terça-feira, 27 de julho de 2010

Keef - Stoned To Doom (2010)

Tenho que ser honesto ao iniciar este texto sobre o primeiro álbum dos, praticamente, desconhecidos Keef: quando ouvi os primeiros temas, a coisa não me agradou muito. O som datado, a voz que não se encaixava com as melodias e uma postura que fica a milhas de distância dos Fu Manchu, por exemplo., não auguravam nada de bom. Sim, porque este trabalho destila por todos os poros Fu Manchu, Black Sabbath e Orange Goblin.
Foram necessárias uma boa dúzia de audições para começar a ver crescer este "Stoned To Doom", embora continue com a clara percepção que o registo vocal de Gregory Cochrane continua a não ser o mais adequado, utilizando um timbre que parece sem garra, demasiado melódico, doce até, sem arriscar um milímetro que seja. A nível instrumental, o início com "The Invader" parece-nos um passo em falso e é só ao terceiro tema, com "Animal Control" que se começa a receber um pouco da brisa desértica que tão bem molda o stoner rock; o groove começa a surgir com maior fluência e Richard Harris começa a extrair da sua guitarra um conjunto de riffs bem catchy e uns solos que dão uma dimensão bem mais consentânea às músicas. Stoner/doom para se ouvir na estrada, banda sonora para uma viagem, com paragem obrigatória para umas cervejas, está claro.
De facto, é na segunda metade do álbum que estão as pérolas. "The Green Shade", "White Widow" ou "Noise Bleed", cada uma à sua maneira, conseguem demonstrar que as ideias com que trabalham e que vão buscá-las a diferentes estilos musicais, encaixam bem, apesar de nunca conseguirem atingir um nível de excelência, como em outros casos. Mas para cartão de apresentação, não se saíram nada mal. (13/20)

English:
I have to be honest while beginning this text of the first album of the practically unknown  Keef, a band from Ontario, Canada: when I heard it  for the first time, the thing did not please me very much. The dated sound, the voice that was not fitted by the melodies and a posture that is miles away of distance of Fu Manchu, for example. Yes, because this work distills for all the pores Fu Manchu, Black Sabbath and Orange Goblin.
A good dozen of auditions were necessary in order that this " Stoned To Doom” began to grow, though I continue with the clear perception that the vocal register of Gregory Cochrane keeps on not being the most appropriate thing, using an insignia that looks without claw, too melodic, sweet up to, without risking one inch to something more aggressive. Instrumentally, the beginning with " The Invader " seems to us a step in false and it is only in the third song, " Animal Control " that we start receiving a little of the desert breeze that so well moulds the stoner rock thing; the groove comes up appearing with bigger fluency and Richard Harris starts to extract from his guitar a set of riffs well catchy and a few solos that give a dimension well more consentaneous to this songs. This is stoner/doom to hear on the road, a nice soundtrack for a travel, with compulsory stopping for a few beers, of course.
In fact, it is only in the second half of the album that we can find some pearls. " The Green Shade ", " White Widow " or " Noise Bleed ", each one to his way, manage to demonstrate the ideas that they work with and which go for them to different musical styles, fitting well, in spite of never managing to reach a level of excellence, just like in other cases. But for card of presentation, they did not go out badly at all. (13/20)

            http://www.psychedoomelic.com/

sábado, 24 de julho de 2010

Jex Thoth - Witness (2010)

O projecto de Jessica Toth regressou aos lançamentos discográficos este ano com um EP, depois de no ano passado ter saído "Totem", mais um EP e em 2008 um split com Pagan Altar e o seu álbum de estreia que granjeou uma boa reacção por parte dos apreciadores de doom mais tradicional e de vertente mais retro e da crítica.
Este registo traz-nos três temas, dois originais e uma cover, e mostra-nos uns Jex Thoth mais psychedelic rock e menos doom; as músicas não são tão pesadas como no registo de estreia, por exemplo, estando directamente elaboradas  para a voz de J. Toth. A melancolia, essa continua bem presente, os ritmos mantêm-se lentos, mas sem o impacto de uma "Nothing Left To Die" ou "Equinox Suite: The Damned And Divine", ou seja, estamos perante temas menores e desinspirados da carreira, curta, desta banda e esperamos que este seja um exercício que tenham em conta para reflexão em futuros registos. A versão de um tema de uma banda obscura como os Slapp Happy, que não acrescenta nada ao anteriormente escrito, a não ser um prolongamento de uma veia mais experimental que a banda desde sempre revelou, revela que "Witness" é um trabalho em que se marca passo até ao próximo álbum do projecto. Não é que os temas sejam maus ou existam outro tipo de falhas, nada disso, o problema é que a banda parece murcha e sem aquela centelha de originalidade e bom gosto com que se mostrou ao mundo há dois anos atrás. Resta esperar por mais novidades da cidade de São Francisco. (10/20)

