Este blog tem como único propósito a divulgação de um sub-género musical dentro da esfera do metal: o doom metal e as suas mais diversificadas vertentes.
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SUUM CUIQUE TRIBUERE
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Formados em Buenos Aires, há um par de anos, os Dead Rooster apresentam-se ao mundo com 4 temas de doom metal bem cru, com alguns toques de drone, mas com uma visceralidade bem negra. Assim, à primeira vista, a sonoridade deste trio assemelha-se à junção de riffs de Black Sabbath + negrura de uns Celtic Frost + psicadelismo dos Ufomammut, resultando num conjunto de ritmos bem lentos e pesados aliados guitarras sujas e baixos ultra-distorcidos, tudo junto num ambiente a pender para o fétido e enevoado. Sem ser um lançamento de charneira, estamos perante uma cartão de visita interessante, que peca por algum monocordismo na estrutura e abordagem aos temas. Mas esperemos que os lançamentos futuros nos surpreendam. E parece que não vai ser preciso esperar muito para escutarmos novidades. Uma celebração ao grande bode, à qual podem juntar-se gratuitamente.
Tracklist: 01. Order of the Frostsnake 02. Cosmis Seeds of Uncreation 03. Night of the Usurper 04. Goddess of Progeny and Destruction
O lento crescendo de 'Empireum' vai inundando a nossa sala e tomando conta dos sentidos, numa toada hipnótica, marcando o regresso da banda de Tortona aos discos, após o incontornável 'Eve', uma obra maior na discografia dos Ufomammut.
'Oro: Opus Primum' entra assim, de mansinho com mais uma mão cheia de temas que, certamente, nos irão colocar à prova, pois nem tudo é imediato, linear e muito menos simples na sua música.
Há pontos de contacto com o seu antecessor e até ao final do tema de abertura isso parece-nos claro, mas é com 'Aureum' que as coisas começam a tomar rumos ligeiramente diferentes e, ao mesmo tempo, um pouco difusos, uma neblina que se vai instalando e não nos permite vislumbrar que caminho querem seguir. As malhas não são desgarradas, perdidas, desconexas, mas sente-se a necessidade de fugir à cópia e comparação com o passado. Os temas fluem, os ritmos lentos, secos e duros e a repetição quase até à exaustão estão lá; os efeitos, samples e vozes minimais fazem o seu trabalho. Tudo isto corresponde a um peso colossal, como já é hábito, mas fica a sensação de alguma descontinuidade que só é suprimida com 'Oro: Opus Alter', que chega uns meses mais tarde. (13.8/20)
Não, não estamos perante o irmão gémeo de 'Opus Primum', mas antes a sua continuação. A par do pormenor de um claro jogo de palavras presente nos títulos destes cinco novos temas, verifica-se um pormaior, ou seja, uma abordagem mais directa, com riffs monolíticos avassaladores (a recta final de 'Oroborus' é de nos pôr em sentido), sem perdas de tempo com «esquisitices», sem tornar as coisas demasiado cerebrais, mas mantendo uma interligação entre os andamentos, conferindo-lhe uma dimensão mais próxima comparativamente ao seu passado recente. Orgânico e visceral, talvez sejam os adjectivos que melhor se adequem para definir este novo conjunto de «orações», sem deixar de destacar 'Sulphurdew' e a já referida 'Oroborus', momentos de maior inspiração, evocativos da grande qualidade que esta banda tem e da sua capacidade para escrever paisagens sonoras demolidoras.
Muito se tem escrito acerca do timming de lançamento destes dois registos, mas independentemente dessa lana caprina importa salientar que, embora diferentes em algum do seu conteúdo, conjugados, 'Opus Primum' e 'Opus Alter' não infligem mácula no som dos Ufomammut, cimentando a sua posição de destaque no panorama da música extrema.
Agora, ouçam tudo de uma assentada, bem alto, e fiquem com a cabeça a andar à roda. (16.3/20)
English:
The slow growing of 'Empireum' is flooding our room and taking control of the senses, with an hypnotic tune, marking the return of Tortona`s band to records, after the unavoidable 'Eve', a foremost work in the discography of Ufomammut. 'Oro: Opus Primum' comes so softly over a handful of tracks that certainly will test us, because everything is not quiet immediate, linear and much less simple in their music. There are points of contact with his predecessor and it seems clear to us until the end of the opening theme, but with 'Aureum' things start to take slightly different paths and at the same time, a little fuzzy, a fog that is installing and will not allow us to discern which path they want to follow. The tracks are not stray, lost, disconnected, but feels the need to escape to copy and comparison with the past. The tunes flow and all the slow rhythms, dry and hard and almost repeated until exhaustion are there; effects, samples and minimal voices do their job. All this represents a colossal heaviness, as has become customary, but gets the feeling that some discontinuity is only suppressed with 'Oro: Alter Opus', which comes a few months later. (13.8/20) No, we are not facing the twin brother of 'Opus Primum', but rather its extension. Alongside the detail of a clear game of words present in the titles of these new five tunes, there is a much more direct approach, with overwhelming monolithic riffs (the final run of 'Oroborus' put us unwinking ) without wasting time with 'oddities', without making things too intellectual, but maintaining a connection between the movements, giving them a closer dimension comparatively to its recent past. Organic and visceral, these adjectives are perhaps well-suited to define this new set of "prayers", while highlighting 'Sulphurdew' and the abovementioned 'Oroborus', moments of special inspiration, evocative of the great quality of this band and their ability to write devastating soundscapes. Much has been written about the timing of release of these two records, but regardless of this wool goats what really matters, although some difference in some of its content, combined, 'Opus Primum' and 'Opus Alter' do not inflict any stain in the sound of Ufomammut, cementing its position in the extreme music scene. Now listen all at once, loud, and stay with your head to spin. (16.3/20)
Tracklists: Oro: Opus Primum Oro: Opus Alter 01. Empireum 01. Oroborus 02. Aureum 02. Luxon 03. Infearnatural 03. Sulphurdew 04. Magickon 04. Sublime 05. Mindomine 05. Deityrant
Há quase uma década que os Abske Fides andam a espalhar negrura num país que pouco ou nada deve a essa cor, o Brasil. Após uma abordagem, na sua demo de estreia, mais virada para o black metal de tons depressivos, seguiram-se dois EPs que tinham como mote o funeral doom. Três anos depois de 'Disenlightment', eis o primeiro longa-duração, auto-intitulado, que marca mais uma variação na orientação musical da banda. Agora, prevalece uma abordagem aos temas na linha do death/doom em deterimento das toadas mais funéreas. Isso é bem evidente na faixa de abertura 'The Consequence Of The Other', que na parte final contém uma voz feminina a dar um toque mais belo a esta entrada..
