terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Catacombe - Kinetic (2010)

Se olharmos com um pouco de atenção para o cenário metálico português, torna-se por demais evidente que, ao longo destes últimos anos, o número de bandas/projectos aumentou consideravelmente e que gozam de alguma exposição, pelo menos a nível interno com os regulares concertos que são organizados e a facilidade de gravação que hoje existe; por outro lado, dessa miríade de bandas, nota-se uma significativa ausência de trabalhos que se enquadrem na esfera em que se movimentam estes Catacombe: Post Rock/Metal. Polémicas e discussões à parte, o facto é que a década que findou ficou marcada indelevelmente por este tipo de sonoridade, muito por culpa (no bom sentido, está claro!) de nomes como Isis, Pelican, Neurosis, Explosions In The Sky ou Mono, antes de atingir um ponto que se aproxima muito rapidamente da saturação e onde, no futuro, somente a qualidade prevalecerá ou então quem soube trilhar a pulso o seu caminho.
Os nortenhos Catacombe, serão um dos poucos exemplos portugueses a enveredar por este tipo de sons, e após o lançamento do seu registo de estreia, o EP "Memoirs", em 2008, causaram algum burburinho, não só pela qualidade dos seus temas, mas também pela partilha de palco com nomes como os Minsk ou os Nadja; efeito sintomático, portanto.
O que, inicialmente, era um projecto a solo de Pedro Sobast, rapidamente evoluiu para o formato banda e é esse mesmo formato que apresenta hoje "Kinetic" (apesar de tudo estar sob a batuta de Sobast), o seu primeiro longa-duração, composto por sete temas que mais não são do que um desfiar de emoções, uma pintura sobre uma tela nua, que nos vai transportando por diferentes ambientes, cada um com a sua cor, ora mais doce e cândido, ora mais agreste. No fundo, o que aqui temos é o passo seguinte à estreia, só que recheado de temas com muito boa qualidade; novidades a nível musical aqui não abundam, mas nem sempre os bons discos se demarcam dos demais pela originalidade, mas sim por que são... bons! As influências continuam lá, mais ou menos esbatidas, consoante a obra de arte vai ganhando forma, sob a paleta de comando de seis cores nas mãos de Sobast. "Anna-Liisa", "Cavalgada Épica" ou "Mockba" serão as melhores pinceladas neste quadro belo, abstracto, mas onde as emoções são quase palpáveis. (16/20)

English:
If we look with a little attention to the Portuguese metal scene, it becomes obvious that, over recent years, the number of bands/projects has increased dramatically and that have a certain exposure, at least at home with regular concerts that are organized and ease of recording that exists today, on the other hand, this myriad of bands, there is a significant lack of works that fall within the sphere in which they move Catacombe: Post Rock/Metal. Discussions and polemics aside, the fact is that the decade just ended was indelibly marked by this kind of sound, much to blame (in a good way, of course!) names like Isis, Pelican, Neurosis, Explosions In The Sky or Mono before reaching a point rapidly approaching saturation, and where, in future, only quality will prevail or else who knew the pulse walk your way.
The northerners Catacombe will be one of the few portuguese examples to embark on this kind of sounds, and after the release of their debut recording, the EP "Memoirs" in 2008, caused some buzz, not only by the quality of his songs, but also by sharing the stage with names like Minsk or Nadja; symptomatic effect, therefore.
What initially was a solo project of Peter Sobast, quickly evolved into the band format and this is the same format that presents today "Kinetic" (after all be under the baton of Sobast), his first long-duration, composed by seven themes that are no more than a shred of emotion, a painting on a canvas bare, we will by carrying different environments, each with its color, sometimes more sweet and innocent, sometimes more harsh. Basically, what we have here is the step following the premiere, filled with themes that only with very good quality; news on music here not plentiful, but not always the good disks to demarcate the other for originality, but because they are ... good! The influences are still there, more or less blurred, depending on the artwork takes shape, under the command palette of six colors in the hands of Sobast. "Anna-Liisa", "Epic Ride" or "Mockba" will be the best strokes in this beautiful picture, abstract, but when emotions are almost palpable. (16/20)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Olde Crone - Olde Crone (2009)

Os Olde Crone já não o são. Pouco depois do lançamento deste seu álbum de estreia cessaram funções, o que não deixa de ser estranho visto que as sete músicas que perfazem este "Olde Crone" são boas, revestidas de Stoner/Doom Metal sem grandes floreados, inspirados numa cartilha que nos remete para o enorme legado "sabbathiano", para uns Pentagram e também Electric Wizard - quando lhes dá para o lado psicadélico -, ou Pombagira, por exemplo.
Assim, sem estarmos perante o disco que irá revolucionar as nossas vidas, mas tão somente um bom trabalho que nos irá fazer passar um bom bocado enquanto o ouvimos, à medida que uma boa mão cheia de cervejas desaparece goela abaixo, podemos dizer que este quarteto britânico soube construir temas longos, sóbrios (ou ébrios, conforme os gostos), com algum músculo, com alguns riffs engraçados, mas onde existiu sempre espaço para algum devaneio, com uma piscadela de olho ao Southern Rock, improviso, fugindo aos pergaminhos que ditam a estruturas das canções; eles fizeram um bocado o que lhes deu na real gana, foi o que foi! E isso será sempre de valorizar. "Blue Iris" ou "Olde Crone (Chapter 2)" são reflexo disso mesmo, principalmente no segundo exemplo, onde a par de riffs que tresandam stoner por todos os poros convivem harmoniosamente com passagens acústicas, com um leve travo a Oriente, deixando-nos a pensar sobre as misturas que ainda faltam fazer na música, no Metal mais especificamente. Não, não é que aqui haja algum tipo de novidade! O discorrer do álbum proporciona isso mesmo, essa leve introspecção, por entre os ritmos cadenciados e a tender para o lento e as guitarras duras nos seus main riffs e, igualmente, languidas nas fases mais experimentais.
É pena que, por ora, não tenhamos mais novidades desta banda, porque esta viagem teve piada e gostaríamos de repetir a dose... com novos temas.
Entretanto, abre-se mais uma cerveja (repeat mode on). (14/20)

English:
The Olde Crone already are not. Shortly after the release of their debut album had ceased to function, which does not cease to be odd since the seven songs on this "Olde Crone" being good, coated with Stoner/Doom Metal without major frills, inspired by a booklet that brings us to the enormous sabbathian legacy, and also for some Pentagram and Electric Wizard - when they give to the psychedelic side -, or Pombagira, for example.
Thus, if we were to the disk that will revolutionize our lives, but only a good work we do will have a good time while we hear, as a handful of good beer disappears below the throat, we can say that this british quartet able to build long themes, sober (or drunk, according to taste), with some muscle, with some funny riffs, but where there is always room for a daydream, with a wink to Southern Rock and improvisation, fleeing to the scrolls that dictate the structure of the songs, they did a bit which gave them the “real Ghana” (portuguese expression), was what it was! And it will always be of value. "Blue Iris" or "Olde Crone (Chapter 2)" are a reflection of this, especially in the second example, where the pair of loops that stink from every pore stoner live harmoniously with acoustic passages, with a slight bitterness in the East (!) , leaving us to think about the mixes that have yet to make music, or more specifically in the metal. No, it is here that there is some kind of novelty! The course of the album provides just that, this mild introspection, amid cadenced rhythms and tends to slow and the hard guitar riffs in their main and also faint in most experimental phases.
It is unfortunate that, for now, we have no more news of this band, because this trip was funny and would like to repeat it ... with new themes.
However, it opens another beer (repeat mode on). (14/20)

domingo, 26 de dezembro de 2010

Ophis - Withered Shades (2010)

