sábado, 28 de agosto de 2010

Entrevista com Jarkko Toivonen (Unholy)


Ao longo dos últimos meses, os rumores sobre a existência de actividade no seio dos Unholy foi crescendo para gáudio dos fãs e seguidores do trabalho desta banda finlandesa, que ajudou a alicerçar as bases do Doom/Death Metal ao longo da primeira metade da década de 90. Os rumores deixaram de o ser e passaram a factos. Sobre este e outros assuntos, estivemos à conversa com o guitarrista Jarkko Toivonen.


A primeira pergunta que te quero fazer é: em que forma poderemos contar com o regresso dos Unholy?  Existem fortes rumores acerca da vossa reunião e o vosso myspace apenas refere que estão a trabalhar no relançamento de temas antigos...

É só uma sessão em estúdio. Gravámos novamente as nossas melhores demos com boa qualidade de estúdio.
Fazemos desse modo porque como vivemos a centenas de quilómetros uns dos outros, não há tempo para criar novas músicas. Alguns de nós têm outros empregos e família, etc, por isso não podemos ensaiar e compôr novos temas facilmente.
Fazemos novos arranjos e gravamos novamente as melhores músicas das demos. Pode levar alguns anos mas não temos pressa pois por causa da nossa situação presente (famílias, etc) é complicado fazer este EP.
Sentimos que ainda não tínhamos colocado o último prego no caixão dos Unholy. Depois disto, os Unholy poderão descansar em paz.
Regravar músicas das demos pode soar a algum truque barato, mas existem algumas destas que estão incompletas e que nos têm assombrado durante décadas, agora é tempo de as gravar de novo.
Durante todos estes anos, aprendemos imenso sobre composição. Tecnicamente, as nossas competências musicais estão a anos-luz do tempo das demos e por exemplo, eu realizei e produzi cerca de 20-30 álbuns durante estes anos, por isso também tenho conhecimentos nessas áreas. Sei que não é a perfeição técnica que faz um bom álbum. É o espírito combinado com as competências, especialmente competências de arranjos/composição. Se todos os componentes referidos anteriormente funcionarem em conjunto, então não surgirão quaisquer problemas em fazer o bom “último prego a colocar no caixão”.
 
O que fez com que se juntassem de novo, após 7 anos, aproximadamente? É a formação inicial, suponho?
 
Falámos numa reunião pela primeira vez à 3 anos. Primeiro o Jan (Kuhanen, bateria) e o Ismo (Toivonen, guitarra e teclas) demonstraram interesse, depois disseram que não; então restávamos eu e o Pasi (Äijö, voz e baixo). Com o Pasi, pensámos contratar alguém para a bateria, mas após alguma discussão com todos os membros, decidimos manter o alinhamento inicial: eu, o Pasi, o Ismo e o Jan.
Se não estivessem o Jan e o Ismo, teríamos gravado estas músicas sob o nome de Holy Hell, porque sem o Jan e o Ismo nunca poderíamos ser Unholy.
Como já disse, é colocar o último prego no caixão e depois terminou. Deixa de haver um fantasma do passado, de vez.

Novos lançamentos estarão a caminho este Verão. As velhas demos dos Unholy vão para o mercado em vinil com um booklet. São apenas as músicas dos Unholy ou terá algo de especial, tal como alguns temas de Holy Hell?

Os novos lançamentos terão todas as músicas de todas as demos remasterizadas num estúdio profissional. Sim, também terá temas de Holy Hell mais um booklet que cobre os anos 1986-2010 com a ” Complete History of Unholy”. Terá à volta de 50 páginas ou talvez mais quando ficar “completo” como o título indica: "novos comentários e revelações “deliciosas” dos membros originais. Prometemos que vai ser muito interessante..." (como comentado nos nossos sites oficiais).

Deixaste a informação na internet de que “Rapture” e “Gracefallen” serão relançados. Podes dizer algo acerca disso? Está na sequência do lançamento das demos, da estratégia da vossa reunião ou é apenas uma coincidência?

