Mostrando postagens com marcador Gothic/Doom Metal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Gothic/Doom Metal. Mostrar todas as postagens

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ab Reo Dicere: Aut Mori + My Indifference To Silence + Astral Sleep

Aut Mori - Pervaja Sleza Oseni

Em 2009, os Auto-de-Fé viram uma boa parte dos seus elementos em debandada e a darem origem a projectos como estes Aut Mori ou reforçando os Sea of Despair. Se estes têm já uma série de lançamentos, aqueles apresentam-se às hordes com este álbum moldado em oito segmentos onde reinam o doom e o gótico, naquela (e)terna dualidade bela vs monstro, onde as guitarras soam chorosas e as teclas marcam os temas com as suas texturas e ambientes. Pois bem, está visto que o ouvinte não irá encontrar, aqui, grandes, ou mesmo nenhumas, novidades. Este, foi um filão largamente explorado desde há alguns anos e já teve o seu devido hype, já consagrou algumas bandas (e, também, algumas carinhas larocas), tem os seus álbuns de referência e, no entretanto porque isto é mesmo assim, começou a entrar na sua curva descendente. Portanto, estes russos entram neste barco já na fase em que o velame está já muito poído pela acção dos ventos, a mastreação range demasiado e o casco já conheceu melhores dias. Isto não quer dizer que estamos perante um mau trabalho; muito pelo contrário. Temas coesos, com uma matriz definidora do princípio ao fim quanto à abordagem musical pretendida, sem grandes divagações e perdas de tempo desnecessárias, criando um todo bastante homogéneo, ao qual Jerry Torstensson, dono do banquinho da bateria dos Draconian e Olof Göthlin que também participou no último álbum da banda sueca, não serão alheios. No entanto, a segunda metade deste opus torna-se um pouco monótona - onde a excepção é mesmo 'Jelegija Bezmjatezhnosti', uma das melhores malhas de todo o álbum a par de 'Nebo' -, perdendo um bocado a capacidade de captar a nossa total atenção.
'Pervaja Sleza Oseni', ou melhor 'First Tear of Autumn', não irá trazer nada de novo ao movimento gothic/doom, mas mostra-se um registo sólido ao qual faltam dois ou três momentos que nos deixem de queixo caído e permitam ao colectivo ganhar o seu espaço e reconhecimento. Os ventos poderão mudar, mas isso também passa pelos Aut Mori. (11.8/20)

Tracklist:
01. Pervaja Sleza Oseni
02. Moja Pesnja – Tishina
03. Nebo
04. Prowaj
05. Moj Vechnyj Dozhd’
06. Zhdi
07. Jelegija Bezmjatezhnosti
08. Na Scene Osen’



Link: https://www.facebook.com/autmoriband
         http://solitude-prod.com/



My Indifference To Silence - Horizon Of My Heaven

O que é que têm em comum On The Edge Of The NetherRealm e os My Indifference To Silence? Vladimir Andreev. Ou melhor, são duas abordagens musicais de Vladimir Andreev. Simplificando: On The Edge Of The NetherRealm é agora My Indifference Oo Silence. Mas tudo continua como antes, uma one man band.
E sim, há substanciais diferenças entre os dois. Se num havia lugar para a melancolia com os seus pianos que depois desembocavam em paredes de som fortes e vozes limpas cohabitavam com esparsos guturais, no outro entramos em terrenos mais agrestes, mais frios e obscuros. Larga-se a toada de pendor atmosférico e abraça-se o doom/death de tendências um pouco mais funéreas, à boa moda do que temos vindo a acompanhar nos sons que nos chegam da Rússia e países fronteiriços.
'Horizon of My Heaven' despe-se daquela aura mais emocional que se encontra em 'Different Realms' e resulta num álbum mais directo e mais unidimensional, ou seja, é sempre breu do princípio ao fim - embora ali pelo meio em 'Around You' e 'Your Easy Death' a coisa se torne um pouco mais ligeira, em abono da verdade.
'Decline of Your Consciousness' abre-nos as portas para a escuridão e aquele intermezzo acústico, chamemos-lhe assim, deixa-nos respirar após o forte embate antes de nos atirarmos de cabeça para o que falta desta malha inicial e prepara-nos para os 50 minutos restantes. Aqui, não há espaço para vozes doces, à excepção de breves trechos ao estilo spoken word, e a maior pecha vai mesmo para a falta dos temas respirarem e crescerem um pouco mais, podendo conferir uma maior dimensão a estes temas, uma boa amostra de como se pode criar bom doom/death sem estar sempre a olhar para a cartilha do costume.
Sem ser sublime e longe da perfeição, 'Horizon of My Heaven' cumpre, inapelavelmente, apresentando um leque de temas que não soam iguais entre si, com variações melódicas interessantes, mantendo a fasquia sempre num nível alto, tornando este álbum num momento bem agradável. (15/20)