Os mais incautos que derem de caras com este "Withered Shades" irá pensar que estamos perante mais um projecto de Black Metal; a imagem da capa, as cores e o pentagrama invertido poderão sugerir isso mesmo.
No entanto, estes germânicos movimentam-se pelos meandros do Doom/Death Metal, com alguns pózinhos de Funeral de quando em vez, e lançaram este ano o seu segundo álbum.
Quem acompanha a carreira da banda desde os tempos da demo "Empty, Silent And Cold", certamente terá registado uma notável evolução qualitativa no som e nas estruturas dos temas, como que num crescendo, ouça-se "Pazuzu" presente na referida demo e no registo de estreia e as diferenças saltam logo à vista; na primeira, onde se verifica um tom ainda naif, enquanto que em "Streams Of Misery" o som e poder da mesma encostam-nos à parede, após aquela intro deliciosamente escabrosa, deixando-nos atordoados após esses dolorosos minutos que são da mais rica qualidade exposta nesse registo.
Três anos depois, os Ophis chegam-nos com mais uma mão cheia de temas que se regem, grosso modo, pela mesma linha orientadora, embora aqui se note uma maior propensão para uma exploração até à exaustão de algumas linhas de guitarra e bases rítmicas - não sendo, desta forma, de estranhar que a maioria destes novos sons andem bem acima da dezena de minutos -, mas ao mesmo tempo, mostrando uma capacidade de composição mais refinada, na linha evolutiva que já falámos, aproximando-se, em alguns momentos de momentos mais melódicos que nos fazem lembrar os Swallow The Sun, por exemplo. A generalidade dos temas aposta em ritmos bem lentos, quase funéreos - ouça-se "Earth Expired" -, abrindo mais uma porta na abordagem musical que poderá trazer uma mais-valia para o som destes germânicos.
"The Halls Of Sorrow",  irrompe pelas colunas e quase que resume todos os 45 minutos seguintes; evidencia que esta banda está, no seu todo, num patamar superior. Não há falhas a registar, a máquina está bem oleada e coesa, há tempo para momentos de calmaria e outros de maior rispidez,sempre em doses equilibradas, ou seja, antevemos uns Ophis a caminho de um amadurecimento musical significativo, com uma personalidade bem vincada, um som bem definido e, acima de tudo, a garantia de trabalhos de qualidade acima da média.
Haja alguém que os traga cá para comprovarmos isso mesmo! (17/20)

English:
The most exclusive of unsuspecting people who face this "Withered Shades" will think that this is another project of Black Metal. The image of the cover and the booklet in general, the colors used and the inverted pentagram may suggest that.
However, these Germans move up the meanders of the Doom/Death Metal, with some of Funeral powder, and released their second album this year.
Those who follow the band's career since the days of the demo "Empty, Silent And Cold", will certainly have registered a remarkable evolution in sound and qualitative structure of the themes, like a crescendo - listen "Pazuzu," present at the demo and first album and the differences immediately appear, at first, where there is an even naive while in "Streams Of Misery" sound the same power and lean on the wall. After the intro delightfully scabrous, leaving us stunned, all those painful minutes of the richest quality are related in that register.
Three years later, the Ophis get us over a handful of themes that are governed roughly the same guideline, but here we note a greater propensity for a farm to exhaust some guitar lines and rhythmic foundation - is not thus surprising that most of these new sounds and to walk up ten minutes - but at the same time, showing a capacity of more refined composition, in the evolutionary line that we talked about, coming up on some good points more melodic moments that remind us Swallow The Sun, for example. A majority of bets on themes and rhythms slow, almost funereal - listen to "Earth Expired" - opening the door in a more musical approach that can bring added value to the sound of these Germans.
"The Halls Of Sorrow," which opens the album, after a slow start captivating, erupts from the speakers on full plenitude of his power and that sums up almost all 45 minutes; shows that this band is on the whole, a higher plateau. No failures to record, the machine is well oiled, cohesive, there is time for moments of calm and others sharply higher doses always balanced, ie each Ophis anticipate the path of a meaningful musical maturity, with a personality and stark, a defined sound and, above all, ensuring quality work above average.
There is someone who brings them to our holy ground, to give you an idea about it! (17/20)

sábado, 25 de dezembro de 2010

Boas Festas

Imbuídos pelo espírito da quadra que agora se atravessa, o Temple Of Doom Metal vem desejar a todos os votos de um bom Natal e um excelente ano de 2011, preferencialmente com muito metal à mistura.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Solitude Productions, BadMoodMan Music & Slow Burn Records - Novos Lançamentos (New Releases)


No seguimento da parceria de divulgação estabelecida com a Solitude Productions, BadMoodMan Music e a Slow Burn Records, anunciamos aqui os novos lançamentos destas labels.

SP. 042-10 Shattered Hope – Absence
(release date 20.12.2010)

The first full-length album of a Greek band representing the result of a long artistic way. High-quality atmospheric doom death metal in the very traditions of the genre features outstanding melodies, musical diversity and virtuosic performance. Additional vocals feature guest appearance of frontmen of such bands as Saturnus and Ataraxie. An instrumental part includes guest appearance of violins and cello.

 SP. 043-10 Helllight – …And Then, The Light Of Consciousness Became Hell…
(release date 20.12.2010)

The third album of a Brazilian band demonstrates the further progress of the musicians. Six epic tracks featured on the album are filled with deep tragic passion created by solid guitar sound and rich keyboards. Dense sound and interesting melodies distinguish the album among their other works. Piano interludes, mid-tempo fragments and clean vocals make the new album of HellLight an outstanding example of funeral doom death metal.

BMM. 039-10 Raventale – After
(release date 15.12.2010)

The fourth album of the famous Ukranian project Raventale demonstrates artistic evolution of its only member hidden beneath Astaroth name. On the one hand the new work named “After” continues the tendencies of the previous album with its mood and concept; on the other hand this is a standing alone masterpiece progressing from black/doom metal style to depressive black realm. The ideas behind this album demonstrate author’s thoughts about eternity and its decay, about the cyclic nature of life and being, about the destruction of this reincarnation cycle by the nature itself. Without any doubt the album can be treated as the best album of Raventale that has been ever created. The gold-plated CD with pit-art comes with a booklet printed on a golden paper which makes “After” a must-have item for your music collection and an outstanding present for any adept of the genre.

BMM. 040-10 Amber Tears – The Key To December
(release date 15.12.2010)

The long-awaited second album of the most famous Russian pagan/doom metal band Amber Tears being one of the best representatives of Russian pagan scene. Having started their way as followers of the cult Belorussian band Gods Tower Amber Tears demonstrate their own unique face at the second album “A Key for December”. Basing on folk motives and lyrics featuring folk tradition the musicians added doom death metal elements with all their slowness and weight to their music. The Russian traditional musical instrument gusli appearing on the album underlines the mental connection of Amber Tears work with traditional Russian music which is organically fused with modern melodic doom metal features. This album is indeed a milestone!

BURN 006-10 A Cold Dead Body – Harvest Years
(release date 16.12.2010)

Debut A Cold Dead Body’s album “Harvest Years” is a trail through 9 steps, from the "Semen" to the "Divinity". There is a story inside the album, not just music and words. Music and words create the atmosphere, but the written story has the sense of the whole album. It's a concept about a journey, about human ambition, about the conflict between humanity and nature, it's a concept based on the sense of life, technology and the meaning of death. Recorded and mixed at: Mushroom Studio, by Enrico Berto. Mastered by James Plotkin (Khanate, Sunn O))), Isis, Pelican, Earth). One of the best acts around. Must have!! CD released in Cardboard (Mini LP) Sleeve pack.


