Nova rubrica. Megaphone. Assim mesmo, com o cheiro a escrita antiga, portuguesa, papel amarelecido com a passagem dos anos, mas que sabe tão bem folhear e descobrir.
Esta rubrica marca um ciclo de entrevistas a projectos portugueses inseridos nas correntes mais arrastadas do espectro metálico, iniciado com a banda lisboeta INSANIAE.
Eis a amistosa conversa que tivemos com a banda, após mais um concerto de promoção ao seu mais recente trabalho, "Imperfeições da Mão Humana", no Side B, em Benavente.
O vosso segundo álbum, “Imperfeições da Mão Humana”, saiu há quase um ano. Que tipo de reacções é que têm recebido relativamente a este trabalho?
Diogo Messias: Temos recebido boas reacções, nomeadamente por parte da editora, a ARX Productions, que nos informou que neste momento a edição do álbum encontra-se esgotada. Pelos vistos naquele mercado as coisas correram bem e cá em Portugal, também temos recebido boas reacções. Estamos satisfeitos.
Diogo Messias: Temos recebido boas reacções, nomeadamente por parte da editora, a ARX Productions, que nos informou que neste momento a edição do álbum encontra-se esgotada. Pelos vistos naquele mercado as coisas correram bem e cá em Portugal, também temos recebido boas reacções. Estamos satisfeitos.
Certamente que vocês encontram diferenças entre os vossos dois longa-duração [NR “Outros Temem Os Que Esperam Pelo Medo da Eternidade”, de 2006, e “Imperfeições da Mão Humana, de 2010]. Na vossa opinião, quais são as mais evidentes ao nível da composição e, depois, no resultado final?
DM: Sofremos uma evolução muito natural. Penso que neste álbum, estamos mais perto daquilo que queremos fazer, daquilo que tencionamos fazer e vamos amadurecendo, tanto na parte técnica, enquanto músicos, quer na clarificação das ideias. Contamos com a nossa experiência, também. Estamos mais próximos do que queremos fazer e do que vai ser o futuro.
E estão mais próximos daquilo que querem atingir, em termos sonoros? Nota-se uma grande diferença ao nível da produção, pelo menos, entre os trabalhos.
DM: Sim, são coisas que acabam por serem naturais. E essa evolução em termos sonoros acabou por ser normal. O Fernando [Matias, produtor de “Imperfeições da Mão Humana”], fez um excelente trabalho e acho que em todos os aspectos foi um passo em frente.
Depreende-se que todo este processo foi natural, que resultou como fruto da vossa experiência; não foi nada planeado. Deixaram, somente, a vossa experiência fluir…
DM: Sim, é basicamente isso. Sempre que nos reunimos para ensaiar e compor, tudo é muito natural, não há um plano definido, nenhum masterplan, é mesmo o que vai saindo de cada um de nós, sempre verdadeiro, mais próximo do que conseguimos e queremos fazer.
A banda Insaniae já está nestas andanças há quase uma década, mas os seus elementos já integraram outros projectos, desde há, pelo menos, 15 anos. Que balanço é que fazem, por ora, do percurso dos Insaniae?
DM: Acho que é positivo, senão não o continuaríamos a fazer. É o que nós gostamos de fazer e queremos dar continuidade a este trabalho. Preferimos olhar para frente e não ficar a pensar muito no passado. Estamos atentos ao que se passa no panorama nacional; todas as bandas de Doom, algumas que estão aqui hoje, as quais vamos acompanhando e, também, influenciando. E, assim, vamos andando para a frente. O balanço é positivo.
Aparentemente, nota-se que os Insaniae têm sofrido de uma menor exposição e divulgação, comparativamente a outros projectos nacionais. Acham que carecem de maior divulgação ou faltará aquele click, e que uma editora pegue na banda e a lance para um patamar superior? Qual a vossa opinião?
DM: Nós temos estado atentos às bandas e ao que se passa no panorama nacional. De igual forma, estamos atentos ás editoras e, portanto, gostaríamos de poder ter mais alguma projecção nacional, sobretudo nesta fase. Em termos de promoção, penso que é possível fazer mais; isto é Doom, é lento, tudo devagar, até a promoção o é. [risos] Estamos a tentar andar para a frente, a utilizar, cada vez mais, as ferramentas possíveis.
Luis Possante: Ter uma editora no estrangeiro também acaba por ser diferente. Em Portugal poderá não funcionar tão bem com se tivéssemos assinado por uma editora nacional, como é óbvio.
Pedro: Também houve problemas de line up. Logo após o lançamento do álbum, deu-se a saída do baterista e assim ficamos quase um ano, o que igualmente provocou um atraso na divulgação e promoção da banda e do seu trabalho.
Pelo facto de terem lançado o “Imperfeições…” pela mão de uma editora ucraniana, existem algumas perspectivas de poderem fazer alguma coisa fora de Portugal?
DM: Existe vontade e existem contactos, mas penso que para os tempos mais próximos não temos nada marcado nesse aspecto. Estamos receptivos a propostas, a uma tournée ou a outro evento lá fora, claramente. Uma oportunidade dessas não será de desperdiçar, mas até ao momento não surgiu a proposta certa, mas não estamos, de todo, fechados a isso.
Ainda relativamente ao impacto do “Imperfeições…”, desta feita fora de Portugal: têm recebido feedbacks de várias origens?
DM: Sim, recebemos, essencialmente pelo facto de cantarmos em português; provenientes do Brasil, importantes e positivas. Até já nos perguntaram quando é que lá vamos tocar, possivelmente, sem a noção da dimensão das coisas… [risos] Também obtivemos notícias positivas de países nórdicos, da Holanda, da Bélgica, com alguns contactos à mistura, eventuais trocas de concertos com bandas de lá a mostrarem cá o seu som. É certo que a nível pode tornar-se um pouco complicado. Mas sim, estamos satisfeitos com as reacções obtidas.
Acabaram por lançar este novo álbum através de uma editora estrangeira, e de entre o conjunto de bandas que têm estado mais activas, dentro do espectro das correntes mais arrastadas, os Insaniae são os únicos que utilizam a língua de Camões!... É vossa intenção continuar com o português nos vossos temas, em trabalhos futuros?
DM: Não há regras pré-estabelecidas. No concerto de hoje, apresentamos dois temas novos com letras em inglês [NR “Forsaken And Forgotten” e “I Am”]. Não tem que ser em português, inglês ou francês; é um bocado como nos dá na “real gana”, passo a expressão. Agora, quisemos experimentar em inglês, mas nada garante que esta experiência esteja garantida para o futuro. Surge consoante o nosso sentimento durante o processo de composição e o que queremos fazer. Não há nenhum plano rígido como estava a dizer há pouco.
Para terminar, uma questão com vista a levantar um pouco o véu do futuro da banda. Que planos é que os Insaniae têm para os próximos tempos?
DM: Iremos procurar solidificar a nossa posição, aqui em Portugal, com mais algumas actuações ao vivo. Já estamos a compor coisas novas, estamos a pensar gravar também. O futuro passará por aí. Não perdemos muito tempo a olhar para trás. Já passou algum tempo desde que o álbum saiu, algum tempo desde que foi gravado e mais tempo desde que foi composto. Portanto, estamos a pensar em novas músicas, o futuro editorial ainda não está totalmente definido, mais concertos. Sempre mais e melhor.
(Gostaríamos de agradecer à Joana Cardoso a facultação das fotos e ao Side B todas as facilidades concedidas para a entrevista).
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