terça-feira, 31 de agosto de 2010

Boris & Ian Astbury - BXI (2010)

O mundo da música tem sido pródigo no que diz respeito a colaborações entre elementos de quadrantes díspares e, particularmente, o mundo do Metal também não é excepção. Desta feita, temos os eclécticos Boris que se juntaram a Ian Astbury, voz dos The Cult. É certo que esta "união" poderá deixar a cabeça de muita gente a andar à roda, principalmente sobre o que poderá sair desta colaboração, mas algum do sal do mundo da música não estará nisto mesmo? Para além de que os Boris já têm um farto conjunto de participações com outros projectos.
Pois bem, este EP contém quatro temas, que no total chegam à vintena de minutos, que nos mostram uns Boris iguais a si próprios, ou seja, camaleónicos do ponto de vista estilístico, evidenciando aqui uma costela mais Rock e com queda para a construção de canções onde a voz de Astbury se vai impondo no seu estilo e timbre muito próprio, sem comprometer em nada.
A versão de "Rain" aqui presente, vem com a marca da banda de Tóquio, mas sem criar nada de muito excitante ou de inovador, como não é seu apanágio. Obedece à estrutura do original, na generalidade, são acrescentados mais alguns solos, que parecem retirados de um contexto space-rock, e fica-se por isto.
De facto, "BXI" acaba por demonstrar as duas partes a irem ao encontro uma da outra, mas sem grandes pretensiosismos como alguns poderão pensar. É certo que as expectativas serão altas, para os fãs de Boris e de Astbury/The Cult, e certamente não sairão defraudadas, mas nota-se que falta por ali algo mais de modo a que o resultado final fosse de outra dimensão.
Para tornar este lançamento mais "curioso", registe-se que o artwork é da autoria de Stephen O'Malley, um dos maestros dos Sunn O))). (12/20)

English:
The world of the music has been wasteful concerning in collaborations between elements of dissimilar quadrants and, particularly, the world of Metal also is not an exception. This time, we have the eclectic Boris who joined the studio with Ian Astbury, voice of The Cult. Is it certain that this "union" will be able to leave the head of many people to walk to the wheel, first of all on what it will be able to go out from this collaboration, but some of the salt of the world of the music will not be in this itself? Besides, Boris has, already, a joint almond cake of participations with other projects.
So well, this EP contains four subjects, which in the total reach the twenty minutes, which show us Boris equals to themselves, in other words, chameleonic from the stylistic point of view, when rock is showing a rib up here more and for the construction of songs where the voice of Astbury is imposed in his style and very own insignia, without compromising in anything.
The version of "Rain" here present, comes with the mark of the band from Tokyo, but without creating anything exciting or innovator, since it is not their apanage. It obeys to the structure of the original, in the generality, there are some more solos, which seem taken of a context of space-rock, and one is for this.
In fact, “BXI " demonstrates again two parts to go and meet one of other one, without great illusions as anyone may think. It is certain that the expectations will be high, for the fans of Boris and of Astbury/The Cult, and certainly they will not go out embezzled, but it is noticed that something more is lacking around there in way what the final result digs of another dimension.
To make this release even more "curious", register that the artwork is of the authorship of Stephen O'Malley, one of the conductors of the Sunn O))). (12/20)

          http://www.southernlord.com/

domingo, 29 de agosto de 2010

Temple Of Doom Metal - 1º Aniversário

Há precisamente um ano, foi redigida a primeira review neste blog, ainda numa fase de "teste", por assim dizer. As honras foram dadas aos eborenses Process Of Guilt, que acabavam de lançar o seu segundo álbum, "Erosion", um colosso de Doom/Death (ou Post-Doom,como alguns gostam de dizer) que os confirmou como um dos projectos de maior qualidade dos últimos anos, neste país, no que toca às sonoridades mais extremas.
Esse imberbe texto foi a faísca para um trabalho que se manteve constante e que foi crescendo ao longo destes doze meses, sempre de forma paulatina.
Hoje, o Temple Of Doom Metal continua com a mesma ambição e similares objectivos. Os contactos com bandas, editoras, músicos e apreciadores deste género musical continuam a ser a fonte de energia e inspiração para que a caminhada continue; por vezes, em terrenos mais pedregosos, é certo.
Por último, seria indecoroso não ser endereçada uma (enorme) palavra de homenagem a todos os que, desde o início, acreditaram que este projecto tinha pernas para andar e crescer, a todos os que têm participado, através das variadíssimas formas, na construção deste espaço e ao grupo que tem sido a alma do templo ao longo deste primeiro ano.
Por tudo isto e muito mais, o nosso sincero muito obrigado.