BURN 007-10 Catacombe – Kinetic
(release date 18.12.2010)

Debut album of Portuguese band Catacombe uniquely combines modern metal and post rock. Developing the ideas of their first EP “Memoirs” the band makes a pronouncing step of their way of creating memorable sound. The music features fine guitar passages, heavy riffs and complex melodic constructions. The album was recorded in January/March 2010 at Soundvision Studios. Mastering is performed by James Plotkin (Isis, Khanate, Pelican, Earth). The CD comes in noble Cardboard (Mini LP) Sleeve.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Archon - The Ruins At Dusk (2010)

Esta recta final de 2010 tem reservado alguns bons trabalhos, fazendo prevalecer o adágio "Até ao lavar dos cestos é vindima", e no espectro do Sludge/Doom fomos confrontados ultimamente com alguns registos que não nos passaram indiferentes: o novo álbum dos Salome, "Terminal", já dissecado por estas bandas e este disco de estreia dos, igualmente, norte-americanos Archon. Apesar de serem bem diferentes na sua abordagem musical, acabam por transmitir um conjunto de sensações algo similares, pintadas sob uma paleta de cinzentos bem carregados.
Alicerçados em bandas clássicas como os Black Sabbath ou Pentagram, adicionam à sua sonoridade nuances que nos remetem para uns Electric Wizard ou entram de cabeça em campos mais experimentais onde os Neurosis afloram de imediato.
Assim, com este retrato, que dizer deste "The Ruins At Dusk"? O que nos parece mais óbvio, ou seja, o caldeirão de influências referido resultou em quatro temas de boa qualidade, pesados mas sem perder a noção de melodia, com uma acentuada vertente instrumental bastante interessante - ouça-se a parte final de "Helena (Ruins At Dusk)" ou a desconcertante "The Fate Of Gods" que, ao longo dos seus «singelos» 21 minutos, condensa a sonoridade deste septeto (que conta com um violoncelista! na lista de colaboradores da banda), demonstrando que apesar de se movimentar num círculo bastante sobrepovoado de projectos, apontam linhas de evolução e de abordagem para a sua sonoridade, podendo criar para si e para nós algumas expectativas de um futuro minimamente auspicioso. Se conseguiram musicar o destino dos deuses, aguardamos mais alguns sons do seu próprio destino, então. (14/20)

English:
This final stretch of 2010 has reserved some good works, thus creating the adage "By the washing of the baskets is harvest”, and the specter of Sludge/Doom lately we have been confronted with some records that we have not stayed indifferent: the new album by Salome, "Terminal", as been dissected here a couple of weeks ago and this album's debut, also, American Archon. Although they are quite different in its musical approach, ultimately convey a somewhat similar set of sensations, painted in a palette of grays and loaded.
Rooted in classic bands like Black Sabbath or Pentagram, add nuances to their sound that brings us to some Electric Wizard or go head first into more experimental fields where Neurosis arise immediately.
So with this picture, what about this "The Ruins At Dusk"? What seems most obvious, is the melting pot of influences that resulted in four themes of good quality, heavy but without losing the sense of melody, with a steep slope very interesting instrumental - listen to the final part of "Helen ( Ruins At Dusk) "or the perplexing" The Fate Of Gods ", which, throughout its 'quaint' 21 minutes, captures the sound of this septet (which features a cellist! list of collaborators in the band), demonstrating that despite moving in a circle rather overcrowded project, indicate lines of evolution and approach to its sound, can create for themselves and for us some expectations of future minimally auspicious. If getting music the fate of the gods, look for some more sounds of their own destiny, then. (14/20)



Links: http://archondoom.com/
           http://www.myspace.com/archondoom

domingo, 5 de dezembro de 2010

Solitude Productions & Slow Burn Records - Novos Lançamentos (New Releases)


No seguimento da parceria de divulgação estabelecida com a Solitude Productions e a Slow Burn Records, anunciamos aqui os novos lançamentos destas labels.


SP. 040-10 Septic Mind – The Beginning
(release date 30.11.2010)

A debut album of a Russian band Septic Mind. They presented themselves to the audience at Moscow Doom Festival V, performing at the same stage with Esoteric, Pantheist and Jack Frost, and attracting attention of the fans of the genre. Being followers of Esoteric the musicians evolve from traditional funeral doom to different experiments. Septic Mind have remastered their demo record providing really extreme sound progressing from powerful guitar riffs through noise effects to atmospheric keyboard interludes reflecting the mail concept of the album, the coldness and infinity of cosmos.


SP. 041-10 Who Dies In Siberian Slush – Вitterness Of The Years That Are Lost
(release date 30.11.2010)

The first full line-up album of the project recently appeared as one-man-band. This is the first officially issued work of the band: some tracks were featured at early demo recordings, but now they are reviewed and performed with supreme power and quality. Recording and mastering were performed at Primordial Studio (Abstract Spirit, Revelations of Rain, Comatose Vigil).
“Bitterness Of The Years That Are Lost” presents uncompromising music combining Doom Death and Funeral Doom in the vein of My Shameful. The album features guest appearance of vocalists of Comatose Vigil, Amber Tears, Elnordia, Abstract Spirit.


BURN 002-10 Talbot – Eos
(release date 01.12.2010)

The first full-length album of Estonian duet Talbot attract attention by its originality: the although the music is played without a guitar, it features fine melodies and solid sound, while sound blast created by bass and drums can serve as a standard for other modern bands. Talbot music features elements of various music genres from post rock to traditional doom metal thus creating unique atmosphere and memorable sound. The CD as a digipak. Limited edition 500 copies.



BURN 003-10 The Death Of Her Money – You Are Loved
(release date 01.12.2010)
 
New work of British band The Death Of Her Money features traditions laid in their previous albums while demonstrating higher level of songwriting and sound performance. The album is kept in the vein of best representatives of modern post metal scene. First 500 copies come in digipak format.


BURN 004-10 The Deadists – Time Without Light
(release date 05.12.2010)

Swedish band The Deadists cannot be definitely classified: featuring sound elements of such different bands as Black Sabbath, Entombed, Hawkwind, High On Fire, Sleep, The Melvins и Neurosis they created their own unique sound. Fans of modern metalcore will love their powerful guitar riffs.  Persent EP “Time Without Light” unlike its digital version features hidden track “Blizzard Of Nails”. Mastered by Goran Finnberg (Dark Tranquillity, In Flames, Opeth, M.A.N.).


BURN 005-10 Steny Lda – Steny Lda (Walls of Ice)
 (release date 05.12.2010)

With their self-titled debut album (Steny Lda) Walls of Ice introduce themselves as one of the best representatives of actively developing Russian post metal scene. All eight album compositions create a single canvas with heavy guitar riffs, melodic interludes and solos pierced with atmosphere of estrangement, gloom and reign of northern frost, winter and primal nature.

           http://slowburn.ru/



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

The Sullen Route - Madness Of My Own Design (2010)

Após os primeiros segundos de "Dagon", não foi possível deixar de pensar se não tínhamos recuado cerca de 20 anos e estávamos no epicentro de toda uma cena que começava a despontar, onde toda a gente já estava saturada de bandas ultra-rápidas e brutais, com temas disparados à velocidade da luz; o Doom/Death Metal entrava em cena e arrastava uma boa quantidade de metalheads na sua torrente pesada e pesarosa. Ainda presente, mas menos caudalosa, esta mesma torrente continua a trazer à tona algumas boas propostas.
De facto, tal como à uma vintena de anos na Inglaterra, na Rússia existe uma "cena" muito própria, com o seu som definido, dentro da sonoridade Doom. Ao longo deste ano, foi possível verificar que estamos perante uma área crescente e criativa, que dá cartas, principalmente, no mercado europeu.
Neste conjunto de propostas, surge-nos pela mão da Solitude Productions, o trabalho de estreia dos The Sullen Route e, tal como escrevemos no início deste texto, é uma autêntica bomba de peso, devastação e angústia, tudo apresentado em bases rítmicas bem lentas, com guitarras bem lancinantes e duras, ou seja, uma óptima escolha para os amantes deste género. Estes oito temas vão beber, descaradamente - e bem! -, aos anos 90, a fontes como Skepticism ou ao trio Anathema/My Dying Bride/Paradise Lost na sua fase inicial, conseguindo criar bons temas, de entre os quais "Dagon", "Gates" ou "Sullen Route" são bom exemplo disso mesmo. Actualmente, o seu som andará perto de projectos como Mourning Beloveth, Evoken ou mesmo dos portugueses Process Of Guilt, só para terem uma noção do que espera quem se atrever a colocar à frente desta massa enorme de peso.
Foi uma agradável surpresa esta estreia deste quinteto, lançando um excelente trabalho, deixando-nos com água na boca para uma actuação ao vivo ou então para novos registos. Digno de registo, portanto! (17/20)