English:
The project of Jessica Toth returned this year with a new EP, after last year’s “Totem " EP release and in 2008 a split with Pagan Altar after their debut album that gained a good reaction for part of the appraisers of doom more traditional and of slope more front page and of the criticism.
This register brings us three songs, two originals and a cover, and shows us a Jex Thoth more psychedelic rock and fewer doom; the themes are not as heavy as in the register “Jex Thoth”, for example, being straightly prepared for the voice of J. Toth. The melancholy, that one is still quite present, the rhythms remain slow, but without the impact of a " Nothing Left you it Die " or " Equinox Suite: The Damned And Divine ", in other words, we are before uninspired and lesser songs of this band and we wait that this is an exercise what they take into account for reflection in future releases. Not being an extension of a vein more experimental than the band from always revealed, the version of a subject of an obscure band as the Slapp Happy, which does not add anything to previously written shows that “Witness " is a work in which step is even marked to the near album of the project. In fact, these songs are not bad at all or exist another type of faults, anything of that, the problem is that the band seems wilting and without that spark of originality and good taste with which it was shown to the world two years ago. For now, we’ll just sit and wait for more news of the city of Saint Francisco. (10/20)


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Hooded Menace - Never Cross The Dead (2010)

O longo fade in no início do tema que dá o título a este segundo álbum dos finlandeses Hooded Menace, mais não é do que uma preparação, rápida, para o que vem a seguir, ou seja, uma valente dose de doom/death metal do mais podre que se pode imaginar, pelo menos nestes últimos anos. A capa, só por si, já deveria ser suficiente para dar o mote, mas é ao som de temas como "Terror Castle", "Night Of The Deathcult" ou "Rituals Of Mortal Cremation", só para citar estes, que Lasse Pyykö e comparsas nos agridem com malhas brutais, um groove soturno e demolidor e growls profundos que suplantam a estreia de 2008, "Fulfill The Curse", já de si um trabalho bem acima da média e que os colocou no mapa da música extrema. Para atingir esse objectivo, o quarteto finlandês apostou agora numa melhor produção, acabando por ter um som mais cheio e coeso, apostou em temas um pouco mais catchy, com riffs demolidores, como havíamos referido, mas mantendo intacta a sonoridade Hooded Menace, sustentada em cenários doentios, funéreos e de horror.
Os oito temas que compõem este longa-duração são, na sua generalidade, lentos e longos, mas nunca chegam a tornarem-se chatos ou enfadonhos; aqui, as coisas soam sempre a fresco (ou a podre, conforme as preferências!), conferindo uma atmosfera bem negra ao longo dos 50 minutos de duração deste "Never Cross The Dead". O equilíbrio entre os temas pode ser a peça-chave para este sucesso; homogéneos, sem falhas a apontar e sem grandes devaneios ou floreados que nos possam distrair do objectivo principal desta banda: criar um disco de metal brutal e deixar-nos de queixo caído sempre que o ouvimos.
Com o ano já adiantado, começam a surgir as primeiras escolhas para as melhores recordações de 2010 e os Hooded Menace arriscam-se a figurar nesse restrito grupo.
E nem vale a pena escrever mais nada, porque a música falará por si!! (17/20)