Temple Of Doom Metal
Arrasta-te, lúgubre; a desilusão invade-te...

sábado, 28 de agosto de 2010

Entrevista com Jarkko Toivonen (Unholy)


Ao longo dos últimos meses, os rumores sobre a existência de actividade no seio dos Unholy foi crescendo para gáudio dos fãs e seguidores do trabalho desta banda finlandesa, que ajudou a alicerçar as bases do Doom/Death Metal ao longo da primeira metade da década de 90. Os rumores deixaram de o ser e passaram a factos. Sobre este e outros assuntos, estivemos à conversa com o guitarrista Jarkko Toivonen.


A primeira pergunta que te quero fazer é: em que forma poderemos contar com o regresso dos Unholy?  Existem fortes rumores acerca da vossa reunião e o vosso myspace apenas refere que estão a trabalhar no relançamento de temas antigos...

É só uma sessão em estúdio. Gravámos novamente as nossas melhores demos com boa qualidade de estúdio.
Fazemos desse modo porque como vivemos a centenas de quilómetros uns dos outros, não há tempo para criar novas músicas. Alguns de nós têm outros empregos e família, etc, por isso não podemos ensaiar e compôr novos temas facilmente.
Fazemos novos arranjos e gravamos novamente as melhores músicas das demos. Pode levar alguns anos mas não temos pressa pois por causa da nossa situação presente (famílias, etc) é complicado fazer este EP.
Sentimos que ainda não tínhamos colocado o último prego no caixão dos Unholy. Depois disto, os Unholy poderão descansar em paz.
Regravar músicas das demos pode soar a algum truque barato, mas existem algumas destas que estão incompletas e que nos têm assombrado durante décadas, agora é tempo de as gravar de novo.
Durante todos estes anos, aprendemos imenso sobre composição. Tecnicamente, as nossas competências musicais estão a anos-luz do tempo das demos e por exemplo, eu realizei e produzi cerca de 20-30 álbuns durante estes anos, por isso também tenho conhecimentos nessas áreas. Sei que não é a perfeição técnica que faz um bom álbum. É o espírito combinado com as competências, especialmente competências de arranjos/composição. Se todos os componentes referidos anteriormente funcionarem em conjunto, então não surgirão quaisquer problemas em fazer o bom “último prego a colocar no caixão”.
 
O que fez com que se juntassem de novo, após 7 anos, aproximadamente? É a formação inicial, suponho?
 
Falámos numa reunião pela primeira vez à 3 anos. Primeiro o Jan (Kuhanen, bateria) e o Ismo (Toivonen, guitarra e teclas) demonstraram interesse, depois disseram que não; então restávamos eu e o Pasi (Äijö, voz e baixo). Com o Pasi, pensámos contratar alguém para a bateria, mas após alguma discussão com todos os membros, decidimos manter o alinhamento inicial: eu, o Pasi, o Ismo e o Jan.
Se não estivessem o Jan e o Ismo, teríamos gravado estas músicas sob o nome de Holy Hell, porque sem o Jan e o Ismo nunca poderíamos ser Unholy.
Como já disse, é colocar o último prego no caixão e depois terminou. Deixa de haver um fantasma do passado, de vez.

Novos lançamentos estarão a caminho este Verão. As velhas demos dos Unholy vão para o mercado em vinil com um booklet. São apenas as músicas dos Unholy ou terá algo de especial, tal como alguns temas de Holy Hell?