English:
After the first few seconds of "Dagon", we could not help wondering if we had retreated about 20 years and we were at the epicenter of an entire scene that was beginning to dawn, when everyone was already saturated of bands ultra-fast and brutal with issues raised at the speed of light: the Doom/Death Metal came on the scene and drew a good amount of metalheads in their heavy and sorrowful flood.
Still present, but less plentiful, the same stream continues to bring out some good proposals.
In fact, as to a score of years in England, in Russia today there is a "scene" of their very own, with its definite sound within the sound Doom. Throughout this year, it was verified that this is a growing and creative area, giving cards, mainly in the European market.
In this set of proposals, comes to us by the hand of Solitude Productions, the debut work of The Route Sullen and, as we wrote earlier is a real bomb weight, devastation and anguish, all presented in very slow rhythmic bases with guitars and piercing and hard, that is, a great choice for lovers of this genre. These eight themes will drink, shamelessly - and well! -, to 90’s decade, from sources like Skepticism as to the trio Anathema/My Dying Bride/Paradise Lost in its early stages, managing to create good themes, including "Dagon," "Gates" or "Sullen Route" that are good examples of this. Today, their sound walk around with projects like Mourning Beloveth, Evoken or even the Portuguese Process Of Guilt, just to get an idea of what it hopes those who dare to put in front of this huge mass of weight.
It was a pleasant surprise this debut of the quintet, releasing an excellent work, leaving us salivating for a live performance or so for new records. Noteworthy, therefore! (17/20)



Link: http://www.myspace.com/thesullenroute
         http://solitude-prod.com/

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Salome - Terminal (2010)

Se existisse uma banda-sonora para uma brutal cena de pancadaria, mas em slow motion, de um qualquer filme série B ou C, certamente que os temas dos Salome estariam em cima da mesa prontos para serem escolhidos. O Sludge corrosivo, empoeirado e agreste adicionado aos ritmos lentos e doridos do Doom, fazem desta proposta uma mistura bem conseguida e que serviria na perfeição o propósito referido.
Os primeiros momentos não fazem adivinhar o que está para chegar; antes, parecem fazer parte de um álbum de Post-rock ou uma parte experimental de uma banda qualquer que transpire psicadelismo por todos os poros. No entanto, sem nada que o espere ou denuncie, eis que a bateria de Aaron Deal e a guitarra de Rob Moore irrompem sem qualquer tipo de permissão, juntando-se logo a seguir Katherine Katz com a sua voz demoníaca, para durante a hora seguinte nos abalroarem em sete actos.
A dureza dos riffs e a simplicidade dos ritmos continuam a marcar aqui presença, no seguimento da estreia homónima de 2008, embora se note um mais refinado trabalho de guitarra, conferindo um outro aspecto a estas composições. A voz de Katz continua a ser expelida como que sob estado de tortura ou então de possessão demoníaca, tal a visceralidade dos seus gritos e growls. Impressionante e irrepreensível. Resta comprovar ao vivo.
Os temas continuam a ser bastante longos, variando entre os 6 e os 17 minutos, embora no caso deste último estarmos perante um exercício instrumental de Noise cruzado com Drone - situação que acaba por permitir dar algum descanso antes dos últimos dois momentos que compõem este álbum. Longos, mas não enfadonhos, com estruturas dinâmicas embora exista uma reduzida variação rítmica, mas que conferem uma coesão entre todas as músicas bastante assinalável, permitindo que a degustação se prolongue até ao final deste trabalho.
Superando, claramente, o seu primeiro disco, os Salome com este "Terminal" têm boas hipóteses de se tornarem uma das propostas de referência no segmento Sludge/Doom, restando-nos esperar por mais novidades vindas do outro lado do oceano. (15/20)

English:
If there were a soundtrack to a scene of brutal beatings, but in slow motion, of any movie series B or C, certainly the theme of Salome would be on the table ready to be picked. The corrosive Sludge, dusty and harsh rhythms added to the slow and painful doom, makes this proposal and the mixture achieved a nice goal which would serve that purpose perfectly.
The first moments do not guess what's to come, rather, appear to be part of an album of post-rock or an experimental part of any band that leak out psychedelia from every pore. However, nothing that you wait or withdraws, behold, Aaron Deal of the battery and the guitar of Rob Moore blow up without any permission, joining shortly after Katherine Katz with his demonic voice to us for the next hour rammed in seven acts.
The hardness of the simplicity of the riffs and rhythms are still here scoring presence, following the debut release from 2008, although we note a more refined guitar work, giving another feature to these compositions. Katz's voice continues to be expelled as that under a state of torture and then demonic possession, so are their visceral screams and growls. Impressive and perfect. It remains to show live.
The themes continue to be quite long, ranging between 6 and 17 minutes, although in the latter case we are facing a financial instrument crossed with Noise and Drone - a situation that ultimately enable us to give some rest before the last two moments that make this album . Long but not boring, although there is dynamic structures with a reduced rhythmic variation, but they bring a cohesion between all the songs very wide, allowing the taste will last until the end of this work.
Overcoming clearly his first album, the Salome with this "Terminal" have a good chance of becoming one of the proposed reference segment Sludge / Doom, leaving us to wait for more news from across the ocean. (15/20)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Electric Wizard - Black Masses (2010)

Três anos depois do reencontro com os bons discos, através do lançamento de "Witchcult Today", os britânicos Electric Wizard regressam neste final de ano com "Black Masses".
Este novo registo da banda liderada por Jus Oborn e Liz Buckingham, apresenta-nos mais oito temas que percorrem as tradicionais paragens (ou será melhor viagens?) a que o colectivo nos tem habituado ao longo de quinze anos de carreira, ou seja, Stoner/Doom Metal com uma forte propensão para a introdução de elementos mais psicadélicos, um som bafiento, um cenário enevoado pelo denso fumo que povoam sempre estes registos e histórias onde imperam as drogas, o oculto e o horror.
Missão difícil esta de suceder ao melhor trabalho depois de "Dopethrone", portanto.
A fórmula aqui empregue não foge aos ditames que já conhecemos; o que aqui temos é, na realidade, uma mistura do que Oborn foi criando, aqui numa espécie de "baralha e volta a dar". Os temas acima da média não são coisa rara: o tema que dá título a este registo, a que se segue "The Nightchild" ou a mais experimental "Satyr IX" provam isso mesmo; a capacidade de escrever grandes temas continua incólume; no entanto, essa qualidade não se espalha por todo o trabalho, encontrando-se aqui e ali alguns fillers, "Venus In Furs" e "Turn Off Your Mind", por exemplo, não garantindo o mesmo impacto que "Witchcult Today" teve (embora o contexto também seja bem diferente, ressalve-se esse ponto), para além de uma homogeneidade mais palpável que assegurou um ressurgimento em grande deste colosso.
Muito longe de poder ser visto como um trabalho menor na discografia da banda, "Black Masses" acaba por juntar o que muito bem e menos bem foi fazendo durante estes anos, resultando num álbum que será tolerado facilmente pelos seus seguidores e uma faca de dois gumes para quem prestar o primeiro contacto com este projecto. Mas a música tem destas coisas e resta-nos aproveitar a qualidade que emana ali para os lados de Dorset. (13/20)