English:
The long fade in, in the beginning of the music that gives the title to this album of the Finns Hooded Menace, is nothing more than a quick preparation, to what it comes to follow, or in other words, a huge dose of doom/death metal of the most rotten that you possibly can be able to imagine, at least in these last years. The cover of the record, only by itself, already should be enough to give the motto, but it is to the sound of songs like " Terror Castle ", " Night Of The Deathcult " or " Mortal Rituals Of Cremation ", only to quote these, which Lasse Pyykö and comrades attack us with brutish meshes, a sad and destroying groove and deep growls that supplant the first record launched in 2008, " Fulfill The Curse ", already a work well above the average and that placed them in the map of the extreme music. To reach this objective, the Finnish quartet bet now on a better production, having a fuller and cohesive sound again, bet on songs a little bit more catchy, with destroyer riffs, since we had told, but maintaining intact the sonority of Hooded Menace, supported in sickly sceneries, funereal and of horror.
All the eight songs that compose this full-length are, in its generality, slow and long, but they never come becoming flat or tiresome; here, the things always sound fresh (or rotten, according to the preferences!), checking a quite black atmosphere along the 50 minutes of duration of this " Never Cross The Dead ". The balance between the themes can be the key for this success; very cohesive, without faults to point and without great daydreams or ornaments that could distract us of the principal objective of this band: to create a record of brutish metal and let our chino n the ground whenever we hear it.
With half year gone, the first choices begin to appear for the best memories of 2010 and Hooded Menace’s risk of appearing in this limited group is high.
And I’ll not even be worthwhile to write more anything, because the music will speak for itself!!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Fading Waves & Starchitect - Split (2010)

Este split é o primeiro rebento da Slow Burn Records, novo braço editorial da Solitude Productions, desta feita virada para a promoção do post-metal e sonoridades similares.
E tratando-se de post-metal (para alguns, uma designação maldita), de facto um rótulo bastante abrangente no seu significado e bastante desgastado pela tremenda quantidade de projectos que têm surgido ao longo destes últimos anos, pegamos neste trabalho com algum cuidado, sem expectativas muito altas. E acabamos por sentir um sabor agridoce durante a audição desta dúzia de temas.
Os primeiros sete temas são a cargo dos Fading Waves, mais um one man project, que tem em Alexey Maximuk o seu mentor e alma criativa. E, ao longo de pouco mais de trinta minutos, o que vai brotando das colunas são exercícios de post-metal (ok, já chega de post...) convencional, atmosférico e com as habituais descargas de peso, dando a entender que para estes lados se consumiu avidamente os trabalhos dos Mono, Isis, Callisto e Cult Of Luna. A base dos temas aqui incluídos é, genericamente, instrumental, surgindo alguns momentos vocalizados dispersos e sempre diluídos na massa sonora presente.
Sem trazerem nada de novo, regendo-se pelos padrões criados e estabelecidos por outros, os Fading Waves acabam por mostrar demonstrar que assimilaram bem esses conteúdos, espelhando-os em temas simpáticos e entretidos; no entanto, faltará algo mais para algo mais para se destacar. (12/20)
A segunda parte do split é reservada aos ucranianos Strachitect, e é bastante diferente do que se ouviu para trás. Um som menos polido, mais agreste, mais alternativo até, chegando mesmo a roçar o indie, por momentos. Onde poderíamos encontrar a contemplação e o sonho em Fading Waves, aqui está a urgência do agora e a severidade dos temas, sem candura.
Em "Beauty Of Sin", temos um travo a sludge sempre presente ao longo do tema, acabando por ser a melhor malha das cinco com que participam neste trabalho, a par de "No It".
Apresentam uma boa qualidade instrumental, com um baixo bem pulsante e uma bateria segura, suportando toda a estrutura musical, dando espaço para um trabalho de guitarra bastante eficaz e diversificado, dando alguma complexidade às músicas. A grande falha acaba por ser o registo vocal, onde não abunda a afinação, num registo muito screamo, levando a que as composições, no geral, percam dimensão, para além da necessidade da criação de algumas malhas que fiquem no ouvido.  (11/20)

English:
This split is the first offshoot of Slow Burn Records, new publishing arm of Solitude Productions, this time facing the promotion of post-metal and similar sounds.
And in the case of post-metal (for some, a damn designation), a label actually quite comprehensive in its meaning and heavily eroded by the tremendous amount of projects that have emerged over recent years. We studied this case with some care, without very high expectations. Then again, we feel a bittersweet taste in the hearing of a dozen themes.
The first seven issues are the responsibility of Fading Waves, another one-man project, which takes Alexey Maximuk as its mentor and creative soul. And just over thirty minutes, what we hear from the budding columns are exercises in conventional post-metal (okay, enough of post...), atmospheric discharges and with the usual weight, implying that for this band has eagerly devoured the work of Mono, Isis, Cult Of Luna and Callisto. The basis of the themes included in this album is, generally, instrumental, emerging a few vocalized moments, which are dispersed and diluted in the mass noise always present.
Without bringing anything new, governed by standards created and established by others, Fading Waves eventually demonstrate that they have assimilated those contents well, mirroring in friendly and entertaining themes, however, something else is missing to make them stand out..(12/20)
The second part of the split is reserved for ukrainian Strachitect, which are quite different from what we heard earlier. A sound less polished, wilder, more alternative too, and even skimming the indie moments. Where we could find the contemplation and dream in Fading Waves, here there is the urgency of now and the severity of the issues, without candor.
In "Beauty Of Sin", we have a catch of the sludge always present over the album and ultimately to be the best song among the five ones which are part of this work, along with "In It".
This band shows a good instrumental quality, with a pulsing bass and a safe sound of drums, supporting the entire musical structure, making room for a very effective and diverse guitar work, with some complexity to the songs. The major flaw turns out to be the vocal register, where the pitch doesn’t abound, this record is very screamo, leading the compositions, in general, to lose dimension, beyond the need to create some loops that stay in your ear. (11/20)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Grand Magus - Hammer Of The North (2010)