Os novos lançamentos terão todas as músicas de todas as demos remasterizadas num estúdio profissional. Sim, também terá temas de Holy Hell mais um booklet que cobre os anos 1986-2010 com a ” Complete History of Unholy”. Terá à volta de 50 páginas ou talvez mais quando ficar “completo” como o título indica: "novos comentários e revelações “deliciosas” dos membros originais. Prometemos que vai ser muito interessante..." (como comentado nos nossos sites oficiais).

Deixaste a informação na internet de que “Rapture” e “Gracefallen” serão relançados. Podes dizer algo acerca disso? Está na sequência do lançamento das demos, da estratégia da vossa reunião ou é apenas uma coincidência?

O Vince dos Evoken contactou-me e disse que a AG os havia descartado e perguntou se estaríamos interessados em assinar com a sub-editora daRelapses e disse-me que pediria um acordo com eles se estivesse interessado. É claro que eu disse que sim e através do Vince a Relapse contactou-me e disse-me que iriam adquirir os direitos de copyright dos Unholy à AG. O que não aconteceu visto que a Peaceville foi mais rápida e comprou praticamente toda a AG, assim como compraram também todos os direitos de copyright de cada banda da AG. Muitos agradecimentos ao Vince porque sem ele a Relapse não teria lançado o nosso merchandise. Mas como o negócio da Relapse falhou devido à AG não ter informado as suas bandas que a Peaceville detinha os seus direitos, terminámos o negócio de merchandising com a Relapse. Camisolas e o merchandise habitual da banda que seriam lançados pela Relapse nos meses que viriam. Todo este projecto foi a soma de coincidências. A Peaceville comprou os nossos direitos e não soubemos disso até alguém nos informar que todas as bandas da AG tinham sidos vendidas à Peaceville. Na altura, contactei a Peaceville para saber se iriam lançar algum do nosso material. Eles não tinham a certeza até que finalmente disseram-nos que iriam relançar todos os álbuns: "From the Shadows" , The Second Ring of power", "Rapture" e "Gracefallen" para empresas como a Amazon, Itunes, etc. Os álbuns dos Unholy em MP3. No caso das demos, as empresas  Northern Heritage e a Rusty Crowbar perguntaram-nos se estaríamos interessados em lançar as demos em LPs duplos de capa desdobrável. Respondemos que sim visto que este tipo de demos são difíceis de encontrar para além de que pensámos que os fãs dos Unholy poderíam obter estas  também com a melhor qualidade de som. Não houve estratégias, as coisas foram acontecendo.

Pessoalmente, como vês os Unholy após todos estes anos: activos ou inactivos?

Fico admirado como, de repente,  grandes editoras como a Peaceville e a Relapse demonstraram interesse em lançar o material do enterrado e esquecido grupo underground,  Unholy. Nunca trabalhámos tanto com os Unholy como agora. Um dia habitual de trabalho tem à volta de 12-16 horas, 7 dias da semana.

Desde que deixaste a banda, em 94, qual foi a tua relação com a música para além dos Tiermes e dos Temple de Tiermes?

Os Unholy apenas se separaram, ainda que exista alguma informação na internet dizendo que fui expulso ou que deixei a banda porque estava aseguir um caminho mais comercial. Esta informação está incorrecta. Acerca deste tema, haverá mais informações no livro “Complete History of Unholy”, onde também haverá informação mais actualizada basicamente acerca de tudo. 
Tiermes e o Temple Of Tiermes: eram/são apenas as minhas outras bandas. Já não faço nada nos Tiermes, simplesmente porque não gosto das ideias do  Jussi Saivos. Então, deixei a banda e comecei a trabalhar com os Temple of Tiermes. É o meu projecto a solo por isso posso fazer o que quiser sem ninguém a dizer-me o que fazer. Tudo é baseado em improviso puro. Por exemplo, a última tourné na Lituânia foi feita sem preparação, sem conceito. Apenas subi ao palco e toquei.