A primeira metade do álbum segue esta linha, numa abordagem quase clássica, a que não faltam o jogo entre growls e vozes limpas e passagens mais agrestes e outras mais contemplativas. 'Aesthetic Hallucination of Reality', incluído no último EP da banda, embora numa versão um pouco mais longa, marca o início de uma perda de rumo da banda, que vai do funeral doom até momentos mais uptempo no mesmo tema, entrando, depois, por caminhos que nos levam ao post-rock de uns Sigur Rós, por exemplo; 'Embroided In Reflections' talvez seja o melhor exemplo.
Não há aqui temas mal executados, mas a falta de um fio condutor é bem notória, fazendo com que este álbum não seja mais do que um conjunto de temas agrupados, sem fazerem grande sentido no cômputo final. O que é uma pena. (11/20).
É já na recta final de 2012 que é lançado um dos álbuns mais aguardados do ano. A expectativa sobre o sucessor de 'Given To The Rising' era enorme; afinal estamos a falar de uma das bandas mais importantes dos últimos 20 anos, no espectro da música pesada (e, atenção que pesada, para o caso concreto do colectivo de Oakland, está bem para além do que a mera música).
Os primeiros 60 minutos de contacto com esta nova proposta foram estranhos, na verdade. 'We All Rage In Gold' até nos transporta para aquele ambiente do seu antecessor, mas volvidos alguns minutos nota-se ali algo diferente. E essa sensação prolonga-se pelos seis temas seguintes. "Que raio! Sensaborão!", é a nossa exclamação após o impacto. Mas, o facto, é que há discos que crescem com o tempo, com a aturada atenção que lhes dispensamos e o entendimento, que julgamos obter, do que se pretende a cada lançamento por parte da banda. 'Honor Found In Decay' é, de certo modo, diferente - não no sentido de quebra da repetição -, mais maduro; é o álbum que se faz quando é atingido um determinado patamar, o da excelência entenda-se, e tudo o que se tem para a oferecer está ali, despido na simplicidade, honestidade e savoir faire; em suma, a grandeza. 'My Heart For Deliverance' e 'Casting Of The Ages' poderão ser dos melhores exemplos disso mesmo.
Ao fim de uma boa dezena de audições, vemos o décimo primeiro longa-duração dos Neurosis sob outro prisma: não o do imediatismo e da continuidade, mas sim a busca de algo maior. Não é um resumo nem o baralhar e voltar a dar. É aquilo que não se consegue explicar, mas está ali tão escancarado naqueles sons e palavras. (18/20)
English: It is now in the final stretch of 2012, which is released one of the most anticipated albums of the year. The expectation on the successor of 'Given To The Rising' was huge; after all, we are talking about one of the most important bands of the last 20 years, in the spectrum of heavy music (and attention that «heavy», to the case of the collective from Oakland, is well beyond from what is simple music). The first 60 minutes of contact with this new proposal were strange indeed. 'We All In Rage Gold' transports us to the atmosphere of its predecessor, but a few minutes ware we note there is something different. And this feeling extends during the following six tracks. "What the hell! Tasteless!", it is our exclamation after the impact, but, the fact is there are records that grow over time, with devoted attention we dispense to them and the comprehension, which we think obtained, of what is desired by each release of the band. 'Honor Found In Decay' is somehow different - not in the sense of breaking the repetition of the formula -, more mature, the album is what you do when a certain threshold is reached, the excellence one, and all that has to offer is there, naked in simplicity, honesty and savoir faire; in conclusion, greatness. 'My Heart For Deliverance' and 'Casting Of The Ages' may be the best examples of this. After a good dozen hearings, we see the eleventh album of Neurosis in a different perception: not the immediacy and continuity, but the pursuit of something greater. It is not a summary or the shuffling and giving back. It's what you can not explain, but there is so barefaced in those sounds and words. (18/20)