Os suecos Grand Magus têm sido sinónimo de elevada qualidade, pelo menos, desde 2003, altura em foi lançado o colossal "Monument". Temas como "Summer Solstice", Baptised In Fire" ou "He Who Seeks Shall Find" são referências obrigatórias neste disco, por exemplo e presença constante nos concertos da banda.
Com "Iron Will", de 2008, notamos que "JB" e comparsas começaram a mover-se mais na direcção do Heavy-Metal sem, no entanto, perderem pitada da sua identidade ou do seu poder. A vertente Doom continuava bem presente e em boa forma, sendo o tema-título ou "Beyond Good And Evil" exemplos disso mesmo.
Não será, portanto, descabido poder afirmar que, perante o cenário estabelecido pelo trio sueco, as expectativas relativamente a um novo lançamento eram altas, ou seja, conseguir perceber se estávamos perante uma singular incursão por terrenos menos comuns ao som da banda, retornando agora ao que nos vinha habituando ou, pelo contrário, se existia uma clara intenção de ir deixando cada vez mais de lado o som que os deu a conhecer ao mundo, progredindo numa direcção mais ligada ao  Heavy-Metal.
As dúvidas ficam quase totalmente desfeitas ao fim dos primeiros segundos de "I, The Jury", o single de avanço, quando a voz de "JB" soa num grito quase Halfordiano. As músicas que se seguem comprovam que "Hammer Of The North" é o disco mais Heavy e menos Doom, apesar de continuar intacta a qualidade instrumental e vocal da banda. Estão lá os grandes temas, enormes malhas de guitarra, os refrões que devem ser berrados a plenos pulmões pelos fãs nos concertos e ninguém sairá, mais uma vez, defraudado após ouvir esta novidade, porque os bons trabalhos notam-se à légua pelos que sabem apreciar uma boa dose de Metal, apesar de ser evidente que não consegue atingir a excelência de "Monument" ou "Wolf's Return".
"Hammer Of The North" – o tema -, irá direitinho para o patamar dos clássicos da banda, após algumas rodagens pelos palcos e "The Lord Of Lies" é mais um daqueles temas bem típicos dos Grand Magus, que mistura o peso e a melodia sempre em proporções que muitos poucos hoje conseguem fazer.
Na verdade, as expectativas ao primeiro embate foram um defraudadas, mas a percepção instantânea de mais um conjunto de grandes músicas fizeram esquecer essa parcial desilusão. Mais uma vez, recomendado. (17/20)