Tracklist:
01. Decline Of Your Consciousness
02. For You
03. Scream Of Despair
04. Around You
05. Your Easy Death
06. Horizon Of My Heaven
07. Falling Stars
08. I Lost Myself
09. We’re All On The Other Side




         http://solitude-prod.com/



Astral Sleep - Visions

A parada está alta? Após dois EPs e um álbum que pouco mais roçaram do que a mediania, os finlandeses Astral Sleep regressaram em 2012 com um trabalho que, certamente, irá agradar a muita boa gente.
'The Towers' abre o disco e contém uma daquelas malhas que nos deixa esmagado. A voz sensaborona do passado dá lugar a um rugido simpático e, de repente, damos por nós a pensar que a dieta deste quarteto passou pelos melhores trabalhos dos Evoken e Mournful Congregation. Apesar de tudo, nota-se que o nível de intensidade vai baixando à medida que caminhamos para 'Channel Sleep'; outros tipos de voz são utilizados, nem sempre resultando com a mesma eficácia, mas o impacto dos primeiros minutos é por demais positivo.
'Channel Sleep' podia muito bem fazer parte de 'Unknowing', mas seria uma ilha. Aqui, apesar das diferenças para os restantes temas, encaixa e evidencia que a banda alargou horizontes e evoluiu nos terrenos mais melódicos em que se sente mais confortável. Parece um tema de «altos e baixos», mas está aí espelhada muita da criatividade do quarteto. O único senão vai para o piano inicial, desconcertante.
'Visions' vem na linha musical do tema anterior, mas revela-se o passo menos entusiasmante do álbum, ainda que contenha apontamentos interessantes, mas esparsos.
A fechar, '…They All Await Me When I Break The Shackles Of Flesh', tenta fazer a súmula, mas parece perder-se um pouco e, mais uma vez, a utilização de vários registos vocais não abona em favor do tema.
Com este segundo álbum, os Astral Sleep dão um salto qualitativo substancial relativamente a tudo o que fizeram no passado. A paleta de influências ainda está bem presente e a tentativa de encaixar muitas ideias num só tema também não resulta sempre bem, faltando ali um crivo que seleccione as ideias que se coadunem a um determinado tema, acabando por criar alguns momentos algo enfadonhos. Contudo, o saldo é bem positivo ao qual não podemos negligenciar uma produção mais efectiva. Bons indícios para trabalhos futuros. (14/20)

Tracklist:
01. The Towers
02. Channel Sleep
03. Visions
04. …They All Await Me When I Break The Shackles Of Flesh




         http://solitude-prod.com/

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

My Dying Bride - A Map Of All Our Failures

Eles estão de regresso! Pois, esta exclamação pode ter algumas interpretações e vamos deixá-las para os que tomarem contacto com estas linhas.
Vinte anos volvidos sobre a edição de 'As the Flowers Withers', o colectivo de Halifax continua a mostrar a sua propensão para escrever bons temas, alguns mesmo que correm o risco de se tornarem incontornáveis nos concertos e nas colectâneas num pós-morte da noiva. Bons temas, sim; e neste registo a prova fica dada logo ao primeiro tema, 'Kneel Till Doomsday', onde toda a beleza e elegância musical abre-se, sem rodeios, ao mundo e a poética rubra de Stainthorpe expõe-se a nossos pés, começando a consumir-nos, lentamente, nessa aura que só mestres conseguem. Depois, é um escorrer de contos de belo horror, sofrimento e tristeza; de cenários cinzentos, luzes turvas e águas lentas, melancólicas. Sim, os My Dying Bride são isso tudo e não têm rival. Todos os ingredientes estão lá: as guitarras lancinantes, sofridas, que se entrelaçam nas palavras; o violino e os teclados que conferem "aquele" ambiente e fazem de 'Like A Perpetual Funeral' e 'Within The Presence Of Absence' algo de maior.
Mas será este um bom álbum? Não há maus álbuns na carreira dos My Dying Bride, se quisermos ser "politicamente correctos". 'A Map Of All Our Failures' recupera algum do espírito de 'Songs Of Darkness, Words Of Light', mas já não se sente a irreverência da primeira mão-cheia de discos. Neste momento, parecem jogar pelo seguro, arriscam até onde querem, têm a noção do seu enorme passado e avançam não tanto pelas águas turvas e agitadas sobrevoadas por corvos, como, se calhar, gostaríamos. No entanto, ainda bem que 'A Map...' nos chega às mãos. É sinal que a noiva ainda se digladia, angustiada. Outros houve, em correntes menos tempestuosas, que já pereceram. (14.2/20)

