sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Echoes Of Yul - Cold Ground

Os Echoes Of Yul têm algo de cinematográfico; e isso ficou bem patente no seu primeiro álbum, lançado em 2009, em que cada tema parecia corresponder a um determinado momento de um filme muito obscuro, com uma produção descuidada e com parcos recursos. O argumento seriam as próprias músicas e os actores apanhados desprevenidos porque não sabia que o eram.
Foi uma apresentação ao mundo em tons bem negros, deixando-nos em suspenso sobre qual o passo seguinte da dupla Jarek e Michal, no meio de uma variedade de sons bem condensada em densas atmosferas onde o drone paira, encorpando e unindo a amálgama sonora. 'From Infinity To Infinity' continuava a latejar na cabeça após o fim do disco; 'Or' tinha o mesmo efeito...
Três anos volvidos, 'Cold Ground' mostra-nos uma aposta mais firme na costela ambiental do projecto, com recorrentes passagens que nos trazem os Jesu à cabeça e, igualmente, os Nine Inch Nails ali por alturas do 'The Fragile' e onde a visceralidade que podíamos admirar na obra de estreia, muito na veia de uns Godflesh, encontra-se relegada para um nível diminuto, em que 'Libra' talvez seja o exemplo mais claro e que acaba por soar muito bem ali a meio do disco, numa altura em que este corria o risco de entrar numa linha algo enfadonha. A segunda metade deste trabalho não destoa e até ao exalar de 'Last', que representa muito bem os cinquenta e tal minutos anteriores, os sons discorrem; uns, quase indiferentes, outros, mais envolventes, mas tudo sempre coeso e ligado.
Este não é, definitivamente, um álbum que busca equilíbrios entre as facetas dos Echoes Of Yul, mas antes mais uma viagem exploratória de sons e texturas revelando-nos que a repetição não deve fazer parte do dicionário destes senhores e cada trabalho pode ser uma porta escancarada para o que lhes der na real gana. Assim seja. (14/20)

English:
Echoes Of Yul have something cinematic, and it was evident in their first album, released in 2009, in which each track seemed to correspond to a particular moment of a very dark film, under-resourced and with a mistreated production. The argument would be the songs themselves and the actors caught off guard because they did not know who they were.
It was a presentation to the world in dark shades as well, leaving us in suspense about what the next step of the duo Jarek and Michal, in a middle of a variety of sounds well condensed into dense atmospheres where the drone hovers, embodying and uniting the amalgam of sound. 'From Infinity To Infinity' still beating in the head after the end of the disc; 'Or' had the same effect...
Three years later, 'Cold Ground' shows us a bet firmer rib environmental project, with recurrent passages that bring to mind Jesu, and also Nine Inch Nails there for heights of 'The Fragile' album and where viscerality we could admire in the debut work, much in the vein of some Godflesh, is relegated to a diminished level, where 'Libra' is perhaps the clearest example and it ends up sounding quite right there in the middle of the disc, when the risk of entering in a boring line was a fact. The second half of this work does not clash until the breathe out of 'Last', which represents very well the fifty minutes of this album, the sounds discourse; ones, almost indifferent, other, more engaging, but everything always cohesive and connected.
This isn’t, definitely, an album that searches for balances between all the facets of Echoes Of Yul, but it is more an exploratory trip of sounds and textures revealing to us that repetition should not be part of the dictionary of these gentlemen and each record can be a gateway wide open to do what they want. So be it. (14/20)

Tracklist:
01. Octagon
02. Foundations
03. The Tenant
04. Crosses
05. Numbers
06. Haunebu
07. Libra
08. Save Yourself
09. The Plane
10. The Message
11. Cold Ground
12. Chrome
13. Last