English:
The swedish Grand Magus have been a synonym of high quality, at least  since 2003, when the colossal "Monument" was released. Songs like "Summer Solstice", “Baptised In Fire" or "He Who Seeks Shall Find", for example, are compulsory references in this disc and a constant presence in this band’s concerts.
With the 2008 "Iron Will", we noticed that "JB" and his partners began to move more in the direction of Heavy-Metal without, however, losing a pinch of his identity or of his power. The slope Doom was still quite present and in a good form, being the title song or "Beyond Good And Evil" examples of that fact.
So, it will not be improper to state that, before the scenario established by the swedish trio, the expectations regarding a new album were high, or in other words, to be able to realize if we were before a singular raid for less common lands to the sound of the band, returning now to what we were getting used to or, on the contrary, there was a clear intention of being set more and more aside to the sound that introduced this band to the world, progressing in a direction more connected to Heavy-Metal.
The doubts were almost totally cleared after the first seconds of "I, The Jury", the first single, when the voice of "JB" strikes in a scream that Halford has written everywhere. The following songs prove that "Hammer Of The North" is a more Heavy and less Doom album, although the instrumental and vocal quality of the band continue to be intact. There are great songs, enormous meshes of guitar, refrains that must be bellowed to full lungs by the fans in the concerts and nobody will take this time as lost or feel embezzled when they hear this novelty, because good works are noticed by all those who are ready for a good dose of Metal, in spite of being obvious that this record does not manage to reach the excellence of "Monument" or "Wolf's Return".
"Hammer Of The North" will go straight to the list of band classics, after some wheel-works for the stages and "The Lord Of Lies" is another one of those quite typical subjects of the Grand Magus, which always mix the weight and the melody in proportions that few people manage to do today.
In fact, at first sight one’s expectations were a bit defrauded, but the instant perception of another set of great musicians made everyone forget this partial disillusionment. This album is recommended, once again. (17/20)

Sunneater/General Winter/Destino-Entierro - III Psalms Of Doom (2009)

O primeiro lançamento da catalã Cain Records ocorreu no ano passado com este split, intitulado "III Psalms Of Doom". Um lançamento underground, de tiragem bastante limitada, mas num formato interessante e pouco comum, (CD em caixa de DVD com booklet) que conta com uma mão cheia de temas que reflecte bem o que se vai fazendo ao nível de sonoridades como o Drone, Funeral Doom e Sludge por esse mundo fora.
Os primeiros momentos deste trabalho foram entregues aos holandeses Sunneater, praticantes de um Drone/Doom sem grandes novidades, mas competente. Por entre "The Call" e "Slow Disintegration", encontra-se a malha brutal e penosa que é "March Of The Sun", com a voz a fazer lembrar, vagamente, Scott Kelly dos Neurosis. Um bom tema, negro, pesado, monolítico, claustrofóbico e destoante - pela positiva - do primeiro. Avança sem contemplações para cima de "Slow Disintegration", num perfeito encaixe, como se estivéssemos perante um só tema. É aqui que estão os melhores momentos da banda, onde o Drone ocupa um espaço mais secundário mas é capaz de conferir mais dinâmica ao som destes holandeses. (12/20)
A jogar praticamente em casa, os General Winter, estreiam-se nas lides discográficas com "Stones", um longo opus de dezoito minutos que, no seguimento da dose anterior, encaminha-nos para terrenos bem áridos, servindo de banda sonora para uma viagem por locais inóspitos e estéreis, onde, do nada, surge a voz de Abel, perturbante e áspera, empolando o desconforto da viagem. Não existem por aqui grandes variações rítmicas, salvo uma excepção pelo meio do tema, ou grande trabalho na criação de estruturas musicais mais complexas. Os General Winter servem-nos tudo nu e cru, sem contemplações. E fazem bem. (13/20)
Os, também, catalães Destino/Entierro fecham este split com quatro músicas carregadinhas de Sludge Doom podre e nocivo, misturando-lhe uma carga muito raw a que não deve ser alheia a produção sofrível. As músicas parecem surgir em crescendo de peso e dureza, sovando-nos inapelavelmente sem um segundo de descanso até que "Drugod" se extingue nas colunas, exausto, da mesma forma que "Prelude" a iniciou. Apesar de tudo isso, nota-se que os temas ainda precisam de mais trabalho para que se tornem mais excitantes e capazes de proporcionar outra visibilidade a este projecto. (11/20)