Tracklist:
01. Kneel Till Doomsday
02. The Poorest Waltz
03. A Tapestry Scorned
04. Like A Perpetual Funeral
05. A Map Of All Our Failures
06. Hail Odysseus
07. Within The Presence Of Absence
08. Abandoned As Christ



Link: http://www.mydyingbride.net/
         http://www.peaceville.com/mydyingbride/amapofallourfailures

domingo, 5 de junho de 2011

Ava Inferi - Onyx (2011)

Quase dois anos após o lançamento de "Blood Of Bacchus", os portugueses Ava Inferi regressam ás lides discográficas com mais um punhado de temas na senda do Gothic/Doom Metal, sempre bem melancólico, embalados pela voz de Carmen Simões e pelas seis cordas de Rune Eriksen. Quem já tomou contacto com anteriores trabalhos da banda não ficará totalmente surpreendido com o que irá ouvir. No entanto, este quarto longa-duração evidencia um estado de maturação considerável, em que este "Onyx" demonstra a banda a chegar a um estado adulto, com ideias bem delineadas, trabalhadas e qualitativamente significativas. Se olharmos para trás, desde o primeiro registo, em 2006, "Burdens", veremos uma notória mas segura evolução musical, à medida que o som dos Ava Inferi foi sendo forjado, sempre assente no trabalho de guitarra de Eriksen e na voz de Carmen, os pilares deste projecto.
Numa primeira audição, nota-se que não existem por aqui temas "orelhudos" como "Last Sign Of Summer", "Be Damned" ou "Viola", mas à medida que vamos interiorizando estas composições registamos uma grande coesão entre todos os oito temas que compõem esta nova proposta, resultando num todo homogéneo, mas sem perder pitada da identidade da banda. De facto, este talvez seja o álbum que de melhor forma cristaliza o som da banda.
Um outro aspecto que ressalta neste "Onyx" é a inexistência de temas em português, notória, dada a qualidade das músicas gravadas em trabalhos anteriores e que em muito espelham a melancolia sonora da banda; não podemos negar que esperaríamos um ou dois temas na língua de Pessoa, mas pérolas como "((Ghostlights))" ou "The Heathen Island" fazem-nos simplesmente ouvir repetidamente este álbum e degustar cada momento, descobrindo novos pormenores numa das obras de referência lançadas em território nacional. (15.8/20)

English:
Almost two years after the release of "Blood Of Bacchus", the Portugueses Ava Inferi always return with one more handful of songs in the path of the Gothic/Doom Metal, quite melancholic, dandled by the voice of Carmen Simões and the six strings of Rune Eriksen. Those who already took contact with previous works of the band will not be totally surprised with what they will be going to hear. However, this fourth record shows a state of considerable maturing up, in which "Onyx" demonstrates the band reaching to an adult state, with quite outlined, worked and qualitatively significant ideas. If we look backwards, from the first register, in 2006, "Burdens", we will see the well-known one but safe musical evolution, while the sound of Ava Inferi was forged, always suit the work of guitar of Eriksen and Carmen's voice, the pillars of this project.
In a first audition, we can perceive that there are not much songs that we could choose them as singles, instantly, like "Last Sign Of Summer", "Be Damned" or "Viola", but while we are internalizing these compositions one can register a great cohesion between all the eight songs that compose this new proposal, very homogeneous, but without losing pinch of the identity of the band. In fact, this perhaps is the album that in the better form crystallizes the sound of the band.
Another aspect that must be emphasized on this " Onyx " is the non-existence of songs in Portuguese, one that can be well noticed, because they showed a high level of qualitywhen the quality in previous albums and, perhaps, are the perfect mirror to the resonant sadness of the band; we cannot deny that we were waiting for one or two compositions in the language of Fernando Pessoa, but pearls I eat "((Ghostlights))" or "The Heathen Island" makes us hear simply, repeatedly, this album and taste each moment, discovering new details in one of the reference albums launched in portuguese territory. (15.8/20)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