sexta-feira, 19 de outubro de 2012

My Dying Bride - A Map Of All Our Failures

Eles estão de regresso! Pois, esta exclamação pode ter algumas interpretações e vamos deixá-las para os que tomarem contacto com estas linhas.
Vinte anos volvidos sobre a edição de 'As the Flowers Withers', o colectivo de Halifax continua a mostrar a sua propensão para escrever bons temas, alguns mesmo que correm o risco de se tornarem incontornáveis nos concertos e nas colectâneas num pós-morte da noiva. Bons temas, sim; e neste registo a prova fica dada logo ao primeiro tema, 'Kneel Till Doomsday', onde toda a beleza e elegância musical abre-se, sem rodeios, ao mundo e a poética rubra de Stainthorpe expõe-se a nossos pés, começando a consumir-nos, lentamente, nessa aura que só mestres conseguem. Depois, é um escorrer de contos de belo horror, sofrimento e tristeza; de cenários cinzentos, luzes turvas e águas lentas, melancólicas. Sim, os My Dying Bride são isso tudo e não têm rival. Todos os ingredientes estão lá: as guitarras lancinantes, sofridas, que se entrelaçam nas palavras; o violino e os teclados que conferem "aquele" ambiente e fazem de 'Like A Perpetual Funeral' e 'Within The Presence Of Absence' algo de maior.
Mas será este um bom álbum? Não há maus álbuns na carreira dos My Dying Bride, se quisermos ser "politicamente correctos". 'A Map Of All Our Failures' recupera algum do espírito de 'Songs Of Darkness, Words Of Light', mas já não se sente a irreverência da primeira mão-cheia de discos. Neste momento, parecem jogar pelo seguro, arriscam até onde querem, têm a noção do seu enorme passado e avançam não tanto pelas águas turvas e agitadas sobrevoadas por corvos, como, se calhar, gostaríamos. No entanto, ainda bem que 'A Map...' nos chega às mãos. É sinal que a noiva ainda se digladia, angustiada. Outros houve, em correntes menos tempestuosas, que já pereceram. (14.2/20)

Tracklist:
01. Kneel Till Doomsday
02. The Poorest Waltz
03. A Tapestry Scorned
04. Like A Perpetual Funeral
05. A Map Of All Our Failures
06. Hail Odysseus
07. Within The Presence Of Absence
08. Abandoned As Christ



Link: http://www.mydyingbride.net/
         http://www.peaceville.com/mydyingbride/amapofallourfailures

sábado, 13 de outubro de 2012

Narrow House - A Key To Panngrieb

Das cinzas dos obscuros Funestum chegam à luz do dia estes Narrow House e o seu opus de estreia 'A Key To Panngrieb', com o carimbo da Solitude Productions. Quem tomou contacto com a primeira encarnação desta banda ucraniana, poderá ficar já com uma ideia do território onde estes novos temas se movimentam, embora aqui imbuídos de ambientes mais atmosféricos, bem na linha dos Comatose Vigil ou dos Abstract Spirit, por exemplo. E a páginas tantas, parece que estamos a ouvir essas bandas, dada a fórmula empregue - bem sabemos que é bastante complicado ser inovador e original neste estilo musical -, mas as comparações acabam por serem quase inevitáveis.
Ao longo destes 45 minutos de degredo funéreo, a «escola russa», chamemos-lhe assim, apresenta-se em boa forma; quatro temas tocados de forma muito competente, bem estruturados, com um bom equilíbrio entre as teclas e as guitarras e uma voz bem gutural que, esparsamente, alterna com um tom límpido e a pender um pouco para o tortuoso.
A tudo isto, é necessário acrescentar que, apesar deste registo ver somente agora a sua edição, todo ele foi gravado em 2010, com elementos que actualmente já não fazem parte da banda, o que nos fará antever alguma mudança sonora em próximos trabalhos.
Sem ser um álbum transcendental, 'A Key To Panngrieb' acaba por ser de agradável audição, sem grande originalidade, mas bastante sólido; pontos que abonam em seu favor, embora esteja sempre presente a ideia que já ouvimos algo muito parecido anteriormente. (12.2/20)


Tracklist:
01. Последнее Пристанище
02. Псевдорятунок
03. Стеклянный Бог
04. Под Маской Этой 



         http://solitude-prod.com/





































           

domingo, 7 de outubro de 2012

Islands - Islands


 Da Austrália chegam-nos os Islands, um recente projecto que anda em torno do post-metal, tomando como principais referências neste trabalho de estreia os Isis e os Cult Of Luna. Sem serem originais ou demasiado ambiciosos, empregam nestes cinco temas os cânones que ditaram a construção desta sonoridade e o resultado final acaba por ser até bastante razoável, com bons momentos, destacando-se 'Clouds Mistaken For Smoke', a súmula destes quse 50 minutos de música. A descobrir, para os fãs do género e todos os outros que gostem de uma investidazinha neste território.