O Vince dos Evoken contactou-me e disse que a AG os havia descartado e perguntou se estaríamos interessados em assinar com a sub-editora daRelapses e disse-me que pediria um acordo com eles se estivesse interessado. É claro que eu disse que sim e através do Vince a Relapse contactou-me e disse-me que iriam adquirir os direitos de copyright dos Unholy à AG. O que não aconteceu visto que a Peaceville foi mais rápida e comprou praticamente toda a AG, assim como compraram também todos os direitos de copyright de cada banda da AG. Muitos agradecimentos ao Vince porque sem ele a Relapse não teria lançado o nosso merchandise. Mas como o negócio da Relapse falhou devido à AG não ter informado as suas bandas que a Peaceville detinha os seus direitos, terminámos o negócio de merchandising com a Relapse. Camisolas e o merchandise habitual da banda que seriam lançados pela Relapse nos meses que viriam. Todo este projecto foi a soma de coincidências. A Peaceville comprou os nossos direitos e não soubemos disso até alguém nos informar que todas as bandas da AG tinham sidos vendidas à Peaceville. Na altura, contactei a Peaceville para saber se iriam lançar algum do nosso material. Eles não tinham a certeza até que finalmente disseram-nos que iriam relançar todos os álbuns: "From the Shadows" , The Second Ring of power", "Rapture" e "Gracefallen" para empresas como a Amazon, Itunes, etc. Os álbuns dos Unholy em MP3. No caso das demos, as empresas  Northern Heritage e a Rusty Crowbar perguntaram-nos se estaríamos interessados em lançar as demos em LPs duplos de capa desdobrável. Respondemos que sim visto que este tipo de demos são difíceis de encontrar para além de que pensámos que os fãs dos Unholy poderíam obter estas  também com a melhor qualidade de som. Não houve estratégias, as coisas foram acontecendo.

Pessoalmente, como vês os Unholy após todos estes anos: activos ou inactivos?

Fico admirado como, de repente,  grandes editoras como a Peaceville e a Relapse demonstraram interesse em lançar o material do enterrado e esquecido grupo underground,  Unholy. Nunca trabalhámos tanto com os Unholy como agora. Um dia habitual de trabalho tem à volta de 12-16 horas, 7 dias da semana.

Desde que deixaste a banda, em 94, qual foi a tua relação com a música para além dos Tiermes e dos Temple de Tiermes?

Os Unholy apenas se separaram, ainda que exista alguma informação na internet dizendo que fui expulso ou que deixei a banda porque estava aseguir um caminho mais comercial. Esta informação está incorrecta. Acerca deste tema, haverá mais informações no livro “Complete History of Unholy”, onde também haverá informação mais actualizada basicamente acerca de tudo. 
Tiermes e o Temple Of Tiermes: eram/são apenas as minhas outras bandas. Já não faço nada nos Tiermes, simplesmente porque não gosto das ideias do  Jussi Saivos. Então, deixei a banda e comecei a trabalhar com os Temple of Tiermes. É o meu projecto a solo por isso posso fazer o que quiser sem ninguém a dizer-me o que fazer. Tudo é baseado em improviso puro. Por exemplo, a última tourné na Lituânia foi feita sem preparação, sem conceito. Apenas subi ao palco e toquei.

Como vês o Doom Metal em geral, na Europa e na Finlândia, em particular? As coisas mudaram em 20 anos? De que modo vês um país tão aberto a estes tipo de sonoridade extrema?
 
Eu não acompanho muito o género actualmente. O que fez com que a Finlândia se enchesse de metalheads foi após os Lordi terem ganho o Festival da Eurovisão, esse tipo de metal tornou-se “aceitável”, pode-se ouvir metal em todas as estações de rádio na Finlândia.
Outras bandas, como os Nightwish, HIM e Children of Bodom são famosos, por isso eles também tornaram o metal  mais aceitável. Até existem missas metálicas nas igrejas hoje em dia. A Finlândia foi sempre  um país de música triste e melancólica visto que o verão apenas dura 3 meses e depois chega a escuridão. Não admira que os músicos façam música depressiva.

Agora, olhando para o futuro. Que planos estão reservados para esta banda? Haverá a
possibilidade de fazer uma digressão pela Europa ou apenas alguns concertos? Estão a trabalhar em novo material e o lançamento de um novo álbum poderá estar no horizonte?

Não. Apenas este EP e ficamos por aqui.

Queres deixar alguma mensagem ou informação? Este espaço é teu!

Comprem estes vinis com o booklet e terão toda a informação de que precisam para conhecer os Unholy.
Muito obrigado por esta entrevista.

English:

The first question that I need to make is: in which form are Unholy coming back? There are strong rumours about your reunion, your myspace only says that you’re working on a new release of the ancient material…

It’s just one studio-session. We recorded our best demo-tracks again at some good quality studio.
The main reason for this is that there’s no time to arrange new songs, as we live hundreds of kms away of each other. Some of us have job and family, so we can’t go to rehearsal and compose new songs just like that. 
We re-arranged and recorded the best demo-songs again. Making this EP might take few years as there’s no hurry and because of these present situation (families, etc) it is complicated to make this EP.  
We feel we haven’t put the last nail in Unholy’s coffin so this is it, after this Unholy may rest in peace.
Recording demo-songs again may sound some cheap trick, but as these unfinished demo-songs have been haunting us for decades it’s finally time to record ‘em again.
During all these years we have learned a lot of composing, technically our playing skills are light years ahead of demo-days and fex I have engineered and produced about 20-30 albums during these years, so I have knowledge of these things too. I know it’s not technical perfection that makes a good album. It’s the spirit combined with skills, especially skills to arrange/compose. If all above mentioned things work together, then there should be no problems to make good "last nail in the coffin".