Como vês o Doom Metal em geral, na Europa e na Finlândia, em particular? As coisas mudaram em 20 anos? De que modo vês um país tão aberto a estes tipo de sonoridade extrema?
 
Eu não acompanho muito o género actualmente. O que fez com que a Finlândia se enchesse de metalheads foi após os Lordi terem ganho o Festival da Eurovisão, esse tipo de metal tornou-se “aceitável”, pode-se ouvir metal em todas as estações de rádio na Finlândia.
Outras bandas, como os Nightwish, HIM e Children of Bodom são famosos, por isso eles também tornaram o metal  mais aceitável. Até existem missas metálicas nas igrejas hoje em dia. A Finlândia foi sempre  um país de música triste e melancólica visto que o verão apenas dura 3 meses e depois chega a escuridão. Não admira que os músicos façam música depressiva.

Agora, olhando para o futuro. Que planos estão reservados para esta banda? Haverá a
possibilidade de fazer uma digressão pela Europa ou apenas alguns concertos? Estão a trabalhar em novo material e o lançamento de um novo álbum poderá estar no horizonte?

Não. Apenas este EP e ficamos por aqui.

Queres deixar alguma mensagem ou informação? Este espaço é teu!

Comprem estes vinis com o booklet e terão toda a informação de que precisam para conhecer os Unholy.
Muito obrigado por esta entrevista.

English:

The first question that I need to make is: in which form are Unholy coming back? There are strong rumours about your reunion, your myspace only says that you’re working on a new release of the ancient material…

It’s just one studio-session. We recorded our best demo-tracks again at some good quality studio.
The main reason for this is that there’s no time to arrange new songs, as we live hundreds of kms away of each other. Some of us have job and family, so we can’t go to rehearsal and compose new songs just like that. 
We re-arranged and recorded the best demo-songs again. Making this EP might take few years as there’s no hurry and because of these present situation (families, etc) it is complicated to make this EP.  
We feel we haven’t put the last nail in Unholy’s coffin so this is it, after this Unholy may rest in peace.
Recording demo-songs again may sound some cheap trick, but as these unfinished demo-songs have been haunting us for decades it’s finally time to record ‘em again.
During all these years we have learned a lot of composing, technically our playing skills are light years ahead of demo-days and fex I have engineered and produced about 20-30 albums during these years, so I have knowledge of these things too. I know it’s not technical perfection that makes a good album. It’s the spirit combined with skills, especially skills to arrange/compose. If all above mentioned things work together, then there should be no problems to make good "last nail in the coffin".

After seven years, approximately, what made you reunite? It’s the classical line up, I suppose?

We were talking about re-union first time about 3 years ago. First, Jan (Kuhanen, drummer) and Ismo (Toivonen, guitar and keys) were interested then they said no, so then there was me and Pasi (Äijö, vocals and bass). 
With Pasi we thought we could use some hired gun for drums, but after some discussion with all members we ended up with the decision to do it with the original line up: me, Pasi, Ismo and Jan.
If there wouldn’t be Jan and Ismo we would record these songs under the name Holy Hell as without Jan and Ismo it wouldn’t be Unholy.
Like I said, last nail in the coffin and then it’s over. No ghost from past haunting anymore.

New releases are on the way right for this summer. The Unholy’s old demos are going to hit the market in vinyl with a booklet. It’s just Unholy songs or this will bring something special, like a few tracks of Holy Hell?

There will be all songs from all demos re-mastered at pro-studio. Yes, Holy Hell too plus a booklet covering years 1986-2010, which is “Complete History of Unholy”. It’s about 50 pages long, maybe more as its “complete..” like the title says.  new comments and “delicious” disclosures from original members. We promise, it’s going to be very interesting…  (like commented in our official sites).

You gave the information on internet that “Rapture” and “Gracefallen” will be re-released. Can you tell us something about that? Is it in the sequence of the demos’ release, in the strategy of your reunion or it’s just a coincidence?