Tracklist: 
01. Golden Path
02. Hand Built View
03. Clouds Mistaken For Smoke
04. March
05. I, Destroyer




terça-feira, 2 de outubro de 2012

Painted Black - You Tube Channel



Após o lançamento do seu álbum de estreia, 'Cold Comfort', uma das melhores propostas do panorama Nacional em 2010, e sequente divulgação e ampla promoção do mesmo por terras lusas, os Painted Black encontram-se, neste momento, numa fase de menor exposição, concentrando-se naquele que será o seu segundo registo, ainda sem nome ou data de lançamento definido.
No entanto, a banda continua a mostrar sinais de actividade e acaba de lançar o seu próprio canal no You Tube, o Painted Black Video Blog - http://youtu.be/yfQwkNIL2Go -, onde é possível estar a par de notícias e outros desenvolvimentos relacionados com a banda, bem como deixar mensagens ou simples comentários sobre os vídeos colocados.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Huata - Atavist Of Mann

Já não é novidade nenhuma que, a nível musical, as composições de hoje olham muito para o passado; o retro está na moda, de facto. E, portanto, não é de estranhar que comecem a pulular por esse mundo fora dezenas de projectos que vão beber às décadas de 60 e 70, prestando culto ao psicadelismo e ao legado sabbathiano, que depois se misturam com influências mais recentes (leia-se, desde já, uma adoração pelos Electric Wizard).
Pois, estes franceses Huata encaixam bem no cenário atrás descrito, revelando um álbum de estreia carregadinho de peso, fumo e arestas vivas, agrestes, esperando por seguidores e ouvintes que se deixam enfeitiçar como se estivessem no meio de um ritual de adoração a forças diabólicas, em que a segunda metade de 'Thee Imperial Wizard' e 'Testi sum Capri' serão a banda-sonora perfeita para essa celebração.
Este, não será um álbum difícil para quem está familiarizado com as ondas do stoner/doom, encontrando por aqui mais um belo motivo de regozijo para mostrar que ainda se produzem algumas coisas boas e que a fonte Electric Wizard continua a povoar as lides musicais de muito boa gente; embora nos caso dos Huata não estejamos perante uma cópia chapada de um 'Witchcult Today', por exemplo, dada a vontade de criar algo com um cunho próprio sem colocar em cheque a sua identidade.
Assim, 'Atavist of Mann' acaba por ser um trabalho que, não trazendo surpresas também está longe de ser uma desilusão ou um longo déjà vu, sendo capaz de proporcionar um bom bocado e mostrar uma banda sabedora do caminho que quer fazer. (13.9/20)

Tracklist:

01. Lords of the Flame
02. Operation Mistletoe
03. Thee Imperial Wizard
04. Testi sum Capri
05. Templars of the Black Sun
06. Fall of the 4th



sábado, 8 de setembro de 2012

Obsidian Sea - Between Two Deserts

Se a memória não nos atraiçoa, da Bulgária nunca brotou nenhum projecto de nomeada, daqueles que marcam a história do Metal e arrastam milhares de fiéis, apesar de estar a meio caminho entre a Alemanha e a Grécia, dois países com fortes raízes e bandas neste panorama.
De facto, ao longo desta última década, com toda a crescente quantidade, visibilidade e actividade que a cena do leste europeu proporcionou - e continua a jorrar como uma infindável torrente de lava -, ainda era possível notar a existência de algumas lacunas, alguns países que não estavam a acompanhar este boom, chamemos-lhe assim.
Não sabemos se estes Obsidian Sea almejam algo do género, ou se buscam feitos mais modestos, mas o facto de terem o seu primeiro longa-duração com o selo e distribuição da Solitude Productions certamente ajudará a que a sua música chegue a um mais alargado leque de ouvintes.
E o que nos traz este duo de Sofia? Pois bem, um conjunto de nove temas de doom na sua linha mais tradicional, com uns toques de epic (já estão a ver: Candlemass, Reverend Bizarre, Saint Vitus ou Solitude Aeturnus, por exemplo) que, apesar de não serem arrebatadores ou conseguirem ombrear com outros lançamentos do género, mostram um conjunto de ideias bem definidas aplicadas a composições coesas, sóbrias e estruturadas, ficando somente um pequeno travo a amargo pelo facto de não terem arriscado um pouco mais, dado mais algum dinamismo a alguns temas, acabando o todo por se tornar um tanto ou quanto previsível e a roçar o monótono; as excepções vão mesmo para 'Impure Days', onde foi «colado» um andamento mais rápido que até parece ligeiramente desajustado, por incrível que pareça relativamente ao que referimos acima, e o final de 'Beneath' num quasi mid-tempo. Por sua vez, é em 'The Seraph' e 'Curse of the Watcher' que podemos encontrar os riffs mais conseguidos destes 55 minutos.
Um dos pontos que também não ajuda este registo é a produção, um tanto ou quanto limitada, não deixando os temas respirarem e terem uma outra dimensão, que lhes poderia granjear mais alguns louros.
No entanto, a ideia a reter é a que estamos perante boas ideias e potencial sonoro. Basta que haja alguma maturação e "aquele" toque de inspiração que faça os Obsidian Sea erguerem-se a um patamar mais elevado. (12/20)