English:
Three years after the reunion with good records, by releasing "Witchcult Today", the British Electric Wizard are returning this season with "Black Masses".
This new recording of the band led by Jus Oborn, and Liz Buckingham, presents us eight songs that run through the traditional stops (or should one travel?) that the collective has accustomed us over fifteen years of career, of Stoner/Doom Metal with a strong propensity for the introduction of the most psychedelic, sound stale, a misty landscape by dense smoke that populate these records and stories always prevail where the drugs, the occult and horror.
Difficult this mission to succeed to the best work after "Dopethrone" therefore,
the formula used here does not escape the dictates that we already know, what we have here is actually a mixture of what Oborn was created here a sort of "shuffling and giving back." The topics above the average are not rare thing: a theme that gives title to this record, the following "The Nightchild" or the more experimental "Satyr IX" prove it, the ability to write great themes has survived, however that quality does not spread throughout the work, and there is some fillers here and there, "Venus In Furs" and "Turn Off Your Mind," for example, not guaranteeing the same impact as "Witchcult Today" had (although the context is also very different, it is emphasized that point), in addition to a more tangible, which ensured homogeneity a major resurgence in this colossus.
Very far from being seen as a minor work in the discography of the band, "Black Masses" eventually join that very well and was doing less well during these years, resulting in an album that is easily tolerated by his followers and a knife from two edged sword for those who provide the first contact with this project. But the song has these things and we can only enjoy the quality that emanates from there to the side of Dorset. (13/20)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Entrevista a Howie Bentley (Briton Rites)


Entrevista exclusiva com Howie Bentley, mentor dos Briton Rites, que lançaram um dos álbuns mais marcantes deste ano, intitulado "For Mircalla". O nosso interlocutor foi Tony Hopkins, que esteve à conversa sobre este projecto, literatura e sobre os Cauldron Born.

Vários anos passaram desde a dissolução dos Cauldron Born . O que é que tens feito desde então?

Quando os Cauldron Born terminaram, eu parei de tocar guitarra por alguns anos, para além de dar aulas. Virei as mãos para a escrita de ficção original, mas percebi que não era muito bom nisso nem tinha aptidões para esse tipo de escrita. Estar parado sem estimular a minha criatividade, foi agravando o meu estado de espírito, por isso não demorou muito para eu voltar à música.

Objectivamente falando, a banda Briton Rites é o teu "novo" projecto. Gravaste e lançaste o primeiro álbum da banda intitulado “For Mircalla”, bastante recentemente. O que te fez acordar da tua inactividade em termos musicais?

Embora eu tenha parado de escrever música, nunca parei de ouvir Heavy Metal. Fui acossado pelo Doom há alguns anos atrás. Li algures, que um dos membros dos Candlemass (uma das minhas bandas favoritas), estava a ter um bom desempenho, numa banda chamada Reverend Bizarre. Ouvi o álbum “Crush The Insects” e a influência dos Black Sabbath foi notória e teve um impacto bastante grande em mim. Um dos membros da banda, na parte de trás da capa do álbum tinha vestida uma camisola da banda Witchfinder General. Fiquei saudosista, pois esta foi uma das minhas bandas favoritas no início dos anos 80. Fui buscar os álbuns de Witchfinder General, que tinha guardados e comecei a ouvi-los novamente. Este facto, também me fez recordar que os Black Sabbath são indissociáveis do Ozzy. Comecei então, a ouvir todos os álbuns antigos de Sabbath. Sempre fui um fã das duas bandas e senti que as estava a redescobrir

Dei comigo a ouvir álbuns antigos de Heavy Metal britânico, próximo das comemorações do Halloween. Por esta altura, também estava a ler uma história de terror, escrita por Joseph Sheridan Le Fanu, intitulada “Carmilla”. Acabou por tocar-me bastante e provocar em mim o desejo de escrever algumas músicas na tentativa de conseguir capturar o tipo de atmosfera que Le Fanu tinha criado com essa obra. Com toda esta envolvência, tive um daqueles momentos de inspiração. Foi então que eu tive a ideia de formar os Briton Rites.

Qual foi a reacção/aceitação do álbum?

Até agora as respostas têm sido positivas. Tem havido uma boa aceitação. Muitos fãs de Doom Metal consideraram-no o melhor álbum de 2010. Foi considerado o álbum do mês por uma das maiores revistas de Heavy Metal Alemã, a Heavy.

Consideras que o álbum teria conseguido uma aceitação semelhante, se lançado há uma década atrás, ou na década de 90? Talvez este seja um indicativo de como os fãs de Metal têm mudado ao longo dos anos?

Não. Há um interesse muito maior pelo Metal agora, do que havia há dez anos atrás. Durante os anos 90 o Metal era um tabu. Eu acho que se tornou mais aceitável, porque agora as pessoas estão mais expostas a este estilo musical através da internet. A internet é uma faca de dois gumes, porém, torna o mundo mais acessível, nomeadamente a música, que tende a perder seu impacto, assim como todos os downloads gratuitos.

Descreveste Black Sabbath e Witchfinder General como as principais influências na tua composição para este álbum e mostra definitivamente, que os tempos das faixas são lentos e os riffs são enormes. Dito isto, de alguma forma vês os Briton Rites como uma versão moderna do Doom Metal ou um tributo aos deuses da escuridão? Qual foi a tua intenção ao escrever esta colectânea de canções?

Quando iniciei este projecto, eu não tinha intenções de reinventar a “roda”, no que diz respeito ao Doom Metal. O Doom Metal tradicional é apenas isso para mim. Eu estou basicamente a fazer uma homenagem ao antigo Metal britânico, enquanto coloco a minha própria marca sobre ele.

Acreditas que as qualidades fundamentais do Doom Metal e a própria sonoridade são levados em conta pelas bandas de hoje em dia?

Talvez, para algumas bandas. Acho que a maioria dos músicos que se dedicam ao Doom não são assim tão bons. Presta atenção a bandas como Sabbath, Trouble ou mesmo os Pentagram e vê a musicalidade que integram, a música que fazem, em seguida, ouve outro tipo de bandas e vais perceber o que eu quero dizer. Eu acho que algumas bandas levam demasiado a peito o minimalismo no Doom.

O novo álbum pode parecer um tanto idiossincrático em relação a ti, assim como para alguém que conheça o teu trabalho passado; o trabalho de guitarra mostra muito menos influências de Malmsteen, em que as pessoas poderiam vir a associar neste trabalho com a tua antiga banda. Os riffs mais lentos, presentes neste trabalho, têm a ver só com uma questão de estilo ou este álbum é simplesmente um trabalho que mostra um lado de Howie Bentley que não conhecíamos?

Eu sempre gostei de Doom Metal. Em algumas músicas dos Cauldron Born, estão presentes elementos de Doom, como por exemplo na faixa “Unholy Sanctuary”, mas isto é considerado mais Doom Épico (mais ao estilo de bandas como Candlemass ou Solitude Aeturnus), ao contrário do Doom Tradicional de Briton Rites. Comecei a ouvir Black Sabbath muito cedo em 1981. O Doom Tradicional é uma das vertentes que mais gosto dentro do Heavy Metal.

Alguns riffs de guitarra baixo presentes neste álbum foram tocados por ti. Os preenchimentos são de bom gosto e numerosos, muito parecidos aos de Geezer Butler. Será que ele te inspirou nesta tua abordagem?

