-se que o que aqui vale é a música pela música, quer ela tenha algum rasgo de originalidade ou não. O que importa é curtir os quase 45 minutos de duração deste álbum e, depois, voltar a carregar no play e continuar num lento headbanging, enquanto Vincent Houde nos vai relatando as suas histórias sempre no seu tom bem ríspido e negro.
Ali pelo meio, há a possibilidade de sermos contemplados com um momento de ligeira acalmia, com a cover de ‘Ain´t No Sunshine’, de Bill Withers (quem? – não interessa, mas fica muito bem!). O que importa é chegar ao final e relembrar “I’m not dead!”, no início de ‘Zombi Powder’. (14.5/20)

English:
Imagine what would happen if Sleep join Blaine Cartwright, of Nashville Pussy, in the same rehearsal room, after a high intake of alcohol and other substances: exactly! Possibly, we would be very close to what we can hear in 'Dark Foil', the second record of the Canadians’ Dopethrone. The trio from Montreal returns, two years after 'Demonsmoke', with six discharges of sludge / doom and imbued with very rotteness and squarol, mixed with some samples taken from horror movies, weed and booze to rakes, reinforcing a certain affinity with NOLA sound.
Such as his predecessor, ‘Dark Foil‘ is self-released , an healthy  symptom of stubbornness and conscience of the material that these guys have in hands, experts of his potential, without great promises, no major commitments or answers with anyone.
Slow and heavy riffs, with a little groove is what we can wait, here and there with a light bitterness of southern (there it is, affinities!), feeling that what here is worth is the music for the music, and no matter if it has some tear of originality or not. What matters is to enjoy these almost 45 minutes of duration of this album and, then, to overdo again the play and continue in a slow headbanging, while Vincent Houde is always reporting us his stories in his quite brusque and black tone.
Round about the way, is there the possibility to be contemplated with a moment of light lull, with the cover of ‘Ain't No Sunshine’, of Bill Withers (who? – it doesn’t matter, it sounds very well!).
What matters is to reach the end and to recall “I’m not dead!”, just like in the beginning of 'Zombi Powder'. (14.5/20)

Link: http://www.myspace.com/dopethronemafia

domingo, 20 de novembro de 2011

An Evening [Before The Rain] + Corpus Christii (Apresentação de 'Frail')

Quem teve a oportunidade de se deslocar à República da Música, em Lisboa, no passado dia 10 de Novembro, certamente que não terá dado o seu tempo por mal empregue. O facto de se tratar de uma quinta-feira, não terá pesado em demasia na turba que se deslocou a este espaço, em Alvalade. Afinal, tratava-se da apresentação do álbum de uma das melhores propostas nacionais ao nível do Metal, ‘Frail’ o segundo longa-duração dos [Before The Rain].
Perante uma boa moldura humana, a banda arregaçou as mangas logo desde o início, no intuito de demonstrar e explanar o poder e a qualidade das propostas que, actualmente, tem entre mãos. Arrancando com ‘Somewhere Not There’, faixa presente no split com os finlandeses Shape Of Despair, o quarteto mostrou claramente ao que vinha, suportado por um som equilibrado e coeso de entre o qual sobressaíram os solos de Valter Cunha e a voz de Gary Griffith.
Dado o mote para uma actuação que primou pela segurança, ‘Frail’ começou a ser debitado, do qual se destacam as prestações para ‘Shards’, ‘A Glimpse Towards The Sun’ ou a belíssima ‘Breaking The Waves’, temas que foram sendo “atirados” ao público com uma nua e crua subtileza, desarmante para quem tem vindo a conviver com estes temas da há algum tempo a esta parte. Canções maduras, distantes de ‘One Day Less…’, aqui unicamente representado por ‘Wounds Of Rejection’, canções que buscam outras e novas paragens, tanto a nível musical como ao nível dos temas explorados nas letras.

       
         
A coroar uma exibição muito bem conseguida, ‘And The World Ends There’, antecipada por um “we’re gonna play it long and we’re gonna play it slow”, pela voz de Gary Griffith, que ao longo dos quase 80 minutos de concerto encarnou na perfeição estes temas, dando-lhes uma vívida carga expressiva, tornando-se em mais um ponto favorável para a banda.


Agora com três guitarras, pontificadas pelo trabalho, ora em tons de uma limpidez quase dolente ora explodindo em riffs fortíssimos, de Valter Cunha, dono de alguns dos melhores feedbacks ouvidos durante muito tempo, Carlos Monteiro e Gary Griffith; toda esta estrutura musical encontra-se suportada por uma secção rítmica que se apresentou segura e oleada, aguentando firmemente nas cordas do pulsante baixo de Pedro Daniel e nos ritmos cadenciados e marcantes de Joaquim Aires, contribuindo para o resultado final bastante positivo e deixando um excelente prenúncio para as seguintes datas que se avizinhavam.

             

Na primeira parte desta apresentação, estiveram os Corpus Christii, que aproveitaram para apresentarem, por paragens lisboetas uma vez mais e após a digressão europeia realizada com os Inquisition, Revenge e The Stone, o seu mais recente registo, ‘Luciferian Frequencies’, novo marco de qualidade e perseverança de uma das certezas do black metal nacional, que é a banda de Nocturnus Horrendus.
Com enfoque nos dois últimos trabalhos de estúdio, foram destilados, com a acutilância que se lhes reconhece, temas como ‘Crystal Glaze Foundation’, ‘Deliverer Of Light ou ‘The Wanderer’, sem esquecer passagens por momentos mais antigos como ‘The Fire God’ ou ‘Constant Suffering’, marcando um agradável início de noite que se queria de emoções fortes.

Temple Of Doom Metal

Fotos: Temple Of Doom Metal