Tracklist:

01. At The Temple Doors
02. Mountain Womb
03. The Seraph
04. Impure Days
05. Curse Of The Watcher
06. Absence Of Faith
07. Second Birth
08. Beneath
09. Flaming Sword



         http://solitude-prod.com/

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Katabatic - Heavy Water


Quem dá de caras - ou de ouvidos - com o primeiro álbum dos portugueses Katabatic, nem se apercebe que a banda votou-se ao silêncio nestes últimos anos, após o lançamento do EP 'Vago', dada a entrada em media-res com 'Wonder-Room', um tema pujante, com uma grande cadência rítmica e apostado em segurar o ouvinte durante os 45 minutos seguintes, administrando-lhe uma bela dose de post-rock, bem na veia de uns Explosions In The Sky que se encontram no mesmo estúdio com os Mono e os Isis e decidem fazer umas jams.
Pois bem, o quarteto lisboeta explora todas estas vertentes e mescla-as de forma bem interessante e dá-lhe um cunho pessoal, que pode bem vir a ser o ponto diferenciador no futuro entre os seus trabalhos e os de variadíssimas bandas medianas que pululam por esse mundo fora.
O nível do álbum mantém-se bastante constante, interessante, sem temas que ganhem muito destaque e sem fillers, dando a impressão de existir uma inter-ligação, um fio condutor comum a todos os temas, o que acaba por ser uma característica dos registos deste tipo.
'Heavy Water' aposta um pouco mais em temas fortes, com guitarras mais 'à frente', apoiadas numa secção rítmica segura e que responde à exigência destas composições. Estes momentos são contrabalançados por passagens mais calmas, onde pontificam as guitarras limpas, capazes de nos transportar em pequenas viagens através das suas notas delicadas, de crescendos, de alguns efeitos que aqui e ali polvilham esta trama; e nela nos deixamos enredar até que 'Abandónica' chega ao fim e nos pousa no chão ao mesmo tempo que nos convida para a «urgência» de 'Wonder-Room'.
Válido, muito válido e para degustar durante longo tempo. (14.8/20)

Tracklist:

01. Wonder-Room
02. Light Hexagons
03. Morsa
04. Anova
05. Heavy Water
06. Girlaxia
07. Abandónica




         http://www.ktbtc.com/
         http://www.ragingplanet.pt


Evoken - Atra Mors

Longa se tornava a espera. Longa, no sentido temporal. Longa, na expectativa do passo seguinte a 'A Caress Of The Void'. Longa, pela ausência de um dos pilares do movimento funeral doom.
A espera chegou ao fim. Resultado: oito temas. Oito temas? Não. Oito momentos nos deixam de queixo caído logo à primeira audição, mostrando uns Evoken de volta à excelente forma - a enorme qualidade dos seus álbuns nunca se discutiu, embora 'A Caress Of The Void' não tenha conseguido na plenitude o fulgor de 'Quietus' ou 'Antithesis Of Light' -, levando-nos, desde já, a admitir que este quinto longa-duração entrará directamente para o grupo de clássicos da banda e de todo o movimento musical no qual se inserem. Para que as dúvidas se dissipem - ou certezas se confirmem -, escutem 'Grim Eloquence' e, a fechar, 'Into Aphotic Devastation' e poderão verificar que a coesão, qualidade de composição e sentido de melodia continuam imaculadas, sem perder uma ponta da agrura e aspereza presente em registos anteriores, sem comprometer um milímetro que seja a identidade do quinteto de Nova Jérsia. E não ficam por terrenos conhecidos; nunca foi esse o seu apanágio. Aqui, regista-se mais um passo em frente, com as teclas a ganharem mais força, contribuindo em grande parte para aquele ambiente melancólico e, ao mesmo tempo, extremamente depressivo e pútrido que a banda tão bem consegue concretizar. Os temas continuam a encaixar muito bem com a voz de John Paradizo, nos seus diferentes registos, que mais uma vez faz-se acompanhar por um punhado de textos bem negros, onde a vida rasteja no mais vil caminho lamacento.
Em suma, quem já sabe 'do que a casa gasta', ficará muito feliz com Atra Mors e para quem este é o primeiro contacto com os Evoken acreditamos que andará azoado das ideias bastante tempo. Por aqui, um dos lugares do pódio já deve estar atribuído.
Ah!..., e a Profound Lore não poderia ter melhor álbum para comemorar o seu 100º lançamento. (18.4/20)


Tracklist:

01. Atra Mors
02. Descent Into Chaotic Dream
03. A Tenebrous Vision
04. Grim Eloquence
05. An Extrinsic Divide
06. Requies Aeterna
07. The Unechoing Dread
08. Into Aphotic Devastation






Link: http://www.facebook.com/pages/Evoken-Official/91505789372?ref=ts

Fatum Elisum - Homo Nihilis (2011)


Dois anos após a promissora demo que mostrou os Fatum Elisum ao mundo, eis que a banda de Rouen lança o seu primeiro disco, através da britânica Aesthetic Death.
Ao longo destes 5 temas, ou melhor um intro e quatro longos temas, o que ressalta à primeira vista é a inclusão de algumas mudanças do ponto de vista musical, fugindo da toada funérea, extremamente densa e claustrofóbica, com Ende a deixar a sua marca, num registo a roçar o desespero. Neste trabalho, as vocalizações são um pouco mais diversas, mas sobressaem os registos limpos, quase declamatórios, removendo para segundo plano essa agonizante libertação de palavras e urros selváticos, esparsamente presentes em ‘The Twilight Prophet’, por exemplo.
Em ‘Homo Nihilis’, apesar do ambiente não se encontrar menos desanuviado, a abordagem dos temas vira-se para uma toada mais doom/death, bastante cadenciada, marcada por linhas de guitarra simples e um ritmo forte de bateria, servindo de base para as longas declamações de Ende, entre o inglês e o francês, com esporádicas passagens pelo latim e grego, que nas vocalizações limpas conta com os préstimos de Asgeirr, que também acumula funções no baixo. No meio destas alterações, no nevoeiro dos temas, afloram reminiscências de Paradise Lost e My Dying Bride, principalmente ao nível da voz, e dos Reverend Bizarre na vertente sonora, sem esquecer os Evoken ou os Mourning Beloveth (nos seus trabalhos mais recentes).
Com excepção de 'Pulvis Et Umbra Sumus', uma curta introdução de um minuto, muito similar à presente na demo de estreia 'Fatum Elisum', todos os temas andam acima dos quinze minutos de duração, mas a simplicidade empregue nas composições mantêm estes exercícios interessantes do princípio ao fim, muito por culpa de um trabalho mais apurado entre guitarras acústicas e eléctricas, atingindo em alguns momentos algo de épico.
A produção é simples mas eficaz, dando coesão a um disco que, perante um trabalho menor, seria de muito mais difícil audição e qualquer receio inicial sobre o representante desaparece dentro de alguns minutos da primeira pista. 'Homo Nihilis' é um trabalho competente e consegue ter momentos pungentes, mas ainda falta algo que demonstre que o investimento total aqui mereceu inteiramente o seu resultado. (14.2/20)


English:


Two years after their promising demo that showed Fatum Elisum to the world, behold the band of Rouen releases his first album by Aesthetic Death, a British label.
Throughout these five tracks, or rather an intro and four themes, which highlights at first glance is the inclusion of some changes in terms of musical, fleeing the funereal tune, extremely dense and claustrophobic, with Ende to make his mark in a register to skim despair. In this work, the vocals are a bit more diverse, but excel records clean, almost declamatory, doing almost forget this agonizing release of words and savage yells, sparsely present in 'The Twilight Prophet', for example.
In Homo Nihilis', although the ambient is not less unclouded, dealing with the topic turns to a tune more doom/death, very rhythmic, marked by simple guitar lines and a strong rhythm of drums, providing the basis for the long declamations of Ende, between English and French and occasional passages in Latin and Greek, which features clean vocals on the services of Asgeirr, which also accumulates the bass functions. In the centre of these changes, in the fog of topics, flourish reminiscent of Paradise Lost and My Dying Bride, mainly in terms of voice, and the sound looks like Reverend Bizarre in part, without forgetting Evoken or Mourning Beloveth (in their more recent work).
With the exception of 'Pulvis Umbra Et Sumus', a short introduction of a minute, very similar to the demo debut 'Fatum Elisum', all songs walking up the fifteen minutes long, but the simplicity employed in the compositions hold these exercises interesting from beginning to end, by the fault of a much finer work between acoustic and electric guitars, at times reaching something epic.
The production is simple but effective, giving cohesion to a disc, before a work of lesser quality would be much harder to be heard and any initial fear about the representative disappears within a few minutes of the first track. Homo Nihilis' is a competent job and manages to have emotional moments, but still lack something that shows that total investment here fully deserved their result. (14.2/20)


Tracklist:

01. Pulvis Et Umbra
02. The Pursuit Of Sadness
03. The Twilight Prophet
04. Homo Nihilis
05. East Of Eden