English:
The first release of the catalan label Cain Records took place last year with this split, entitled “III Psalms Of Doom”. An underground relase, of quite limited print run, but in an interesting and not much common format, (CD in DVD case with booklet), that shows an hand full of songs that reflects well what is done at the level of sonorities like Drone, Funeral Doom and Sludge all over the world, nowadays.
The first moments of this work were handed to the dutch band Sunneater, who plays a mixture of Drone/Doom without great news, but competently. For between “The Call” and “Slow Disintegration”, it finds the brutish and painful mesh that is “March Of The Sun”, with the voice remembering, vaguely, Scott Kelly, from Neurosis. A good song, black, heavy, monolithic, claustrophobic and discordant – on the positive way, of course - of the first one. It advances without contemplations up of “Slow Disintegration”, in a perfect socket, like if we were listening only one theme. It is here that there are the best moments of the band, where the Drone occupies a more secondary space but it is able to tally more dynamic to the sound of these dutch project.(12/20)
Playing practically at home, General Winter has here their first song in a record; it is “Stones”, a long one of eighteen minutes mammoth  that, in the continuation of the previous dose, it directs us to quite arid lands, serving of resonant soundtrack for a travel for inhospitable and sterile places, where, from nowhere, appears Abel's voice, disturbing and rough, blistering the discomfort of the travel. There are not great rhythmical variations along this theme, except in the middle where things turn a little bit faster, or great work in the creation of the most complex musical structures. General Winter serve everything naked and raw, without contemplations. And they do it well. (13/20)
The, also, catalans Destino/Entierro close this split with four songs loaded of rotten and harmful Sludge Doom, mixed with a very raw feeling. The sound of their songs is evident, with na average production that increases such vein. It seems that the songs appear in crescendo of weight and hardness, beating us without a second to rest until ' Drugod ' goes out in the columns, exhausted, since the powerful begining with ' Prelude '. Despite all of that, it is noticed that the songs still need more work so that they become more exciting and able to provide another visibility to this project. (11/20)

                http://www.myspace.com/generalwinter
                http://www.myspace.com/destinoentierro

sábado, 3 de julho de 2010

0xíst - Unveiling The Shadow World (EP) 2010

À primeira vista, o nome deste projecto poderá passar despercebido para os mais desatentos mas, se lhe juntarmos o nome de Jani Koskela, certamente iluminará já muitas mentes. O líder destes 0xíst (deve ser lido e pronunciado "Zero Exist"), que faz parte dos Saattue e dos «adormecidos» Let Me Dream aqui, para além das seis cordas, toma as rédeas nas vozes. E, de facto, os quatro temas que compõem este EP de estreia estão, essencialmente, virados para as guitarras, ou melhor, dominam ao longo deste trabalho de Dark/Doom Metal, tocado irrepreensivelmente, com todos os instrumentos no seu sítio, onde não há falhas a registar e soa tudo bastante coeso e bem pesado (como se quer, aliás). Aos primeiros sons de "Gazing Into The Void", pareceu que estávamos perante um tema sacado do universo Triptykon, dada a semelhança no som da guitarra e no ritmo empregue, mas após a entrada da voz de Koskela as dúvidas ficaram bem desfeitas. E é aqui que está o principal ponto fraco desta banda: a voz de Koskela. O timbre demasiado rasgado, a soar a vocalização mais Black não se encaixa com este som cheio, acabando por não atingir a dimensão bem satisfatória registada no plano instrumental.
Apesar disso, a amostra presente em "Unveiling The Shadow World" tem tudo para poder crescer. Em "Gazing Into The Void" e "Kingdom Of Slumber" existem bons trechos musicais que se tornarão referências no som da banda.
Para que, no futuro, possam atingir voos mais altos, basta que estas ideias continuem a ser bem trabalhadas alargando-se a novos horizontes e evitando a repetição de fórmulas que, mais cedo ou mais tarde, acabam por se tornarem estéreis. (13/20)


At first sight, the name of the project may go unnoticed for the more disregarded ones but, if you add the name of Jani Koskela, certainly enlighten many minds. The leader of these 0xíst (to be read and pronounced "Zero Exist"), who makes part of Saattue and "sleepy" ones Let Me Dream, here, in addition to the six strings, take the reins on vocals. And, in fact, the four themes which comprise this debut EP are, essentially, facing the guitars, or better, dominate throughout this work Dark/Doom Metal, played irreproachably, with all the instruments in its site, where there is no failures to register and that sounds all very well cohesive and heavy (how it is supposed to be). The first sounds of "Gazing Into The Void", seemed that we were facing a theme drawee of the universe Triptykon, given the similarity in tone of guitar and the rhythm used, but after the entry of the voice of Koskela the doubts were well dashed. And it is here the major weak point in this band: the voice of Koskela. The chime too much torn, sound the vocalization more Black does not belong to this sound full, ultimately not reach the size and satisfactory registered in the plan instrumental.
Despite this, the sample present in "Unveiling The Shadow World" has everything to grow. In "Gazing Into The Void" and "Kingdom Of Slumber" there are good musical stretches that can become references to the sound of band.
For that, in the future, to reach higher flights, these ideas will need to continue to be well worked extending-if the new horizons and avoiding the repetition of formulae which, sooner or later, will eventually become sterile. (13/20)