Vince, of Evoken, contacted me and told me that AG has ripped ‘em off and asked if we were interested to sign with Relapse’s sub-label, and told me that he asks for deal with this sub-label, if I was interested. Of course, I said yes and via Vince, Relapse contacted me and told they’re going to buy Unholy copyrights from AG. It didn’t happen, as Peaceville was faster and bought practically whole AG as they bought copyrights of every single band from that label.
Many thanks to Vince, without him Relapse wouldn’t release our merchandise. As Relapse’s deal failed due AG didn’t inform their bands that Peaceville owns their copyrights we ended up merchandise deal with Relapse. Shirts and the usual band merchandise released by Relapse in coming months.
This whole project is sum of coincidences. Peaceville bought our copyrights and we didn’t know about it till someone informed us that all AG-bands were sold to Peaceville. Then, I contacted Peaceville if they were going to release any material from us; they weren’t sure but, finally, they told us they will re-release all full-lenghts ; "From the Shadows" , The Second Ring of Power", "Rapture" and "Gracefallen" + for digistros like Amazon, ITunes etc, Unholy albums as MP3's . For demos, Northern Heritage and Rusty Crowbar asked if we were interested to release demos as gatefold double pic Lp's. Our answer was yes, because these demos are hard to find plus we thought now Unholy fans can get these demos too, with best possible sound-quality. No strategies, things just happened.     

Personally, how do you see Unholy after all the years active and inactive?

I’m amazed as suddenly big labels like Peaceville and Relapse showed interested to release material for buried and forgotten underground-group Unholy. We haven’t worked with Unholy this much ever. Usual workday is between 12-16hrs/day-7 days a week.

Since you left the band, in ’94, which were your relation with music beyond Tiermes and Temple Of Tiermes?

Unholy just split up, though there are some info on internet saying that I was kicked out or I left the band, because it went into a more commercial direction. This is wrong info.  About this issue there will more info in “Complete History of Unholy”, plus more updated info basically about everything concerning Unholy.
Tiermes and Temple Of Tiermes : they are/were just my other bands, I don’t do any Tiermes stuff anymore, simply because I don’t like Jussi Saivos’ ideas. So I left the band and started working with Temple Of Tiermes. Temple Of Tiermes is my solo-project so I can do whatever I want, as there’s no one telling me what to do and what not. Everything is based in pure improvisation. For example, the last gig at Lithuania was done with no preparing, no concept, I just entered stage and played.
 
How do you see the actual Doom Metal scene in general and the Doom/Death Metal scene in Europe and in Finland, particularly? In 20 years, things changed? In which ways do you see it in a country so open to this extreme sounds?

I don’t follow present scene. What comes to Finland being full of metalheads; As Lordi won Eurovision song contest, after that metal came "acceptable" you can listen metal at all radio-stations in Finland. Nightwish, HIM and Children of Bodom are famous, so they also made metal more acceptable. There’s even metal masses at churches nowadays.
Finland has been always being country of sad and melancholic music, as summer lasts 3 months and then comes darkness. No wonder musicians do depressive music .

Looking to the future, now. What plans are reserved for the band? Is there a possibility to make an European tour or just a few concerts? Are you working on new material and a release of a new record is on the horizon?

Nope, just this EP and that’s it.

Any message or information that you’d like to leave here? This is your space!
Buy these vinyl’s with booklet and there’s all info you need to know of Unholy.
Thanks very much for this interview.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Grove - Of Moss And Men (2008)