After seven years, approximately, what made you reunite? It’s the classical line up, I suppose?

We were talking about re-union first time about 3 years ago. First, Jan (Kuhanen, drummer) and Ismo (Toivonen, guitar and keys) were interested then they said no, so then there was me and Pasi (Äijö, vocals and bass). 
With Pasi we thought we could use some hired gun for drums, but after some discussion with all members we ended up with the decision to do it with the original line up: me, Pasi, Ismo and Jan.
If there wouldn’t be Jan and Ismo we would record these songs under the name Holy Hell as without Jan and Ismo it wouldn’t be Unholy.
Like I said, last nail in the coffin and then it’s over. No ghost from past haunting anymore.

New releases are on the way right for this summer. The Unholy’s old demos are going to hit the market in vinyl with a booklet. It’s just Unholy songs or this will bring something special, like a few tracks of Holy Hell?

There will be all songs from all demos re-mastered at pro-studio. Yes, Holy Hell too plus a booklet covering years 1986-2010, which is “Complete History of Unholy”. It’s about 50 pages long, maybe more as its “complete..” like the title says.  new comments and “delicious” disclosures from original members. We promise, it’s going to be very interesting…  (like commented in our official sites).

You gave the information on internet that “Rapture” and “Gracefallen” will be re-released. Can you tell us something about that? Is it in the sequence of the demos’ release, in the strategy of your reunion or it’s just a coincidence?

Vince, of Evoken, contacted me and told me that AG has ripped ‘em off and asked if we were interested to sign with Relapse’s sub-label, and told me that he asks for deal with this sub-label, if I was interested. Of course, I said yes and via Vince, Relapse contacted me and told they’re going to buy Unholy copyrights from AG. It didn’t happen, as Peaceville was faster and bought practically whole AG as they bought copyrights of every single band from that label.
Many thanks to Vince, without him Relapse wouldn’t release our merchandise. As Relapse’s deal failed due AG didn’t inform their bands that Peaceville owns their copyrights we ended up merchandise deal with Relapse. Shirts and the usual band merchandise released by Relapse in coming months.
This whole project is sum of coincidences. Peaceville bought our copyrights and we didn’t know about it till someone informed us that all AG-bands were sold to Peaceville. Then, I contacted Peaceville if they were going to release any material from us; they weren’t sure but, finally, they told us they will re-release all full-lenghts ; "From the Shadows" , The Second Ring of Power", "Rapture" and "Gracefallen" + for digistros like Amazon, ITunes etc, Unholy albums as MP3's . For demos, Northern Heritage and Rusty Crowbar asked if we were interested to release demos as gatefold double pic Lp's. Our answer was yes, because these demos are hard to find plus we thought now Unholy fans can get these demos too, with best possible sound-quality. No strategies, things just happened.     

Personally, how do you see Unholy after all the years active and inactive?

I’m amazed as suddenly big labels like Peaceville and Relapse showed interested to release material for buried and forgotten underground-group Unholy. We haven’t worked with Unholy this much ever. Usual workday is between 12-16hrs/day-7 days a week.

Since you left the band, in ’94, which were your relation with music beyond Tiermes and Temple Of Tiermes?

Unholy just split up, though there are some info on internet saying that I was kicked out or I left the band, because it went into a more commercial direction. This is wrong info.  About this issue there will more info in “Complete History of Unholy”, plus more updated info basically about everything concerning Unholy.
Tiermes and Temple Of Tiermes : they are/were just my other bands, I don’t do any Tiermes stuff anymore, simply because I don’t like Jussi Saivos’ ideas. So I left the band and started working with Temple Of Tiermes. Temple Of Tiermes is my solo-project so I can do whatever I want, as there’s no one telling me what to do and what not. Everything is based in pure improvisation. For example, the last gig at Lithuania was done with no preparing, no concept, I just entered stage and played.
 
How do you see the actual Doom Metal scene in general and the Doom/Death Metal scene in Europe and in Finland, particularly? In 20 years, things changed? In which ways do you see it in a country so open to this extreme sounds?

I don’t follow present scene. What comes to Finland being full of metalheads; As Lordi won Eurovision song contest, after that metal came "acceptable" you can listen metal at all radio-stations in Finland. Nightwish, HIM and Children of Bodom are famous, so they also made metal more acceptable. There’s even metal masses at churches nowadays.
Finland has been always being country of sad and melancholic music, as summer lasts 3 months and then comes darkness. No wonder musicians do depressive music .

Looking to the future, now. What plans are reserved for the band? Is there a possibility to make an European tour or just a few concerts? Are you working on new material and a release of a new record is on the horizon?

Nope, just this EP and that’s it.

Any message or information that you’d like to leave here? This is your space!
Buy these vinyl’s with booklet and there’s all info you need to know of Unholy.
Thanks very much for this interview.

Nenhum comentário:

Postar um comentário