Sim, o Geezer Butler é uma grande influência no meu modo de tocar baixo. Lembro-me de passar por uma fase na minha adolescência, em que tive que tomar uma decisão muito séria, definir o rumo que queria para a minha vida em termos musicais, tocar guitarra ou tocar guitarra baixo. Eu tinha Randy Rhoads e Geezer Butler, de um lado e Steve Harris do outro. Geezer, Steve Harris e Timi Hansen. Estes são os meus três baixistas favoritos.

O vocalista Phil Swanson, dos Hour Of 13 e Seamount, foi convidado para fazer a gravação das vozes para este registo. Como é que ele acabou por se envolver neste projecto?

Inicialmente, era eu que iria fazer todas as vozes do álbum, mas um casal de amigos sugeriu que eu ouvisse o Phil Swanson, dos Hour Of 13. Quando eu ouvi o Phil, percebi que ele era a pessoa indicada  para dar vida às minhas letras. Ele tem essa qualidade "de bruxa" na sua voz e encaixa perfeitamente na minha música. Perguntei-lhe se estava interessado em participar no meu projecto ao que ele respondeu prontamente que sim. Funcionou perfeitamente e foi óptimo trabalhar com ele.

Ao ouvir a faixa final do álbum, "Karnstein Castle", fiquei surpreso quando descobri uma voz diferente, que não era a de Phil Swanson ; então fui ler o booklet e descobri que eras tu a fazer essa voz! O que te levou a fazer isso?

Bem, como eu disse, já tinha planeado inicialmente fazer todas as vozes no álbum. Aquela era uma música muito especial para mim por isso queria ser eu a participar nela originalmente. O Phil não levantou qualquer tipo de problema.

E quanto ao grito muito à King Diamond no final da música? Isso foi inesperado!

Isso simplesmente aconteceu. Eu realmente também não o esperava. Acho que são apenas algumas influências enraizadas em mim.

Richard L. Tierney, autor de “Sword And Sorcery”, concedeu-te permissão para usares o seu poema"All-Hallowed Vengeance"  e o adaptares à música. Como se proporcionou esta colaboração? O que achou ele da ideia do Heavy Metal tornar-se a trilha sonora dos seus escritos?

O Richard Tierney é um dos meus autores favoritos. Entrei em contacto com ele há cerca de sete anos atrás. Eu e ele começámos, desde então, a falar regularmente. Enviou-me um poema há já algum tempo e sugeriu que eu deveria defini-lo como música. Era um poema bem-humorado e inteligente, ao que lhe disse que realmente não iria colocar na minha música, todos os elementos humorísticos nele presentes, mas que gostaria de usar muita da sua poesia para a música. Ele disse-me que eu poderia usar qualquer um dos seus poemas e adaptá-los à minha música. Claro, eu fiquei muito satisfeito com isso. Considero-o um grande poeta, junto com Robert E. Howard e Clark Ashton Smith. O Richard costuma ouvir música clássica, por isso é provavelmente um pouco estranho para ele, ouvir as suas letras neste tipo de contexto musical, mas tenho a certeza que não é de todo fora do seu agrado.

Recentemente adquiri a nova colecção de poesia do Richard intitulada “Savage Menace” e vi que os Briton Rites foram citados na bibliografia como tendo gravado "All Hallowed Vengeance", o que me fez “ganhar o dia”.

Citaste há bocado, a obra de 1872, “Carmilla”, de Joseph Sheridan Le Fanu e Hammer Film Productions, com três filmes de vampiros, como a principal fonte de inspiração por trás do presente tema distinto gótico, que paira nas letras do teu album “For Mircalla”. O trabalho H. P. Lovecraft e de Robert E. Howard parecia ser o fornecedor de inspiração dos principais temas líricos dos Cauldron Born. Há alguns conceitos actualmente do teu interesse, de origem literária, cinematográfica ou outros, que gostarias de adaptar para música, num trabalho futuro?

Há tantos, que eu não sei como é que os poderei usar todos. Também tenho uma história que escrevi sobre a mascote dos Cauldron Born (Thorn). Estou a pensar em utilizá-la para fazer futuramente um álbum.

O artista Lionel Baker, que criou obras de arte para projectos como os Saint Vitus, Chastain, Griffin, Vicious Rumors, e para a tua anterior banda Cauldron Born, é responsável pelo desenho e pintura à mão da capa deste álbum. Deste-lhe instruções para a produção da capa do álbum? O que achas do resultado final?

Costumo dizer, que eu visualizo e ele traduz a minha visualização em pintura e pinta da forma como ele a vê. O Lionel, geralmente, faz um trabalho melhor, quando eu não sou muito detalhado na minha descrição. Eu realmente gostei do seu trabalho e acho que a capa do álbum dos Briton Rites ficou bem.

Lançaste o “For Mircalla” por tua conta e risco, pela editora Echoes Of Crom Records. O que esperas desta nova etapa? Gostarias de deixar alguma mensagem aos nossos leitores?

O meu objectivo inicial, era apenas lançar a minha própria música pela Echoes Of Crom Records. Conheci e ouvi uma banda oriunda da Sibéria, de seu nome Blacksword e tomei conhecimento que o seu álbum de estreia seria lançado por esta mesma editora, a 22 de Agosto. Esta banda tem o seu próprio estilo, aquilo a que chamamos USPM (United States Power Metal). O álbum intitula-se “ The Sword Accurst “ e irá agradar com certeza aos fãs do início da era de Dickinson dos  Iron Maiden, os Sanctuary, Cauldron Born e o amplo “Jag Panzer”, álbum dos Destruction.

Que bandas assinaram pela editora até ao momento? É possível fazeres uma referência à sua actividade?

Até agora, as únicas bandas que assinaram pela Echoes Of Crom Records somos nós, Briton Rites e os Blacksword. Há por aí mais algumas bandas que me suscitam interesse a nível profissional. Também penso em lançar um novo álbum dos Cauldron Born no próximo ano.

O que reserva o futuro para os Briton Rites? Existem planos para tocar ao vivo? Tenho também conhecimento que já escreveste e projectaste o segundo álbum!

Um dos objectivos é lançar pelo menos três álbuns com esta banda. Poderão surgir mais, mas por agora eu só tenho dois planeados. Quanto aos concertos ao vivo, eu estou disposto a fazê-lo se o Phil também estiver interessado em participar neles comigo, contudo se tocarmos ao vivo em festivais terão de ser os promotores a suportar as despesas.

Quanto ao segundo álbum já o tenho escrito e projectado. Neste momento estou a tentar conciliar as duas bandas, Briton Rites e Cauldron Born.

Claro que eu não poderia deixar de mencionar os Cauldron Born! Qual é a situação actual da tua antiga banda? Declaraste recentemente que estavas em conversações com David Louden (vocalista da banda …And Rome Shall Fall), com vista a gravar novo material, mais pesado, para os Cauldron Born.

Parece-me que o lançamento de um EP dos Cauldron Born será uma realidade. Esperamos que seja lançado até ao final do ano pela Echoes Of Crom Records.Tenho estado em estúdio a trabalhar em algumas demos de canções em bruto. Na altura devida, irei fazer um anúncio formal sobre este lançamento, no nosso site.


English:
(Interview conducted by Tony Hopkins)
Several years have passed since Cauldron Born disbanded. What have you been up to since then?

When I disbanded Cauldron Born back in 2003, I stopped playing guitar for a few years, aside from teaching lessons. I tried my hand at writing original fiction, but I wasn’t very good at it. Being without a creative outlet was aggravating me, so it wasn’t long before I came back to music.

Relatively speaking, Briton Rites is your “new” brainchild. You recorded and released the band’s first album For Mircalla fairly recently. What awoke you from your musical slumber?