In Peccatvm - MDLXIII (2009)

Os açorianos In Peccatvm continuam a ser um dos bastiões do metal nacional insular e um modelo de perseverança, crença e paixão pelo metal, que nos deverá fazer pensar muitas vezes que, se calhar, cuspimos no prato em que comemos. E porquê? Perseverança, crença e paixão, como foi escrito; termos e, sobretudo, sentimentos que muitos "velhos do Restelo" parecem ter esquecido perante as "facilidades" que ora se vão vendo por estes lados do continente. A esta banda, poderíamos juntar os A Dream Of Poe, Morbid Death e Requiem Laus, que não deslustrarão em nada o exposto. Ponto.
O último registo, se não contarmos com a reedição da demo de 2000 "Just Like Tears..." em 2008, data já de 2002 e foi o EP "Antília", baseado no conceito das lendas das Sete Cidades. No entanto, a longa espera valeu bem a pena, porque os sete temas que compõem este novo EP, também ele conceptual - desta feita sobre a erupção do Fogo que, em 1563, destruiu a parte central da ilha de S. Miguel -, revelam uma significativa maturação nas composições e na estrutura que deram a este trabalho. Desde o tema de abertura, "All I Am Is Fear (Prelude)", em que os sons do interior da terra, os sinos - um misto de dor e protecção/aviso -, passando pelos gritos dos micaelenses, até aos últimos sons de "So Shall Ye Wither (Outro)" que  existe um excelente encadeamento neste acontecimento musicalizado e sentimos-nos, ao mesmo tempo, envolvidos pelas músicas e os excertos do texto que relata  a tragédia, da autoria de Gaspar Frutuoso, "Saudades da Terra", do século XVI, que surgem nos temas centrais do registo, sob bases mais acústicas e atmosféricas, evidenciam que os In Peccatvm se encontram num grande momento e que MDLXIII é, até à data, o seu melhor registo em todas as suas valências, sempre dentro do espectro do Gothic/Doom Metal. Acabamos por ter , assim, reflectido um belo espelho desta tragédia sem que se abram os olhos. E quando as coisas são assim, só queremos saber qual será o próximo capítulo. (16/20)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Modern Funeral Art - Doom With A View (2009)

Os franceses Modern Funeral Art lançaram no início do ano passado o seu segundo registo em formato álbum. Inicialmente sem apoio de uma editora, vêem-se agora ligados à Apollon Records, garantindo-lhes maior visibilidade a este "Doom With A View".
O que temos neste trabalho é uma prazenteira conjugação de gothic e apontamentos doom, garantindo um registo mediano, sem grandes surpresas, rasgos de originalidade, onde o mar não se encontra muito crispado, mas que ao longo dos 40 minutos de duração não desagrada, havendo até bons apontamentos em temas como "Alexander", "Dante In The Dusty Woods" e o tema final "The Dance", onde a mistura dos estilos referidos soa melhor, face a boas linhas de guitarra e a uma secção rítmica que segura bem o tema e consegue dar-lhe a dimensão desejada. Um pequeno senão vai para a prestação vocal de Arnaud Spitz; esta, necessita de mais garra, porque perde-se, às vezes, no meio da massa sonora e o tom melódico explorado em demasia torna-se um pouco cansativo a partir do meio do álbum.
Apesar de não conter temas brilhantes, que os consiga catapultar para uma posição de grande destaque, os Modern Funeral Art que já contam com quase 12 anos de carreira, vêm confirmar que o underground francês continua bem vivo, de saúde, mostrando-se como um dos mais prolíficos da cena europeia ao longo da última década. 
E só nos resta continuar optimistas em relação a estes dois cenários, porque certamente teremos mais boas notícias em breve. (12/20)