Apesar desta demo ter sido lançada já em 2008,  foi há pouco tempo que tomamos conhecimento deste projecto pela mão do duo que o compõe: Moongun Wormwalk e Count Tenebrae, duas entidades criadas em consonância com este trabalho.
Definir o que podemos ouvir ao longo dos cinco temas que perfazem este trabalho não é tarefa fácil; durante os 75 minutos de duração, passamos por momentos de traditional doom, melodias sombrias na linha de um qualquer tema mais ambient, atmosferas negras e uns pózinhos de funeral doom. Tudo isto reunido consegue transportar-nos numa longa viagem, necessariamente obscura, através de paisagens ruinosas, silenciosas, onde esta banda sonora se vai explanando e transmitindo-nos uma tristeza contagiante, quer através dos lúgubres ritmos quer nas guitarras dolentes que nos vão acompanhando.
Musicalmente, "Of Moss And Men" é um registo bastante simples, nada dado a estruturas complexas ou a performances de virtuosismo. Porque essa também não é a essência dos Grove. Ritmos sóbrios, minimalistas, um baixo frugal, bastante discreto e guitarras despidas de tecnicismos, cingindo-se a um trabalho muito ambiental. Tudo isto suporta um conjunto de teclados planantes, modeladores da sonoridade destes norte-americanos, e a voz de Count Tenebrae num registo limpo, emotivo, fazendo lembrar em alguns momentos David Cavannagh, quase como um contador de histórias.
A estruturação de todas as músicas é bastante boa, cada uma delas revelando-se um autêntica peça de arte, com identidade própria, fazendo com que temas como "Satyr's Grove", do alto dos seus 28 minutos, não se torne monótona, pelo contrário, tendo a capacidade de nos ir envolvendo e absorver para dentro de si, libertando-nos no final de modo a podermos ir a tempo de apanhar o próximo tema.
Para ouvir esta demo de estreia dos Grove é preciso um estado de espírito propício para tal, não é um trabalho para figurar em playlists. É, sim, um registo que se deve ouvir, explorar e degustar, em momentos próprios. Até que venha a próxima viagem. (15/20)

English:
Despite this demo was released in 2008, it was not long ago that we learned of this project by the hand of the duo that composed it: Moongun Wormwalk and Count Tenebrae were two entities created in line with this work.
Defining what we hear over the five themes that make up this work is no easy task, during the 75 minutes duration, experienced moments of traditional doom, dark melodies in the line of any more ambient subject, dark atmosphere and some “powder” of funeral doom. All this together can carry us through a long journey, necessarily obscure, through ruinous and silent landscapes, where this soundtrack will be explained and gives us a contagious sadness, and through the mournful rhythm of the doleful guitar which accompany us.
Musically, "Of Moss And Men" is a quite simple record, no complex data structures or the performances of virtuosity. Because this is not the essence of the Grove. Rhythms sober, minimalist, low frugal, very discreet and guitars stripped of technicalities in sticking to a very environmental work. All this supports a set of keyboards planning, these American sound shapers, and the voice of Count Tenebrae in a clean slate, soulful, reminiscent at times and David Cavannagh, almost as a storyteller.
The structure of all the music is quite good, each one revealing a genuine piece of art with its own identity, making songs like "Satyr's Grove," the high end of its 28 minutes, it does not become monotonous, however  it has the ability to go in involving and absorbing into itself, freeing us at the end so we can go in time to catch the next theme.
To listen to this demo release of the Grove there is the need to a conducive state of mind to do such thing, it is not a job to appear in playlists. Rather, it is a record which must be heard, explored and enjoyed in our own moments. Until the next trip comes. (15/20)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Alkerdeel - De Speenzalvinge (2010)

Da Bélgica, chega-nos este trabalho dos Alkerdeel, um quarteto que tem as suas raízes alicerçadas em projectos tão diferentes como o  grindcore, o death metal e o doom metal, mas aqui, ao longo de 3 longos exercícios viram-se para os terrenos do sludge e do black metal, este a servir de condimento. Assim, ao longo de 58 minutos, somos completamente fustigados por descargas contínuas de sludge primário e cruento, misturado com black metal também bastante bafiento. Com uma produção minimal, estes temas desenvolvem-se, maioritariamente, a grande velocidade, sem grandes alterações rítmicas ou qualquer tipo de virtuosismo instrumental. A espaços, somos "abençoados" com passagens mais lentas, podendo aí perceber com uma maior nitidez cada um dos instrumentos, ao mesmo tempo que descansamos da tortura em que Pede e Ca. nos infligem. As suas palavras são imperceptíveis, limitando-se muitas das vezes a extrair simples erros das suas cordas vocais, sobre as massas sonoras aqui registadas, conferindo a estas peças sonoras uma aura completamente demente e caótica.
Este não é um trabalho de fácil digestão, visto que a rudeza sonora presente é, de facto, intencional, com um claro travo a movimento underground e só os verdadeiros amantes do género é que encontrarão aqui motivos para sorrirem e poderem ir buscar ao baú as demos dos Disembowelment ou dos Eyehategod, para relembrarem as raízes de um género duro e inapelável como o sludge.
Quanto aos Alkerdeel, poderão começar a criar algum burburinho (com a portuguesa Universal Tongue a ajudar à festa), mas por ora só mesmo isso. (10/20)