Although I had stopped writing music, I never stopped listening to heavy metal.  I got on a big doom kick a few years back. I read somewhere that one of the guys in Candlemass (one of my favorite bands) was really high on a band called Reverend Bizarre. I picked up Reverend Bizarre’s Crush the Insects album, and the Black Sabbath influence hooked me. One of the band members on the back of the Reverend Bizarre album was wearing a Witchfinder General shirt and that got me missing Witchfinder General, an old favorite of mine from way back in the early ‘80s. I dug out my Witchfinder General albums and started listening to them again, and in turn, this reminded me of early Ozzy-era Sabbath. So, I started listening to all of the old Sabbath albums again. I was always a fan of those two bands, but I was rediscovering them.

I was listening to those old British heavy metal albums, and it was just a few weeks before Halloween. I was reading Joseph Sheridan Le Fanu’s Gothic Horror novella Carmilla and it made such an impression on me that I had to write some music in an effort to try to capture the sort of atmosphere that Le Fanu created with Carmilla. I was carving a jack-o-lantern for Halloween, and all of a sudden I had one of those moments of inspiration. It was then that I got the idea to form Briton Rites.

What has the initial response been to the album?

So far, so good.  A lot of doom fans have been saying it is the best album of 2010.  It was the album of the month in one of Germany’s biggest heavy metal magazines, Heavy.

Do you think you would have gotten a similar reaction had you released the album a decade ago, or in the 90s? Perhaps this is indicative of how metal fans have changed over the years?

No. There is a lot more interest in heavy metal now than there was even ten years ago. Back in the '90s "metal" was taboo. I think it has become acceptable now because more people are exposed to it through the internet. The internet is a double-edged sword though, because even though it has exposed more people to metal, it has also made everything so accessible that it tends to lose its impact, as well as all of the free downloading.

You've described Black Sabbath and Witchfinder General as primary influences on your songwriting for this record and it definitely shows; the tempos are slow and the riffs are massive. That said, do you see Briton Rites as a modern take on doom metal or a tribute to the gods of gloom? What was your intention with writing this collection of songs?

When I started Briton Rites, I had no intentions of reinventing the wheel, as far as doom metal. Traditional doom metal is just that, to me. I am basically just paying homage to early British heavy metal, while hopefully putting my own stamp on it.

Do you believe that the qualities so fundamental to good and proper doom metal are still retained and observed among bands today?

Maybe with a few bands. I think most of the musicians who play doom aren't that good. Listen to how musical a band like Sabbath or Trouble is, or even Pentagram, then listen to some of these bands now and you will see what I mean. I think that some bands take the minimalism too far now in doom.

The new album may seem a bit idiosyncratic of you to someone familiar with your past work; your guitar playing shows much less of the Malmsteen-esque pyrotechnics that people may have come to associate with your past band. Was the shift to slow doom riffing a big stylistic leap for you, or is For Mircalla simply a side of Howie Bentley that we haven't heard?

I have always liked doom metal. You hear some doom elements even on Cauldron Born songs like Unholy Sanctuary, but this is epic doom (more like Candlemass or Solitude Aeturnus), as opposed to the traditional doom of Briton Rites. I started off listening to early Black Sabbath back in 1981 or so. Traditional doom is one aspect of the many things I love about heavy metal.

You also played the bass parts on this album. The fills are tasteful and numerous, very reminiscent of Geezer Butler. Did he inspire your approach?

Yeah, Geezer Butler is a huge influence on my bass playing. I remember going through a phase as a teenager when it was a serious decision that I felt like I had to make in my life, to dedicate myself to being either a guitar player or a bass player. I had Randy Rhoads on one side and Geezer Butler and Steve Harris on the other. Geezer, Steve Harris and Timi Hansen, those are my three favorite bass players.

Vocalist Phil Swanson of Hour of 13 and Seamount was enlisted to lay down the vocals for the recording. How did he become involved in this project?

I was originally going to do all of the vocals on the album, but a couple of friends suggested that I hear Phil on the Hour of 13 debut. When I heard Phil, I knew he was the guy to bring my lyrics to life. He has this “witchy” quality to his voice and it just goes perfectly with my music. I asked him if he would do it and he said right away that he would. Worked out perfectly and he was great to work with.

Listening to the album‘s final track "Karnstein Castle", I was surprised when a voice other than Swanson's came from my speakers, so I scrambled to the CD booklet and found that you were the one singing! What made you decide to do this?

Well, like I said, I had originally planned to do all of the vocals on the album. That was a really special song to me and I wanted to sing one myself. Phil was really cool about it, too.

How about the King Diamond-like scream near the end of the song? That was unexpected!

That just kind of happened. I didn’t really expect it either. Certain influences are just ingrained in me, I guess.

Sword and sorcery author Richard L. Tierney granted you permission to set his poem "All-Hallowed Vengeance" to music. How did that collaboration come about? What did he think of the idea of metal music becoming the soundtrack to his writing?

Richard Tierney is one of my favorite authors. I contacted him about seven years ago, and he and I have corresponded regularly since then. He sent me a poem years ago and told me that I should set it to music.  It was a cleverly humorous poem and I told him that I don’t really put any humorous elements in my music, but that I would love to set a bunch of his serious poetry to music. He told me that I could set any of his poems that I wanted to music. Of course, I was pretty excited about that, as I consider him to be a master poet of the weird, along with Robert E. Howard and Clark Ashton Smith. Dick mainly listens to classical music, so it is probably a bit strange for him to hear his song in that sort of musical context, but I am sure he gets a kick out of it, too.

I recently got Dick’s new collection of poetry titled Savage Menace and saw that Briton Rites was mentioned in the bibliography as having recorded “All-Hallowed Vengeance.” That made my day.

You've cited Joseph Sheridan le Fanu's 1872 novella Carmilla and Hammer Film Productions' three vampire films as the main inspiration behind the distinct gothic theme present in your lyrics on For Mircalla. Robert E. Howard’s and H.P. Lovecraft’s works seemed to provide the main lyrical motifs for Cauldron Born. Are there any concepts currently occupying your interest, of literary, cinematic, or other origins, that you would most like to turn into lyrics for a future album?

There are so many, that I don’t know how that I am going to get to them all. I have a story that I have written about the Cauldron Born mascot (Thorn) that I am thinking of making a concept album about next.

Artist Lionel Baker, who has created artwork for projects like Saint Vitus, Chastain, Griffin, Vicious Rumors, and your own Cauldron Born, is responsible for the haunting hand-painted cover for this album. Did you give him any initial instructions before he began work? What do you think of his final product?

I usually tell him what I visualize and he takes it and paints it the way he sees it. He usually does a better job when I am not too detailed in my description. I really like his artwork, and I think the Briton Rites album cover turned out good.

You released the For Mircalla CD on your own label Echoes of Crom Records. What do you hope to do with this new label? Would you like to issue a mission statement for our readers?

Initially, I had planned to only release my own music on Echoes of Crom, but then I heard this band from Siberia called Blacksword.  Blacksword’s debut album is due out on Echoes of Crom Records on August 22. Blacksword play their own style of USPM (United States Power Metal). The album is called The Sword Accurst and will appeal to fans of early Dickinson-era Iron Maiden, Sanctuary, Cauldron Born and Jag Panzer’s Ample Destruction album.

What bands are signed to the label at the moment? Give us an update on the label's current activities.

So far, the only bands on Echoes of Crom are Briton Rites and Blacksword. There are a couple of other bands that I am looking into working with at this point, and I plan on releasing a new Cauldron Born album sometime next year on Echoes of Crom.

So what does the future hold for Briton Rites? Are there any plans to play live shows? I also read that you've already written the second album!

I planned on releasing three Briton Rites albums. There may be more, but right now I only have two more planned. As far as live shows, I am willing to do them if Phil is, but if we play any festivals the promoters are going to have to cover the expenses.

I do have the second album written. Right now I am trying to juggle Briton Rites and Cauldron Born.

Of course I couldn't forget to mention Cauldron Born! What is the current status of your old band? You stated recently that you were in talks with David Louden (vocalist on ...And Rome Shall Fall) and looking to record new material, along with a Heavy Load cover, under the Cauldron Born moniker.

It does look like a Cauldron Born EP is going to happen. Hopefully, it will be released by the end of the year. And next year I plan to have the full length out on Echoes of Crom. I have been in the studio working on some rough demos of songs. I will make a formal announcement soon on our website.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Insaniae - Imperfeições Da Mão Humana (2010)

Quatro anos após "Outros Temem Os Que Esperam Pelo Medo Da Eternidade", os portugueses Insaniae lançam o seu segundo opus, este "Imperfeições da Mão Humana", título deveras sugestivo para um trabalho deste género.
Ao longo destes seis temas, que continuam a ser vocalizados em português, temos uma continuidade do trabalho já feito, um prolongamento do Doom/Death Metal já conhecido, mas que aqui avança, mesmo que com alguma timidez, para terrenos um pouco mais atmosféricos, muito por culpa de uma melhor colocação da voz de Isabel Cristina e de uma maior exploração de diferentes cenários dentro desta sonoridade,  principalmente através do trabalho das guitarras, situação que não se verificava no passado. Mais e maiores momentos de melancolia que depois contrastam com passagens mais pesadas e compassadas - embora, a quase totalidade deste registo ande por andamentos bem arrastados -, onde o jogo de vozes se vai encaixando e imbuindo mais alguma emoção a estes pesarosos, cinzentos e longos temas.
Os dois temas, "O Covil" e "Tradição Ancestral", apareceram já no split lançado com os Mourning Lenore, no ano passado e demonstram essa linha de continuidade já referida, mas é na faixa "O Covil", que somos agarrados pelas guitarras de Diogo Messias e Luís Possante e arrastados por terrenos ásperos e espinhosos, lentamente e, depois, largados sem réstia de piedade. Situação idêntica repete-se, novamente, em "Trono Abdicado", que encerra esta proposta. São dois belos temas, onde os condimentos do Doom/Death se conjugam nas doses recomendadas, proporcionando dois excelentes momentos, provavelmente os melhores desta hora de música.
No entanto, há que realçar que muito do valor deste álbum vem da homogeneidade conseguida das composições e da procura de estender a sua sonoridade a novos territórios, ainda que de forma ténue.
Não estamos perante algo original ou que vá tornar-se um marco na história do Doom/Death - do português, talvez! -, mas a qualidade dos temas, a evolução patente relativa a "Outros Temem..." e a qualidade da produção são suficientes para estarmos perante mais um bom trabalho, que em nada deve ao muito "ruído" que nos chega de além fronteiras. (14/20)

English:
Four years after "Outros Temem Os Que Esperam Pelo Medo Da Eternidade" the Portuguese’s Insaniae released their second opus, this “Imperfeições da Mão Humana", a very suggestive title for a work of this kind.
Throughout these six themes, which continue to be voiced in Portuguese, we have a continuation of the work already done, an extension of the Doom/Death Metal known already, but here goes, even though with some shyness, to land a little more atmospheric, much the fault of a better placement of the voice of Isabel Cristina and greater exploration of different scenarios within this sound, especially through the work of guitars, a situation that was not the case in the past.
More and more melancholy moments after that contrasts with the heavier passages and unhurried - though almost all of the register and walk by dragging tempos - where the game goes into place and voices imbuing some more excitement to those grieving, gray and long themes.
The two themes, "O Covil" and "Tradição Ancestral", appeared in the split with Mourning Lenore released last year and show that line of continuity cited, but it’s in the track, "O Covil", that we are grabbed by Diogo Messias and Luis Possante’s guitars and dragged by rough terrain and thorny, slowly and then dropped with no shred of mercy. A similar situation is repeated again in "Trono Abdicado" which concludes this proposal. They are two beautiful themes, where the condiments of Doom/Death conjugate in recommended doses, giving two excellent moments probably the best ones in this hour of music.
However, it should be noted that much of the value of this album has achieved the homogeneity of the compositions and seeking to extend their sound into new territory, albeit tenuous.
We are not dealing with something original or go become a landmark in the history of the Doom/Death - the Portuguese, maybe! - but the quality of the themes, developments in patent relating to "Outros Temem ..." and quality of production is sufficient to be before more good work, which owes nothing to a lot of “noise” that comes in from overseas. (14/20)

Link: http://www.myspace.com/insaniae

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ufomammut - Eve (2010)

"Eve" é o sexto longa-duração destes italianos que nos têm vindo a brindar com uma notável evolução/mutação (riscar o que não interessar), desde 1999, altura em que lançaram a demo "Satan" e, no ano seguinte o primeiro álbum, "Godlike Snake". Esta maturação tem sido segura e paulatina, sempre alicerçada no espectro Stoner/Doom ao qual têm vindo a adicionar novas texturas e abordagens musicais que muito enriqueceram o trabalho deste trio.
Em 2008, aquando do lançamento de "Idolum", parecia que toda esta metamorfose tinha atingido o seu momento áureo e que seria difícil poder ultrapassar a altíssima barreira auto-imposta. "Stigma", "Hellectric" ou mesmo "Ammonia" pareciam cristalizar a fórmula aperfeiçoada pela banda ao longo dos registos anteriores.
No entanto, quase dois anos volvidos sobre essa obra incontornável, somos novamente confrontados com mais um álbum que nos põe em sentido. Em "Eve", tudo é puxado um pouco mais além, onde a vertente psicadélica está ainda mais palpável. Estamos perante mais uma transformação (termo forte, possivelmente!) na sonoridade da banda de Piedmont, condensada em cinco partes que se interligam na perfeição, perfazendo cerca de três quartos de hora de pura viagem caleidoscópica.
Os ritmos mais arrastados imiscuem-se com outros de cariz mais tribal, um baixo pulsante, guitarras hipnóticas, doces e agrestes qb e as teclas que conferem uma aura mais densa às composições, aqui fundem-se quase de forma harmoniosa, pairando a espaços a voz de Urlo sobre toda esta parafernália em busca de Eva.
E, na falta de melhor definição para o que aqui podemos ouvir, recorremos às palavras de D. M. Mcewan: "[they] have created their own interstellar overdrive" (Terrorizer, #199, 60). (18/20)

English:
"Eve" is the sixth full-length of the Italians who have been toast with a remarkable evolution/mutation (delete as applicable), since 1999 when they released the demo "Satan" and the following year the first album, "Godlike Snake." This maturation has been safely and gradually, always based on the spectrum Stoner/Doom which have been adding new textures and musical approaches that greatly enriched the work of this trio.
In 2008, at the launch of "Idolum", it seemed that all this metamorphosis had reached its golden age and it would be difficult to overcome the high power self-imposed barrier. "Stigma", "Hellectric" or even "Ammonia" seemed to crystallize the formula perfected by the band over the previous records.
However, almost two years on this work compelling, we are again confronted with another album that puts us in line. In "Eve," everything is pulled a little further, where the psychedelic aspect is even more palpable. We are facing a further transformation (strong word, perhaps!) In the band's sound from Piedmont, condensed into five parts that interlock perfectly, making up about three quarters of an hour of sheer kaleidoscopic journey.
The rhythms dragged meddle with others of a more tribal, burbling bass, hypnotic guitars, sweet and harsh taste and the keys that give an aura denser compositions, here almost merge smoothly, hovering in space Urlo voice on all this paraphernalia in search of Eve
And the lack of a better definition for what we hear here, we use the words of D. M. Mcewan: "[they] have their own created Interstellar Overdrive" (Terrorizer, # 199, 60). (18/20)

            http://www.ufomammut.com/