English:
From Belgium, comes by this work by Alkerdeel, a quartet that has his roots based in scenes so different like grindcore, death metal and doom metal, but here, through 3 long exercises they turn to the lands of sludge and of black metal, the last one to serve of seasoning. So, through 58 minutes, we are completely flogged by continuous unloadings of primarily and bloody sludge, mixed with black metal also quite musty. With a minimalistic production, these songs develop, most of the time, in great speed, without great rhythmical alterations or any type of instrumental virtuosity. Sometimes, we are "blessed" by slower passages, making us able to realize there with a bigger clarity what each one of the instruments is doing, at the same time that we are given a break from the torture that Pede and Co. inflict upon us. His words are imperceptible, most of the times limited to extracting simple errors out of his vocal chords, on the resonant masses here registered, imprinting to these resonant pieces a completely insane and chaotic zephyr.
This is not a work of easy digestion, since the resonant rudeness is, in fact, intentional, with a clear taste of the underground movement and only the truthful lovers of this type of sound will find motives to smile and be able to go to the trunk and pick up the Disembowelment or Eyehategod’s demos, to recall the roots of a harsh and arid sound that is sludge.
As for the Alkerdeel, they will be able to begin to create some hubbub (with the Portuguese Universal Tongue label helping in the party), but for the time being only that. (10/20)

domingo, 1 de agosto de 2010

Solitude Productions - Novos Lançamentos (New Releases)

No seguimento da parceria de divulgação estabelecida com a Solitude Productions, anunciamos aqui os novos lançamentos desta editora e as novidades que sairão nos próximos dias/semanas.



PRESENTS


Canonis "Apple Of Discord"
(release date 01.08.2010)

A singles collection from a legendary band from Naberezhnye Chelny. Starting their activity as dark metal band Canonis rapidly evolved to the band with its own unique style based on etherial gothic and dark folk. Having performed a lot of gigs and having taken part in a number of gothic compilations Canonis has not released their debut full-length album yet, therefore this compilation can be considered as a detailed report on gothic period in the band history. The issue includes a CD-R with professional printing, a booklet, a flyer and a hand-numbered certificate with unique copy number (edition is limited to 100 copies). It is packed in a mini-LP-sleeve of solid cardboard with original Art of Silence series appearance.


Sadael "Essence"
(release date 01.08.2010)

A full-length album from an Armenian musician presents atmospheric material in the vein of Until Death Overtakes Me. Being mysterious and sorrowful it combines ambient and funeral doom. Being mostly based on keyboards the album creates dark and beautiful atmosphere featuring I.S. Bach citations in the one of compositions. The issue includes a CD-R with professional printing, a booklet, a flyer and a hand-numbered certificate with unique copy number (edition is limited to 100 copies). It is packed in a mini-LP-sleeve of solid cardboard with original Art of Silence series appearance.



Muhmood & Ego Ex Nihil "Fictive Planets"
(release date 01.08.2010)
 
Collaboration of two experimental Russian projects based on mixture of post-metal doom riffs with dark ambient parts. A long deep space journey around invisible fictive planets is depicted by harsh guitar riffs while minutes of atmospheric soundscapes do not bring any relief just adding to the overall depressive picture of wandering and desperation. The issue includes a CD-R with professional printing, a booklet, a flyer and a hand-numbered certificate with unique copy number (edition is limited to 100 copies). It is packed in a mini-LP-sleeve of solid cardboard with original Art of Silence series appearance.

http://solitudestore.com/en/